Presente / part. 7

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Roberta

Encarei o lago em frente s casa dos pais da Sn e neguei, estava apenas tentando conversar com a mulher e isso aparentemente não deu muito certo, ela realmente guarda algumas mágoas do passado. Nossos pais também não foram os melhores em relação a ela, já ao meu lado eles sempre me contavam o que eu queria saber dela, mas para ela eles não falavam nada. Ela parecia realmente machucada com isso, elas não tinham lidado com a situação do melhor jeito isso eu tenho que concordar, mas a gente não podia largar toda a culpa em cima deles. Consigo me colocar no lugar deles e realmente deve ser difícil ter todos reunidos e do nada em um momento aquilo muda tudo e eles precisam se dividir e se preocupar em não deixar nenhuma das duas de lado. A única coisa que eles precisavam ter feito era não ter deixado a gente se afastar, mas eles fizeram o contrário e a culpa não foi toda dela, uma parte dela foi culpa minha também. Talvez eu devesse ter prestado mais atenção nesses detalhes quando vinha visitar eles, agora parando para pensar, eles sempre passavam as férias todas comigo e saindo para jantar juntos e almoçando juntos e ela nunca estava com a gente. Meio que em todos os dias que eu passava por aqui nas férias a mulher ficava isolada e segundo ela o pai dela deixava claro que era melhor ela não estar com a gente, como se eu tivesse passado a odiar ela após termos terminado. Encarei o nosso lugar mais uma vez e neguei antes de me virar e voltar para dentro de casa, passei por toda a sala e segui para a área de lazer onde eles conversavam sobre algum assunto que teve fim no momento em que eu entrei no lugar chamando atenção deles toda para minha pessoa.
- Que foi filha sua carinha não parece nada boa, o que aconteceu? - Perguntou minha mãe e eu neguei passando e caminhei até onde eu estava sentada anteriormente antes de ir conversar com a mulher.
- Sn que deve ter falado alguma coisa para ela, vocês sabem Sn anda impossível esses últimos anos. - Falou o pai da Sn e eu que já estava um pouco irritada e querendo falar com eles sobre todo esse assunto, fiquei ainda mais puta por ele estar falando dela sendo que um dos culpados foi ele.
- Para de falar isso da nossa filha, você sabe que ela ainda não superou algumas coisas, e esse foi o jeito que ela achou para seguir a vida você não tem o direito de ficar julgando ela. - Disse minha ex sogra e eu sorri olhando para ela tinha que por tio Vitor no lugar dele mesmo.
- Com todo respeito tio Vitor eu apenas queria saber o porquê de você ter falado todos esses anos para a Sn que era melhor ela se manter afastada, e não participar e nem estar nos jantares e saídas que a gente fazia quando eu vinha visitar vocês para passar as férias. Eu quero saber o porquê de ter feito isso, foi por eu ter terminado daquele jeito e o senhor não gostou. Eu sei que ela ficou mal os meus pais me falaram isso e eu queria ter me desculpado bem antes, mas eu não tive oportunidade já que sempre que eu estava aqui ela não estava junto com a gente. E se o senhor acha que isso foi uma coisa boa que você fez está muito enganada, é isso que afastou ela de você. - Fiz uma pausa observando eles que me olhavam atentos. - A gente teve uma longa conversa hoje e ela me contou algumas coisas que por um momento eu tentei não acreditar, vocês estavam me tratando tão bem, fazendo de tudo para eu não me abalar e superar bem o termino do nosso namoro, mas também da nossa amizade. Só que isso só ficou do meu lado, vocês deixaram ela de lado em alguns momentos e isso não é apenas culpa de vocês eu também tenho uma parcela de culpa, eu devia ter perguntado mais sobre ela ou tentando falar com ela em algum momento. Mas eu achei que ela tinha se afastado porque não queria me ver, e não porque alguém falou que era melhor ela não se aproximar. - Encarei tio Vitor que me olhava sério não parecia estar gostando nada daquela conversa, mas era verdade e a gente tinha que começar a aceitar que tinha sido errados.
- Mas filha a gente fez o que achou melhor, também deixamos sempre muito claro que ela podia estar com a gente. - Segundo a Sn os meus pais sempre trataram ela muito bem, o problema era seu pai mesmo.
- Eu sei mãe, ela me contou que vocês sempre receberam ela muito bem lá em casa, e que bom, era assim que eu queria que ela fosse tratada. A gente pode não estar mais juntas, mas mesmo assim eu sempre vou ter muito carinho por ela e se em algum momento eu conseguir recuperar nossa amizade e quero fazer isso acontecer. - Falei e meus pais sorriram me olhando sendo acompanhados pela tia Marcela mãe da Sn.
- A minha filha que bom que vocês conversaram e se entenderam. - Não era bem isso que tinha acontecido, a mulher tinha saído do sítio de um jeito não tão bom assim.
- Bom, também não foi bem assim que aconteceu. A gente conversou bastante e tentou se entender, mas ela não quer falar muito sobre algumas coisas do passado. - Expliquei e eles me olharam atentos.
- A gente já sabia disso, você passou muito tempo sem falar com ela, a Sn não é a mesma daquela época, mas vocês não percebem isso já tentei deixar claro a muito tempo. Eu era você desistia de tentar se acertar com ela, Sn e assim agora ninguém nunca vai conseguir mudar isso. - Comentou o pai dela e eu encarei ele negando.
- Bom, parece que não é só ela que não é mais a mesma, não achei que o senhor impediria sua filha de me ver até porque nem tinha motivos para isso. - Falei e ele me encarou sério e eu fiquei ali encarando ele de volta, tinha muito respeito por ele, mas ele estava errado na situação não precisava ter feito isso.
- A gente teve que ver ela dias sem falar com ninguém enquanto você estava bem tranquila seguindo seu sonho, eu acho que você não pode estar cobrando nada da gente. - Disse ele me olhando parecendo realmente bravo, então era por isso que ele tinha afastado ela de mim.
- Pergunta para a sua filha se ela está mais irritada com quem, eu dei motivo para ela estar chateada comigo, mas ela não está porque ela sabia que isso ia acontecer em algum momento e ela sempre torceu por mim e pela minha carreira. Eu não vou ficar aqui discutindo com o senhor sabendo que está errado, não vou perder meu tempo fazendo isso. - Me levantei e caminhei até minha irmã que estava mais afastada brincando com minhas sobrinhas. - Ei mana consegue me levar para casa? - Perguntei e ela me olhou confusa.
- Posso sim, aconteceu alguma coisa? - Perguntou me olhando e se levantou já parando ao meu lado.
- Não vou ficar me estressando com o tio Vitor, prometo que no caminho eu te conto tudo. - Falei e ela concordou falando com as pequenas e eu dei tchau para elas e me virei já saindo com ela para ir embora. - Bom final de semana para vocês gente, mas eu preciso resolver umas coisas e não vou poder ficar aqui com vocês. - Conversei com meus pais e com a mãe da Sn antes de sairmos para ir para casa, entrei no carro com minha irmã e o marido dela e ela já me olhou.
- Que foi em? - Perguntou e eu respirei fundo antes de começar a falar.
- Eu tava conversando com sn e acabei percebendo que em alguns momentos ela foi deixada de lado por eles, sem contar que o pai dela chegou a dizer para ela que era melhor ela não estar com a gente em nossas saídas quando eu vinha passar as férias aqui. Eu sempre quis falar com ela, mas nunca encontrei ela em casa, por que com certeza eles sabiam quando eu chegaria e ela não ficava por perto. Não sei como foi os momentos depois que eu fui embora, mas ela mesmo me falou que não ficou com raiva de mim, então se não fosse ele falando isso a gente já estaria tendo uma boa convivência a um bom tempo. Talvez naquele mesmo ano a gente teria se entendido e não teria ficado esse clima chato por anos, segundo o pai dela ele fez isso porque não queria a filha sofrendo e como eu terminei com ela daquele jeito ele resolveu não deixar ela se aproxima de mim. - Fiz uma pequena pausa para conseguir respirar e logo voltei a falar. - Ela passou esse tempo todo achando que eu não queria mais ver ela, sendo que eu já queria ter procurado a muito tempo. Eu errei em não ter feito isso, tudo teria sido diferente se a gente tivesse se encontrado antes. - Assim como ela mesmo falou a gente não podia ficar remoendo o passado, mas sempre vinha aquele pensamento de como a gente estaria se tivéssemos conversado antes ou talvez se o pai dela não tivesse feito isso.
- E porque você parece nervosa, a conversa com ela não foi boa? - Perguntou e eu concordei, a conversa com ela tinha sido ótima até o momento em que eu decidi tocar nesse assunto, mas até que foi bom para eu ficar sabendo de como tinha sido para ela esses anos todos.
- Foi boa eu tava louca para ter essa conversa com ela e poder deixar claro que não tinha nenhum problema com ela, e também pude perguntar se ela tinha alguma raiva ou mágoa por eu ter terminado daquele jeito. Ela falou que não tinha problema nenhum comigo e que sempre teve muito carinho por mim, e que estava sempre me acompanhando e torcendo.Foi muito bom escutar isso dela, a gente era melhores amigas, sempre quis que ela estivesse torcendo por mim quando eu conseguisse realizar meu sonho. E mesmo não sendo do jeito que eu esperava ela estava ali torcendo por mim, ela falou que na sala dela lá na empresa ela colocou uma tv para conseguir assistir aos jogos durante o horário de trabalho, isso pode parecer bobo mas é muito importante para mim. - Minha irmã me olhou meio sugestiva e começou a rir.
- Não acredito que você ainda sinta alguma coisa por ela depois de todos esses anos longe. - Comentou e eu fiquei em silêncio, a gente tinha seguido nossas vidas e já não éramos próximas como anos atrás, mas ver ela ali pertinho me fez lembrar de muitas coisas que a gente viveu e que mesmo não querendo sempre vão estar em nossa memória.
- Não é isso, eu só realmente achei que sempre teria ela ao meu lado talvez não como namorada, mas pelo menos como amiga. E eu não posso negar que ainda lembro dos nossos momentos que a gente teve, faz muito tempo eu sei, mas se você me perguntar se eu já superei o fato de que talvez a gente nunca volte a ser como antes, eu vou ser obrigada a negar, a gente nunca supera aquilo que foi bom, só aprende a viver sem. - Falei e desviei meu olhar do dela e encarei a vista através da janela e foi naquele momento que eu me deixei as lágrimas que já estavam o dia todo querendo vir a tona e eu estava segurando desde o momento em que falei com ela de manhã ainda. Eu realmente não estava esperando a forma tranquila que ela me tratou e conversou comigo, ela pode até ter mudado e estar mais séria mas ela ainda era a Sn que eu namorei e amei anos atrás. Minha irmã passou o resto do caminho em silêncio, em alguns momentos trocava algumas palavras com o marido dela. Quando chegamos em casa eu rapidamente desci do carro para eles voltarem para o sítio.
- Precisa que eu fique com você? - Perguntou e eu neguei, estava bem não precisa que ela ficasse ali comigo.
- Não precisa mana, só preciso pensar um pouco. - Falei e ela sorriu concordando e encarou a casa dos pais da Sn onde havia um carro estacionado em frente a casa.
- Ela esta aí, deve ter resolvido passar a noite na casa dos pais. - Comentou e eu encarei o lugar que era muito bem conhecido por mim. - Bom, qualquer coisa pode me ligar. - Concordei e eles saíram para voltar para o sítio e eu fiquei ali encarando a casa dos pais da Sn antes de sair em direção a ela, passei pelo portão e toquei a campainha esperando alguns minutos até escutar a porta sendo destrancada.
- Roberta. - Disse ela me olhando e seu rosto mostrava que ela tinha chorado.
- Oi, me desculpa por ter forçado você a falar sobre aquele assunto quando você deixou claro que não queria falar. Eu devia ter percebido que eles estavam te deixando de lado ou insistido mais em tentar conversar com você anos atrás. Logo na primeira vez que eu voltei para passar uns dias aqui com eles eu já queria falar com você, e eu tentei até estive no seu quarto te esperando, mas você não estava na cidade na época. - Falei e ela negou.
- Eu estava morando na cidade vizinha para terminar a faculdade eu quase nem voltava para casa. Não queira ter que vir até aqui e perceber que estava sozinha, você era minha melhor amiga também. Eu não tinha perdido só a namorada, mas eu tinha pedido a minha melhor amiga também e isso eles nunca conseguiram entender e ainda às vezes ficavam querendo me forçar a falar sobre isso. Foi nesse momento que eu coloquei na minha cabeça que não queria mais estar tão próxima deles, eu só falava com a minha mãe e com os seus pais, eles não eram tão chatos quanto o meu pai naquela época. - Me explicou e eu concordei só estava ali para pedir desculpa mesmo, não ia mais forçar esse assunto com ela.
- Bom, obrigado por me falar sobre isso, mas eu já vou indo só vim me desculpar mesmo. - Falei e sorri já me virando para voltar para casa.
- Ei Roberta, o que você acha de entrar, a gente pode pedir pizza e conversar mais sobre isso. - Perguntou e eu encarei ela e concordei não esperava esse convite, mas eu não negaria.
- Claro, eu vou adorar. - Falei e ela me deu espaço para entrar, não sabia sobre o que ela queria conversar mas estava pronta para qualquer assunto o importante era que ela me queria ali.













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