Conto 19 - Direção.

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Matheus é um homem sério, sempre foi, os primeiros dias de sua vida foram marcados por sorrisos contentes de sua mãe, mas os olhares intensos e vigilantes do pai. O cara sempre foi criado para dominar a dor e ter o melhor controle emocional possível.

Até que, quando tinha sete aninhos, alguém surgiu na sua vida, uma linda moça loura e com o olhar azul bem claro, ela tinha ar de graça e gentileza, o menino sentiu o amor crescer dentro dele.

Matheus descobriu que aquela seria a sua nova babá. Ela se chamava Giovanna.

- Bom dia, Matheus, como vai meu garoto? - Ela perguntou, sorrindo.

- Estou ótimo, srta. Giovanna - O menino dá um sorriso sincero. - E a senhorita?

- Estou bem também - A moça riu. - Você é muito gentil comigo, estou até com receio de você estar agindo assim porque fez algo muito errado.

O tempo foi passando, e Giovanna sumiu, o pai e a mãe discutiram por causa dela, mas nada foi revelado ao menino. O marido deu o fora e a mulher ficou infeliz, estressada e abalada, colocou Matheus para a adoção, o qual cresceu sem nunca ter tido pais, pois acreditava fielmente que sua mãe viria para buscá-lo, e por isto recusou todo o resto do mundo para continuar acreditando que sua carinhosa figura materna voltaria.

Mas não. Essa é a verdade. A mãe dele não viria, mesmo que quisesse, pois morreu no inverno, no frio, congelada, por que só sua alma congelou todo o corpo inteiro, todo o pessoal do orfanato não quis falar, mas no fundo Matheus sabia que ela aguentava do mesmo jeito que um vidro quando a pedra é lançada pata acertá-lo.

O menino começou a desenhar, sabendo e acreditando que fazia isto muito bem, tudo o que ele acreditavam era que sua mãe iria protegê-lo, mesmo distante, no fundo, suas brincadeiras e ilusões acreditavam numa adoção surreal.

Anos se passam, Matheus sentiu as gotas da chuva, não, não era chuva, era lágrima após lágrima, descendo pelo rosto em meio ao tormento de uma tempestade, adoecer é um destino misericordioso para ele.

Estava dirigindo num carro, quando viu que havia uma mulher lá fora, estava ensopada e todos os itens dela estavam molhados e seu corpo inteiro tremia. Mesmo que nem o próprio Matheus conseguisse entender, ele parou o carro e sugeriu que ela entrasse.

E a mesma aceitou. Os dois começaram a sua jornada, Matheus sem saber quem era ou aonde deveria ir, apenas seguia uma ou outra orientação da estranha. Mas mesmo com todos os estranhos acontecimentos, o homem ainda se sentia bem, até sorriu um pouco quando ela tentou contar uma piada péssima.

Após tanto tempo, ele finalmente sorriu, ou melhor, riu... Fazia anos que não escutava a própria risada... Ou via o próprio sorriso. Ele nem sabia o que estava sentido, se era um simples ato de fazê-la acreditar que estava gostando da conversa, mas... Parecia que, realmente, aquilo era real.

Quando os dois chegaram ao destino, ela e ele trocaram olhares antes de se despedir e cada um seguiu o seu caminho. Até que, no meio de um sorriso, uma ideia estranha da início na cabeça de Matheus.

O homem para o carro em um lugar mais isolado, e caminha até a casa da estranha mulher, chegando lá, ele começa a ver tudo o que acreditava ser útil, desde as janelas, a porta, os jardins, cada coisa.

Chegando a noite, a mesma mulher, que no contexto vai se chamar Loryne, estava indo dormir, quando apagou a luz, verificou que tinha algo a observando nas sombras do seu jardim, ao pegar o celular, percebeu ser uma da manhã, sem saber o que fazer, deu uma pequena olhada no número da polícia e trancou a porta do quarto, voltando a ter um sono razoável logo em seguida.

Mas, Loryne foi acordada novamente, ouviu um barulho bem fraco vindo das escadas, e resolveu ligar para a polícia, mas quando foi ver, o celular dela tinha sumido. Achou que era ladrão, mas quando ouviu de novo o barulho, percebeu que alguém estava voltando para o quarto. Ela rapidamente se escondeu dentro do armário e permaneceu até sentir que nada mais poderia ser ouvido exceto a própria respiração.

Ela devagar saiu do armário e abriu a janela já que estava no primeiro andar e não havia nenhum perigo de dano, pulou devagarinho e saiu no miudinho para a casa ao lado, ao chegar, reparou que a porta estava aberta e temeu o pior, sentiu um cheiro forte de algo queimado e resolveu não entrar, indo para o outro lado, mas a mesma coisa aconteceu.

Com muito medo, resolveu tentar a sorte e andar naquelas ruas a noite, pelo menos, a cidade era um pouco mais iluminada, e ao menos ela sabia chegar na delegacia.

Começou a caminhar com calma, parando vez ou outra para escutar se tinha alguém a seguindo, vendo que não tinha ninguém, dá uma pequena acelerada e começa a andar até uma rua que acreditou estar bastante movimentada, mas foi logo impedida por uma mão, que segurou o braço dela com força, puxando-a e colocando um sonífero em seu nariz.

Mais tarde, no noticiário, informaram que a jovem Loryne de vinte e dois anos, filha de Giovanna Lund e Theodoro Lund, estava desaparecida após tentar achar respostas sobre o paradeiro de seu meio-irmão, que também está desaparecido, a única coisa que sabem, é que a jovem foi para a rua do Colorado e nunca mais voltou.

Relatos afirmam que ela estava sozinha e nem sequer ouviram um pedido de socorro, muito menos alguém correr, este caso foi um dos maiores mistérios até hoje, e ainda não foi solucionado. O único que lembrasse de algo e que nos deu alguma pista foi um tal de Matheus Jackwool, que disse nunca ter ouvido falar da mulher, mas conta que viu ela entrar num beco escuro antes de sumir.

Isto é tudo por hoje, obrigado e boa noite.

A Nevasca E Outros ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora