Um romance de ensino médio entre uma patinadora dedicada e um desenhista por hobbie nao poderia dar errado, se tudo aquilo nao tivesse acontecido.
Aquele em que Amélia Alert reencontra seu amor não superado e cria um rancor superficial por ele...
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CALCEI MEUS SAPATOS E OLHEI PARA O RELÓGIO SOBRE A CABECEIRA, 19:03PM, suspirei fundo me jogando na cama e encarando o teto do quarto.
- Filha? - Escutei a voz abafada do meu pai, atrás da porta - Posso entrar?
- Pode - Exclamei, logo a porta abriu e meu pai passou para dentro do quarto.
- Vou te levar hoje - Ele se aproximou, com os braços cruzados.
- Pai, ninguém pode ver minha coreografia antes, só a Alice - Dei uma risadinha fraca.
- Ah que chatice, Lili - Ele revirou os olhos - Sua mãe me contou, vou te deixar lá e voltar, chatinha.
Ri fraco e o mais velho se sentou ao meu lado na cama, encarando seus pés — Por que você tá com essa cara de limão azedo?
Suspirei, não queria falar disso com meu pai. Ele amava seu ex genro, se duvidar ele deve ter sofrido mais que eu no nosso término.
- Só fiquei ansiosa por amanhã, sei lá, nunca levei a patinação tão a sério assim.
Ele pareceu pensar por alguns segundos, antes de me responder — Sei, pode ser difícil daqui 'pra frente, querida, mas não deixe as coisas te remoerem assim.
- Eu sei, pai - Me sentei na cama - Só não soube conciliar as coisas, mas amanhã vai dar tudo certo.
- Tenho certeza, filha - Ele deixou um beijo na minha testa e se levantou, dando um tapinha nas minhas costas - Vamos, daqui a pouco vai dar o horário.
- Tudo bem, pode ir indo - Me levantei também - Tenho que pegar minha bolsa.
O mesmo concordou com a cabeça e saiu pela porta, fechando a mesma em seguida.
Peguei minha bolsa só com algumas tranqueiras necessárias e andei em direção a minha penteadeira, abrindo a primeira gaveta.
Peguei o cordão, encarando a aliança pendurada. Mesmo que ele tenha isso, eu nunca vi ele usando desde que voltou.
O que será que se passa na cabeça dele para ele usar uma coisa dessas? Ele não faz sentido nenhum.
Suspirei mais uma vez e resolvi colocar, não teria chances de cair desse jeito. Encaixei o mesmo e coloquei para dentro da blusa de frio, não queria que fosse visto.
Amarrei meu cabelo em um coque um pouco mais firme, com a intenção de que nao solte com facilidade. Peguei a bolsa que estava sobre a cama e desci, em direção à cozinha.
Observei o bolo de cenoura coberto com uma calda de chocolate e gemi em satisfação, amava aquele bolo e ele me convidava para pegar um pedaço.
- Já separei para você, meu bem - Minha mãe chegou com um potinho e um garfo descartável em mãos - Vá, antes que se atrase!
