Capítulo 13: Revolução Russa

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Steve

Não falei, ou vi Natasha desde o dia da feira. Aquilo tinha saído completamente do controle. Senti tanta falta dela que não fiz quase nada nesses dias. Eu não podia continuar assim, e até cogitei pedir transferência da sala dela. Cogitei muitas coisas. Me mudar era muito extremo? Eu ainda fugiria de Sharon, vantagem extra. Mas tinha Bucky. E era muito extremo sim, ali eu tinha casa, emprego... E Natasha.

Eu não conseguia dormir, não conseguia pensar. Nada que eu começava conseguia continuar, nada tinha mais sentido.

Eu só conseguia pensar naquele beijo.

E em como era tudo que eu queria. E em como era extremamente errado. Eu era professor de Natasha, eu devia ensinar, respeitar. Ao invés disso, tinha me deixado envolver.

E aquilo não podia continuar.

Esfreguei o rosto, antes de entrar no colégio.

- Aí está ele, o herói do momento! - Scott gritou, quando cheguei na sala dos professores.

Todos estavam juntos, com um bolo, refrigerantes e uma faixa escrito "Bem-vindo de volta, Steve". Eu encarei aquilo tudo um pouco chocado e envergonhado. Todos me abraçaram, me cumprimentaram e parabenizaram pelas minhas ações. Eu tive que dizer mil vezes que não precisava daquilo, que só tinha feito o que qualquer um faria, mas eles não ligaram.

Eu não tinha usado toda a minha licença médica, só dois dias dela. Não aguentava mais ficar em casa pensando. Eles não estariam me parabenizando se soubessem o que eu tinha feito.

O bolo estava gostoso, e ficamos ali por quarenta minutos enquanto os alunos tinham palestras do corpo de bombeiro sobre a prevenção de incêndios. Eu estava doido para fugir dali, então agradeci pela surpresa e disse que precisava ir para a sala, então me sentei diante minha mesa e a sala vazia.

Os alunos foram chegando, e com eles uma salva de palmas. Eu não aguentava mais aquilo tudo! Mas sorri, e agradeci. Procurei os cabelos ruivos de Natasha, mas não os encontrei. Tive que engolir meu desapontamento, mas também alívio. Não sei como iria agir perto dela.

- Vamos terminar a Revolução Russa, okay? Isso já durou demais.

Me virei, começando a escrever no quadro, e me perguntando onde estaria minha Revolução Russa favorita.

(...)

Quando Natasha não veio novamente, o medo tomou conta de mim. Aquele homem tinha feito algo com ela.

- Wanda, sabe algo sobre a falta repentina de Natasha? - perguntei baixinho, enquanto os outros faziam as atividades.

- Ela foi visitar a avó, no Texas, senhor Rogers. Não reponde minhas mensagens, só avisou isso.

Assenti, com o dobro de preocupação. Sentei na cadeira, e ali fiquei enquanto eles faziam a atividade. Quando terminaram, continuei a aula.

- Nossa primeira prova vai ser semana que vem!

Anotei no quadro a data, ouvindo gemidos de reclamação.

- Sem reclamação, está marcado. Espero que estudem. Até proxima aula!

Eles foram saíndo amontoados, conversando sobre a prova e eu peguei meu celular.

"Está tudo bem?"

Continuei meu dia, as vezes checando minhas mensagens para ver se Natasha ia responder. No almoço, na detenção. Aquela sala estava tão morta sem a voz dela, reclamando sobre como Thomas Hobbes era difícil. Ela já devia ter acabado o livro que dei para ela, nem imaginava o que lia agora. Pensei em algum livro que ela possivelmente poderia gostar, mas parei.

History Teacher - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora