Conto 2 - Ato Heróico

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Antony olhou para o além, ele queria ser o que todos chamam de cara legal, mas tudo o que tinha de especial era uma pasta que custava mais que seu salário e um carro de modelo avançado.

Suspirou, andava de um lado para o outro no escritório, ele queria ser apreciado pela mulher ao seu lado, a linda Grace, que tem os cabelos ruivos e olhos negros.

O homem se olha no espelho, o cabelo tinha um tom castanho acobreado e os olhos são tão acidentados que dificilmente podiam se considerar que, na realidade, eram verdes.

Ao pegar novamente sua pasta, ele olhou as pessoas ao seu redor, procurando a mulher dos seus sonhos, mas a única pessoa prestes a conversar com ele era o patrão.

Chamado por ele, entrou numa reunião que lhe era tão familiar que sabia tudo desde os primeiros versos. Seus olhos vagueiam pela sala inteira, quando seu coração bateu mais rápido, lá estava Grace, rindo com uma das poucas mulheres que também eram ruivas naquela empresa.

- Sr. Antony? Poderia me passar os números da empresa? - Perguntou o patrão.

- Claro... Senhor... - Ele observa, sentindo os olhos de Grace nele.

Se levantando, ele pegou a pasta, procurou os documentos que pediram, sem antes um pequeno contratempo, mas conseguiu, deu um pequeno suspiro e murmurou, quase se esforçando para ver o chefe e não Grace.

Recitou os números desde o final, ele olhou para o teto, pensando nas formas de ter um encontro com Grace, ou algo que chamasse a atenção dela...

Um ato heróico.

Ele sorriu, se fosse um herói, ele poderia ser o de Grace, a mulher lhe daria beijos, seria a mulher mais sortuda do mundo, mas tudo acabou, quando o chefe lhe chamou. Grace havia ido embora, a reunião tinha acabado.

Antony suspirou, olhou para a pasta, pegou uma maleta, colocou as coisas dele dentro e partiu para casa. No caminho, se encontra com Grace, a linda e animada mulher, ela o vê e sorri, acenando para o homem.

- Antony, venha cá! Vamos comemorar que a empresa está indo bem...

- Tudo bem, Grace...

Ele sorriu, estava chegando perto dela, aos poucos, se sentiu leve como o ar, seus olhos examinaram Grace, que bela mulher. Uma outra hora não teria sido melhor que essa.

- Então, como vai na casa? - Perguntou ela.

- Bem.

- Espero que você não esteja tão sozinho. Eu sei que geralmente é tímido, mas se quiser ter alguém para conversar, me ligue.

E ela coloca um papel na frente do homem.

- Adeus - Ela se levanta e some.

Antony olhou, sorriu, estava prestes a rir de tanta felicidade. Ele caminhou feliz da vida. Na manhã seguinte, penteou o cabelo, deu a melhor flor para a camareira, que sorriu e deu uma risada, e saiu andando contente.

O dia estava tão animado, tão feliz, o sol se levantando, as flores brotavam, as pessoas eram felizes, Antony estava sorridente. Até que chegou na porta do seu trabalho.

Grace não estava lá.

- Talvez ela esteja doente - Pensou.

E entrou na empresa. Os colegas o olham de relance, temendo mostrar sentimentos que sabiam ser indevidos. Até que o próprio dá uma pergunta comum:

- Onde está Grace?

O seu melhor amigo, Tyler, olhou-o com as mãos nervosas, que se apertavam na barra da maleta que segurava.

- Antony, sinto muito, mas Grace foi levada ao hospital, ontem à tarde - Ele sussurra.

O sol sumiu, as flores abaixaram a cabeça e o sorriso e coração de Antony apagaram-se.

- Grace... - Ele tenta ser forte.

Se sentou, seu patrão até deu um dia para o homem folgar.

- Você trabalhou demais nestes últimos dias e agora pode descansar - Disse.

Antony suspirou, de que adianta? Voltar ao lugar frio e sem vida? Começou a andar, os tons de azul e verde se tornam mais negros e cinzas do que antes, que eram vivos.

Caminhou sem pensar onde ir, até que uma pequena olhada no bolso dele o fez lembrar de algo... Era o número dela.

Olhou, pensou, e decidiu.

Entrou no hospital, caminhou até o quarto dela, estava quase chorando ao chegar, mas ao olhar Grace, não aguentou e soltou uma lágrima.

Se sentou ao lado da cama dela, pensou nos atos heróicos, que nunca realizou, ficou ali, pensando, olhando, o batimento, ele estava prestes a desistir e ir embora.

- Grace... - Outra lágrima.

Este sussurro fez, por um tempo curto, algo se mexer em Grace, talvez... Seu coração?

- Anto... - Ela sussurra, com o ar que ainda é seu.

O homem levantou os olhos. A lágrima deu a sua última queda.

- Eu te amo - Ele comenta.

- Idem.

E sorriram. Os batimentos aceleram mais, o olhar volta a viver, o mundo fica vivo, eles têm mais cores do que antes.

O médico que estava observando tudo ficou alguns minutos ali, quando saiu, escreveu e entregou a seguinte mensagem ao superior:

Viveram Por Amor.

• • •

Antony e Grace estavam conversando, eles haviam acabado de chegar em casa.

- Olha... Sobre o que você falou no hospital...

- Não, Antony, era sim verdade - Grace disse alegremente. - Eu o amo.

- Hehe, e eu que achei que faria algum ato e faria você gostar de mim...

- Mas você fez um ato heróico, seu bobo. Eu ainda estaria na cama do hospital, se você e a sua companhia não estivessem lá.

- A minha companhia?

- Você acha mesmo que não reparei que ele estava ao seu lado? O Tyler é mesmo bom e amigável.

- Não agradeça, ou ficarei com inveja! - Ele riu, lhe dando um beijo na testa.

- Acha mesmo que não sei que Tyler vai ter um casamento amanhã? - Grace se levanta.

- Oi?! - Antony pulou de susto.

- Tome cuidado, herói, ou vai morrer antes de proteger a sua Grace de uma noiva com ciúmes!

- Haha, eu sei disso. Acho melhor ir logo, só preciso achar minha gravata.

E olhou para o espelho, o cabelo é castanho vivo e os olhos eram verdes, a camiseta foi lavada, seu sorriso aumentou.

Antony abriu a porta.

- Tchau Grace, vou salvar o dia!

Saiu, fechando a porta.

A Nevasca E Outros ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora