Capítulo 35: Me perder

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Steve

Tirei as roupas ensanguentadas e as joguei no lixo. Tomei um banho quente e demorado. Deixei a água levar o quanto eu me sentia horrível. Parecia injusto eu estar bem, respirando, enquanto Natasha ficou a beira da morte. Era difícil não pensar que deveria ter sido eu no lugar, porque eu sabia o quão horrível era. Eu já tinha passado por aquilo, e poderia passar de novo. E de novo. E de novo. Quantas vezes fossem salvar Natasha.

A dor do tiro era horrível, como ser cortado ao meio, e a recuperação pior ainda. Demorou meses para estar completamente bom, e depois disso ninguém nunca mais é o mesmo. Comi qualquer coisa que vi pela frente e peguei as chaves do carro. Bucky tinha me trago aqui para tomar um banho, demorou me convencer, mas vim enquanto a mãe dela estava lá.

Dirigi de volta para o hospital, comprei flores na floricultura que estava do lado e um balão. Subi de volta e fui em direção ao quarto. A mãe dela sorriu para mim. Coloquei as flores no criado.

- Obrigada, senhor Rogers. Sei o quanto vocês tem um laço forte.

Engoli em seco.

- Senhora Orloff, não...

- Está tudo bem. Natasha é rebelde, mas é uma pessoa muito boa. E eu fico feliz por ela ter alguém para cuidar dela, já que eu nunca consegui direito.

Eu estava ouvindo isso mesmo?

- Tenho tentado fazer diferente com as gêmeas. Noah é difícil. Mas é o que temos.

Eu assenti. Ela não precisava me dar desculpas.

- Não posso abandonar ele sozinho com três bebês.

- Eu entendo. Vou te passar meu telefone, e te dou notícias está bem? Não vou sair daqui, não quero que acorde sozinha.

Ela sorriu e assentiu. Beijou a filha, e saiu.

Era tarde da noite. Eu observava a janela lá fora, estava nevando. Eu sabia que Natasha adorava a neve, porque a lembrava de casa. Com a luz baixa, eu liguei a televisão e ainda estavam noticiando o tiroteio. Protestos contra as armas aconteciam na frente da escola, junto com homenagem aos mortos. Quatro funcionários e cinco alunos. Os rostos deles apareciam na tela, assim como uma foto de Natasha sendo a única ferida.

A imagem do corpo desfigurado de Ana veio na minha cabeça, e senti vontade de chorar. Desliguei a TV, só estava me deixando mais indignado. Olhei para Natasha. Ajeitei seus cabelos ruivos, decorando cada parte de si. Eu sabia a posição de cada sarda, cada pinta. Sabia o caminho que suas veias faziam por baixo da pele branca.

Sabia que eu amava Natasha com cada parte de mim.

(...)

Sete dias depois do que aconteceu, Natasha ainda não tinha acordado. Eu mal conseguia dormir de preocupação, e se Natasha nunca mais acordasse? E se ela só acordasse daqui há muitos anos? A ideia me fazia doente.

Bucky e Wanda ficavam aqui enquanto eu dormia em casa, por apenas algumas horas. De resto, eu não saia daqui. Comia no hospital, já tinha trago meu computador, tudo. As vezes a mãe dela vinha e eu ficava na cafeteria, tomando litros de café. Cochilava na poltrona. Assistia televisão. Foi o que eu fiz por uma semana.

Os pais de Billy tinham se mudado. A investigação estava feita. Os funerais também. Mais uma escola pra lista. As aulas foram suspensas pelo próximo mês. E talvez pelo outro também.

Logo no primeiro dia, Peggy me ligou, perguntando se eu estava bem. Minha mãe ligava todos os dias. Sharon vinha de vez enquando trazer flores. Tinham muitas flores na sala, na verdade. O cheiro era bom. Era como se... Virei a cabeça quando ouvi um barulho, era Natasha movendo os braços, tentando se soltar. Seus olhos se abriram.

History Teacher - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora