Presente / part. 2

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Sn

Encarei a tv no momento em que estavam sendo entregues as medalhas para as meninas e sorri assim que foi entregue para a Roberta, ela tinha conseguido realizar seu sonho. Estava realmente muito feliz por ela ter conseguido se tornar campeã olímpica, após ter batido na trave com a medalha de prata alguns anos antes. Me levantei e desliguei a tv o jogo já tinha acabado e a premiação também, me sentei ali no sofá e tirei a blusa que eu tinha de vôlei dela e joguei ali no canto para guardar mais tarde. Não costumava usar muito, então estava sempre guardada, me levantei pegando ela e fui largar em meu quarto. Na estava morando com meus pais e eles ainda reclamam disso, no momento em que eu contei que ia me mudar eles não gostaram da ideia, mas eu precisava ter o meu lugar já tinha minha idade e precisava ter minha privacidade. Não era que eu queria estar longe deles, apenas queria ter o meu espaço. Com o tempo eles aceitaram e até disseram que isso realmente tinha sido muito bom para mim. Assim como eles sempre quiseram eu estava controlando as empresas da família, no início foi bem difícil e até chato, mas meu pai passou longos meses ali comigo me ajudando em tudo até eu estar preparada para assumir tudo. Logo após terminar a faculdade meu pai rapidamente começou a me ensinar como tudo funcionava ali, e aos poucos eu fui pegando o jeito e hoje sou uma das melhores da minha área, e já consegui aumentar nossos negócios e ampliar para outras áreas. E assim como eu sempre quis quando criança eu tinha minha pizzaria, quando eu contei isso para os meus pais eles acharam graça, mas como sempre me apoiaram e alguns meses eu estava com ela já trabalhando e iniciando suas atividades aqui na cidade. Tirei meu colar que na verdade era o da Roberta e larguei ali em cima da cama, tinha chegado o dia de devolver ele, sabia que eu algum momento esse dia ia chegar. Tinha passado esses anos acompanhando ela como sempre prometi, não era porque ela terminou comigo daquele jeito no passado que eu ia jogar todas as promessas que fiz para ela no lixo. Assim como ela sempre falou eu não conseguia fazer isso em momento nenhum e com ninguém, se eu prometi alguma coisa eu vou cumprir. Saí de casa indo em direção a alguns lugares para tentar resolver como ia entregar isso para ela, não tinha certeza se ela estaria querendo me ver e eu não ia forçar isso. Minha primeira ideia era pedir para minha mãe entregar isso para ela, mas não sabia se minha mãe ia querer fazer isso para mim. Assim que consegui arrumar as coisas ali com a ideia de uma conhecida minha, achei a ideia ótima e fiz daquele jeito mesmo, mas decidi deixar alguns chocolates dos que ela sempre gostou, não sabia se ela ainda gostava, mas ia tentar a sorte. Estacionei em frente a casa dos meus pais e desci do carro indo em direção a casa deles, entrei no portão e caminhei até a porta abrindo ela com minha chave e entrei no lugar já vendo que meus pais estavam ali na sala.
- Oi filha não sabia que ia aparecer aqui hoje. - Disse minha mãe, me olhando no momento em que percebeu minha presença ali, sorri vendo os dois juntinhos assistindo algum filme que passava na tv.
- Oi pai. - Falei antes de abraçar minha mãe que estava sorrindo ali ao lado dele. - Oi mãe, esqueci de avisar que vinha, mas prometo que não vou demorar. - Falei brincando e ela negou me apertando mais em seus braços.
- Para de bobeira a gente adora quando você vem visitar a gente. - Comentou e beijou meu rosto, me sentei ali ao lado deles e os dois ficaram me olhando.
- Que foi? - Perguntei e eles se olharam antes de negar.
- Você parece estar feliz hoje, algum momento em especial? - Perguntou e eu sorri, sabia que eles estavam se reunindo para assistir a final das olimpíadas, eu também fui convidada mas achei melhor não assistir ali.
- A rô conseguiu realizar o sonho dela. - Encarei minhas mãos sorrindo e sabia que eles estavam me olhando eu conseguia sentir. - Eu assisti ao jogo, é por esse motivo que eu estou aqui. Preciso que entreguem isso para ela, quando ela vier visitar os pais dela. - Pedi sem explicar muito e meus pais trocaram um olhar rápido antes de me olhar de novo.
- Você não acha melhor você mesmo entregar para ela? - Perguntou minha mãe me olhando e eu desviei meu olhar, não sabia se ela queria me ver então era melhor deixar com alguém ao invés de criar um clima chato.
- Acho melhor não mãe, ninguém sabe se ela quer me ver e eu acho que também não estou pronta para encontrar ela assim depois de anos. Se não quiser entregar para ela eu entendo, posso pedir para a tia Ella. - Falei e ela concordou, minha mãe nunca se meteu nesse assunto porque sabia que era algo que me deixou mal por um tempo, mas depois passou. - A gente fez uma promessa antes de começar a namorar e trocamos os colares que vocês deram para a gente e era para trocar só depois que ela ganhasse a medalha de ouro nas olimpíadas. Eu sei que ela pode não ter mais aquele colar ou talvez nem lembre mais disso, mas eu não gosto de não cumprir minhas promessas. Pode ser que ela vai pegar isso e jogar fora, talvez ela nem queira ver o que é, mas vocês sabem eu não consigo descumprir algo que eu prometi. E independente do que aconteceu eu ainda tenho um carinho por ela, e tudo o que eu falei que ia fazer durante os anos de amizade eu fiz. Passei esse tempo todo acompanhando os jogos dela e torci para ela em todos esses anos, então eu não me importo se ela me odeia, se ela não se lembra de mim. Eu posso até ter mudado bastante como vocês sempre falam, mais ainda lembro dela e do quanto eu gostava da amizade dela, e todo mundo sabe que isso nunca vai voltar, acho que isso é o que me deixou tão mal lá no início. - Nunca tinha falado sobre esse assunto nesses anos e revelado tanta coisa que eu pensava e sentia, não era fácil falar sobre isso. No início foi difícil pra caralho, mas depois eu comecei aceitar que a vida é assim ninguém fica pra sempre na sua vida, mesmo sendo triste é a realidade.
- Você sabe que ela não te odeia, se você fosse falar com ela tenho certeza que ela ia te receber, ela também tem vontade de falar com você filha não precisa ficar pensando essas coisas que é tudo apenas coisa da sua cabeça. - Disse meu pai me olhando sério eu queria consegui acreditar, mas na minha cabeça isso não entrava não tinha o que eu fazer.
- Não tenho certeza disso. - Falei e me levantei. - Vou lá falar com a tia Ella. - Meus pais concordaram e eu me afastei para ir até a casa deles, estava quase chegando na porta da nossa casa quando minha mãe fez a pergunta que mais me preocupava no momento.
- O que você vai fazer se ela não quiser entregar para você? - Perguntou e eu virei meu rosto e encarei ela que não me olhava, não sabia o que ia fazer se isso acontecesse. O mais provável era que eu ia desistir de querer entregar o colar, mas ainda torcia para que ela fizesse isso para mim.
- Aí eu não vou entregar. - Falei e abri a porta saindo da casa dos meus pais e caminhei até a casa dos pais da Roberta, bati ali na porta e logo o pai dela me atendeu.
- Oi criança já te falei que não precisa ficar batendo pode entrar direto, você é da família. - Comentou e eu sorri concordando.
- Oi tio, como o senhor está? - Perguntei e ele começou a contar dos últimos acontecimentos e o primeiro assunto que ele puxou foi sobre o jogo da Roberta.
- Você viu que ela ganhou, eu sabia que um dia ela ia conseguir. - Falou e eu concordei, também sempre tive total certeza que esse momento chegaria.
- Eu também sabia que ela ia conseguir. - Comentei e ele sorriu me olhando.
- Agora estamos esperando ela voltar de lá, ela falou com a gente antes e disse que vai vim para casa descansar um pouco e então vamos ter a chance de comemorar a medalha com ela. - Dava para ver o orgulho que ele sentia da filha estampado em seus olhos, era a coisa mais linda do mundo.
- Que bom, vai ser bom para vocês. Mas tio eu queria conversar com o senhor e com a tia, ela está em casa? - Perguntei e ele concordou já seguindo até a cozinha onde tia Ella estava.
-Ei Sn, nem vi você chegando. - Falou já largando o que estava fazendo e vindo em minha direção e eu caminhei até ela.
- Oi tia. - Abracei ela assim como sempre fazia e deixei um beijo em seu rosto. - Eu preciso falar com vocês dois. - Disse e eles me olharam atentos. - Não sei se vocês vão querer fazer esse favor para mim e de verdade mesmo eu super entendo se vocês não quiserem. Eu preciso que vocês entreguem isso para a Roberta quando ela vier aqui, não é nada demais coisa nossa de criança. - Expliquei a situação meio por cima apenas para evitar perguntas.
- Sim, criança pode deixar que a gente se entrega para ela. - Disse o pai dela e eu sorri finalmente soltando a respiração que estava presa.
- Você e sua mania de ficar chamando ela de criança, onde já se viu olha o tamanho da mulher e você chamando ela de criança. - Repreendeu o marido e eu sorri não me importava com isso, ele sempre me chamou assim não via problema nenhum. - Pode deixar Sn, vamos entregar para ela. - Me aproximei e abracei eles de novo.
- O que acham da gente ir jantar lá na casa dos meus pais, eu posso pedir pizza. - Falei e os dois começaram a rir.
- Você sempre arruma alguma desculpa para estar comendo pizza, mas a gente aceita sim. - Disse o tio e eu concordei e esperei eles trancar a casa e então seguimos até a casa dos meus pais. Fiquei ali até tarde, jantei com eles e depois conversamos por longas horas, era bom aproveitar esses momentos com eles. Como estava realmente tarde quando a gente terminou nossa conversa eu até tentei ir para casa mas meus pais não deixaram e eu resolvi dormir ali mesmo, eles gostavam quando eu fazia isso e eu gostava de ver eles felizes. Me deitei ali no sofá e fiquei assistindo tv depois deles já terem ido dormir, fiquei um bom tempo ali acordada pensando em muitas coisas vividas nesse dia. Fazia um bom tempo que eu não tinha tirado um tempo para estar ali com eles, e eu sentia que eles apenas não falavam para não me incomodar, mas no fundo eles sentiam minha falta ali. Fiz uma nota mental de começar a prestar mais atenção nisso, eu sabia que depois de tudo que aconteceu eu comecei a focar todas minhas energias no trabalho e deixei um pouco eles de lado. Já tinha mudado isso bastante, mas tinha que prestar mais atenção nisso, não tinha ninguém mais importante no mundo para mim do que eles, ia começar a estar mais presente queria ver mais eles com esses sorrisos no rosto como eu consegui ver hoje. Acordei no outro dia com minha mãe fazendo um carinho em meu cabelo, abri meus olhos e encarei ela que estava sorrindo me olhando com sua xícara de café em mãos.
- Bom dia meu amor, dormiu bem? - Perguntou e eu sorri e só levantei minha cabeça para dar espaço para ela se aproximar e deitei ali em seu colo. - O café está pronto se você quiser. - Falou e eu concordei queria sim, mas primeiro ia aproveitar o colinho dela um pouco.
- Quero ficar um pouco aqui no seu colinho mãe. - Minha mãe sorriu e levou sua mão ao meu rosto fazendo um carinho ali.
- Você sabe que precisa trabalhar hoje né? - Perguntou e eu concordei, fiquei ali mais um pouquinho e então levantei.
- Eu sei mãe, mas tenho certeza que você me acordou mais cedo então vai dar tempo de tomar meu café da manhã. - Comentei caminhando até a cozinha ao lado dela que riu concordando.
- E claro que eu faria isso meu bebê. - Falou e apertou minha bochecha.
- Vocês marcaram alguma coisa hoje meio dia com os tios? - Perguntei e ela concordou.
- A gente vai esperar ela lá na casa deles, ela vai chegar após o almoço. - Falou e eu concordei. - Mas a gente vai almoçar em casa se é isso que você quer saber. - Disse e ela e eu sorri.
- Tudo bem mãe deixe um prato de comida no microondas para mim, não quero atrapalhar os compromissos de vocês. - Tomei meu café da manhã e fui para o trabalho, passei a manhã toda ali concentrada em meu trabalho quando deu o horário do almoço e eu saí voltando para a casa dos meus pais, cheguei em casa e eles já não estavam mais ali às vezes eu preferia ficar no meu apartamento do que ficar aqui sozinha era solitário às vezes. Mas já estava acostumada todos os anos que ela vinha para a cidade eu quase não via meus pais durante o período que ela estava aqui, eles passavam esses dias com ela e matando a saudade dela, só que isso era chato eles eram meus pais deviam estar ao meu lado, mas isso nunca aconteceu e eu entendia eles não culpava. Terminei de almoçar e estava indo até a porta para ir embora quando vi o carro da irmã dela estacionar em frente a casa deles, fiquei ali e vi o momento em que ela desceu e encarou a casa dos meus pais antes de entrar na casa deles. Esperei ela entrar e então sai de casa trancando a porta e entrei em meu carro e a irmã dela me olhou dando um sorriso meio sem jeito, e eu apenas acenei para ela antes de sair. Ainda era horário de almoço, mas eu ia voltar para o serviço agora mesmo estava perdendo tempo e deveria ter ficado lá na empresa mesmo, cheguei na empresa e subi para minha sala e ali fiquei o resto do dia.













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