Sarah é mãe de duas filhas, Lola e Ona. Ela estava contando uma história para elas. Ao menos, acreditava nisso, pois tudo o que as suas meninas escutavam agora eram uma grande confusão de ruídos.
- Crianças... Tão pequenas e frágeis... - Um sussuro chega, destruindo o tímpano delas de uma maneira misteriosa.
- Quem está aí?! - As crianças murmuram, a mãe não podia escutar elas gritarem.
- Lola, Ona? - A mãe as puxa para um beijo de despedida.
As duas não a encaram, desesperadas, por não conseguirem escutar a própria mãe, os seus olhos lacrimejam em pânico enquanto elas tentam transmitir seu sofrimento para a mãe.
Pois, o que havia gerado a surdez delas iria, pelo que elas entendiam por meio de dor e falta de ar, o modo dele.
- Lola?! Ona?! - A mãe delas as chacoalha.
Elas viram um monstro na mãe, começam a gritar, espernear, gritando para que ele se afasta-se. Sarah entrou em desespero, uma das suas filhas pega um copo de vidro e os cacos voam enquanto joga-o contra a mãe, que rapidamente desvia.
- Solte-nos! Solte-nos! - Gritaram as gêmeas que tremiam de medo.
- Meninas... - Ela tenta acalmar as duas.
- Solte-nos! Solte-nos! - As crianças dizem em um descontrole.
Até que elas param de gritar.
- ... Lola? Ona...? - Sarah chacoalha elas.
Alguém bate palmas atrás dela.
- Boa noite, minha cara Sarah - Um pássaro surge na janela.
Sarah se espanta.
- Você... Eu me lembro de minha mãe...
- Oh, Sarah... - Ele pouso perto da cabeceira do quarto. - É tarde demais, você me deixou entrar.
- Eu... Eu não deixei! - Sarah abraça as filhas com medo. - O que você fez?!
- Olha para a janela, Sarah - A asa aponta.
Sarah viu sua mãe, voando.
- Não é possível... - A mulher atira algo no passarinho. - Quem é você?!
- Apenas... Um pequeno pássaro, que está aqui por culpa de... Suas filhas.
- O que você quer com elas?! - Ela diz, mais uma vez atirando algo nele.
- Muita calma, minha princesa... - A ave se transforma em um rapaz sorridente.
- Quem é você?! O que quer?!
- Minha doce rainha... - Ele coloca uma mão no rosto das duas filhas dela. - Eu só quero ser o pai delas.
- O que?! - Sarah retira as filhas dele.
- Sarah, não me diga que se esqueceu de sua mãe... - O rapaz tenta falar de novo. - O meu pai a amava muito...
Ele soltou um sorriso.
- Muito mesmo. Mas, sua mãe se casou, e teve você. Meu pai também teve algo com a minha mãe e bem, aqui estou eu! - Sua voz é um tanto dramática.
- E por que você está aqui?! - Sarah diz, indo o mais longe possível dele junto com as filhas ainda adormecidas.
- Minha doce Sarah... - Ele se aproxima. - Os meus olhos são iguais aos do meu pai, são voltados para uma só mulher, você.
- Por que... Só agora você apareceu?! - Ela diz, tentando não acordar as meninas.
- Eu não queria te assustar, e bem, estava a pelo menos um metro de distância de você em toda a sua vida, sempre te observando e cantando para você. Minha doce Sarah.
- ... Você esperou eu me casar e ter filhas para falar comigo?! - Ela disse, irritada.
- Minha cara, eu realmente sinto muito por ter te feito esperar tanto tempo, mas agora, eu posso ser o melhor, tudo o que você, as suas filhas, e qualquer outra pessoa que seja da sua família, desejar ou querer, eu lhes darei de bom grado - Ele se ajoelha.
- Escuta... - Sarah começa a falar, ainda em estado de puro pânico e nervosismo. - ... Os meus pais sempre me falaram que você é um ser perigoso...
- Minha doce Sarah... Não sou um perigo. A minha vida inteira pode ser dedicada a ti se você me dizer uma única palavra... - Ela viu o semblante dele ficar mais ansioso. - Meu amor, eu te farei tudo, lhe darei o mundo...
- .... Eu - Ela começa. - Não sei...
Ele escuta com toda a atenção do mundo.
- Minha doce Sarah... - Ele começa, devagar e com tato. - Eu sei que não nos conhecer é algo ruim para me relacionar contigo, mas a única coisa que te peço é uma chance de sermos os quatro felizes... Ao meu lado... Eternamente.
Sarah o encara, o olhar dele era gentil, suas mãos tremiam enquanto ele a esperava, os olhos dos dois mostravam receio.
- ... Qual o seu nome? - A mulher pergunta.
- Oh! - Ele riu, quebrando o clima pesado. - O meu nome é Mike. Mas pode me chamar de Mic, minha amada.
- Mike... - Ela repete. - Eu tenho que pensar...
- Posso esperar, para sempre, se você quer ter um tempinho.
Mike sorria para Sarah, que apenas olhava a filha, Lola, enquanto Ona está abraçada no urso de pelúcia dela.
- Eu posso ir embora, se você quiser... - Ele diz, em um tom mais cauteloso.
- ... Nos vemos mais tarde - Sarah completa para o rapaz.
O jovem suspira, se transforma em pássaro novamente, e vai embora pela janela, Sarah vê que as suas filhas acordaram, com certo medo, e, olhando para a mãe, descreveram o que elas sonharam.
- Foi horrível, mamãe! - Ona diz, abraçando o ursinho com força enquanto olhava para Sarah.
- Você era um monstro! - Lola observa, aos tropeços, enquanto tentava achar os cacos do copo que jogou na mãe.
- Tudo bem, minhas filhas. Está tarde. Hora de ir, ou melhor, voltar a dormir.
- Certo, mamãe! - As duas dizem juntas.
Sarah fecha a porta, descendo as escadas, o silêncio reina enquanto ela senta no sofá e, num com um pequeno sorriso, liga para um número.
- Alô? - Ela diz, num tom frio. - Sim, ele acha que eu sou a verdadeira Sarah, e veio atrás das meninas. Falando nisto, como está a mesma?
Uma pausa.
- ... Como é? Repita...
Outra pausa, o semblante de "Sarah" ficou irritado.
- Como assim ela escapou?! - Ela grita para a pessoa do outro lado da linha. - Não me interessa. Agora me diga, desde quando o filho do Willian devolve crianças?!
Outra pausa, mais longa.
- Escuta, o Mike é apenas um no caminho, a sua tarefa é encontrar a verdadeira Sarah, e rápido! - Ela desliga.
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A Nevasca E Outros Contos
De Todo20 contos curtos que podem ser de todos os estilos de história, desde comédia ao terror. É só se divertir e temer os contos desta história! Concluído: ✅️ Revisado: ✅️ Aniversário (s) : 1