Conto 10 - Para Onde, Jurema?

9 4 0
                                    

Jurema e Tiago, dois irmãos que brigavam de tempos em tempos por causas minimamente plausíveis, mas que lá no fundo sabiam que é extremamente desnecessária, sempre faziam uma viagem para a semana acabar bem.

- Então, vamos para onde, Jurema?

- Sei lá, Tiago! - Reclamou a mesma. - Eu sabia que íamos viajar, mas não que iria escolher ao menos o caminho!

- Bem, foi você que reclamou com a mãe que a decisão da maior parte das coisas era minha, então decidi ser bonzinho este sábado. Aonde nós vamos?

- Já fomos para Moko?

- Semana passada.

- Owsas?

- Mês passado.

- Tomnsto?

- Semana Retrasada.

- Afe! Não existe um lugarzinho para passar as férias? - Reclamou Jurema.

- Bem, existe, mas, como eu te disse, não creio ser um bom dia para tomar decisões. Hoje vai ser por sua conta.

- Quer comer? - Jurema diz.

- E as malas?

- Depois.

- Não, eu vou preparar o almoço e você, a mala sua e, de preferência, das coisas do banheiro.

- Ugh, ok - Jurema bufa.

- E nada de reclamar. Eu sou um docinho, mas às vezes me estresso!

- Afe, tudo bem seu resmungão!

- Sua chata! - Tiago riu.

Após colocar as coisas numa mala, e arrumar de um jeito quase impossível dentro do carro, os dois irmãos brigam novamente.

- Para onde vamos, Jurema? - Tiago pergunta.

- Eu não sei, Tiago! - Reclamou a irmã.

- Afe, depois reclama quando EU faço planos e viajo com o MEU mapa!

- Uh! - Grunhiu Jurema.

- Vamos fazer o seguinte, vamos tentar seguir um caminho, aí você diz: “ Esquerda ” ou “ Siga reto! ”, etc. Entendeu?

A irmã concordou.

- Então, vamos? - Perguntou Tiago.

- Sim.

Partiram. Os dois ficaram em silêncio.

- Esquerda ou direita?

- ... Uh, a direita vai para onde?

- Owsas.

- Esquerda?

- Não lembro.

- Uh, vamos para a esquerda então.

- Tudo bem.

Viram à esquerda. Não falam mais nada. Até o carro parar, ficando sem combustível.

- Qual o posto mais perto?

- Eu vou lá saber! Não conheço essa estrada!

- Ah não!

- Bem, vou caminhar um pouco pela estrada, a senhorita fica aqui.

- Você vai me deixar sozinha?! Nesta estrada e sem comida?

- Afe! - Ele joga a mochila dele.

Estava cheia de salgadinhos e balinhas.

- Pegue um ou dois por minuto, para sobrar, eu não sei quanto tempo vou andar.

- Tudo bem.

Eles se despedem.

A Nevasca E Outros ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora