Fire On My Mind - Jeon Jungkook

Capítulo 8 - Jungkook / Liz / Jungkook

Jungkook

          Meus últimos tempos de aula foram uma porcaria, mesmo tentando me concentrar na matéria que eu estava ensinando, o assunto simplesmente não rendia. Passei um trabalho em dupla para me livrar de ter que ensinar porcamente e fiquei o resto da manhã sentado, pensando em como eu poderia trazer a ruivinha de volta para os meus braços. Eu tinha que conseguir me explicar a ela, eu queria que a Liz me perdoasse. Vê-la com aquela cara de choro no dia anterior partiu meu coração e eu ainda continuava a me sentir mal por isso. Eu não conseguia parar de me questionar sobre estar tão interessado na infernal, mas ela simplesmente não deixava o meu pensamento nem por um segundo. Me sentia sufocado, como se estivesse com algo apertando o meu pescoço constantemente e eu sabia que o motivo era ela, a garota que estava colocando um fogaréu dentro da minha cabeça, me deixando maluco. Há dias eu vinha tentando me convencer de que o que eu estava sentindo pela Blauth era apenas uma atração, um desejo além do limite, uma vontade louca de provar o que era proibido para mim. Não podia me permitir sentir algo além disso, era complicado demais, não teria como lidar com todos os problemas que isso me traria.

            Pedi licença a minha turma e saí para lavar o meu rosto, eu estava no segundo andar e não havia como encontrar a ruivinha naquele corredor. Caminhei até o banheiro, apoiei as minhas mãos na pia e me olhei no espelho. Eu precisava me afastar daquela menina, eu sabia disso, mas não tinha força de vontade suficiente para tal feito. Eu tinha tantas questões mal resolvidas com a família dela, eu gostaria de matar o seu pai com as minhas próprias mãos, eu odiava o seu irmão, o seu avô, eu deveria odiá-la também, além disso tudo, ela ainda era minha aluna, eu precisava parar de desejá-la. Eram milhões de motivos que me diziam que eu deveria tirá-la da minha mente e, mesmo assim, desistir da Liz parecia totalmente inconcebível para mim. Tinha a impressão de que aquela garota havia jogado um feitiço em mim, uma maldição, sei lá. Ficar louco por ela era tudo o que eu menos queria e, no entanto, era a minha total realidade. Uma piada do destino, um humor negro do caralho, me sentir completamente vidrado na filha do homem que provocou a morte do meu pai era tão errado que só poderia vir de alguém com um senso de humor muito filho da puta. "Será que eu sou esse alguém?" me perguntei enquanto jogava um pouco de água gelada no rosto. "Eu poderia armar isso contra mim mesmo?" a minha maluquice estava mesmo atacada naquele dia.

            Mesmo enfrentando meu próprio inferno pessoal, nada me fazia perder a vontade de ter a ruiva nos meus braços novamente, o rosto perfeito, aqueles lábios, a boca sempre pronta para me ofender, o corpo lindo, tudo nela me fazia cada vez mais desejoso. Era errado, mas eu a queria e muito. Eu teria uma chance de convencê-la a me perdoar naquela tarde de detenção e eu queria que ela me perdoasse. Eu tinha que tê-la mais uma vez ou algumas vezes antes de me afastar dela em definitivo, eu precisava sentir seu gosto novamente, sua pele de seda, seu toque delicado, eu necessitava daquilo.

             Me apoiei novamente na pia respirando fundo, meu desejo estava tomando níveis muito maiores que os aconselháveis e eu tinha que me controlar ou os meus pensamentos impuros me fariam passar por um vexame em plena sala de aula. Me lembrei de que eu tinha que voltar, meus alunos deveriam estar fazendo a maior arruaça, eu já estava sumido por quase dez minutos. Saí do banheiro e já dava para escutar o falatório, andei rápido até a minha sala e coloquei ordem na confusão que tinha se formado ali. Olhei para o meu relógio e vi que faltavam apenas alguns minutos para o último sinal tocar. Senti a adrenalina da antecipação de encontrar a Liz sozinha na biblioteca e tive que focar em outra coisa para não me perder nos meus devaneios malucos. Quando finalmente deu o horário da turma sair, eu me dirigi ao meu caminho tentando me segurar, eu sabia que teria uma batalha pela frente, a ruivinha não era fácil e fazê-la me entender não seria a coisa mais tranquila do mundo.