Labyrinth - Firstprince

Capítulo I - august

Capítulo I - august

Henry

   Mudar de cenário pode ser ótimo para grande parte das pessoas, mas é o meu maior pesadelo. E adivinhem? Após 17 anos morando no mesmo apartamento no centro de Londres, minha mãe decidiu que seria interessante se morássemos em Nova Iorque.

   Meu pai era um renomado ator, Arthur Fox, mas faleceu de câncer há 4 anos. Foi um período muito complicado a todos nós, especialmente à minha mãe Catherine. Por muito tempo ela ficou em um grave quadro de depressão. Meu irmão mais velho, Phillip, conseguiu um trabalho de meio período numa lanchonete próxima a nossa casa e, junto à herança deixada pelas apresentações que meu pai fez ao longo de sua vida, conseguimos nos manter e pagar um tratamento para nossa mãe.

   Ao decorrer dos meses, Catherine foi se recuperando, e conseguiu o cargo mais algo na empresa, ficando abaixo apenas do dono. Assim, o trabalho dela pode ser feito a distância, fazendo com que ela tivesse a "brilhante" ideia de morar nos Estados Unidos.

   E é exatamente por isso que estamos no táxi indo para o prédio em que vamos morar.

   — Ah, finalmente! — exclamou minha irmã Beatrice enquanto se jogava no sofá da sala do nosso novo apartamento, na cobertura.

   Meu irmão Phillip foi o único que ficou em Londres, para poder terminar a faculdade. Bea decidiu fazer faculdade de música aqui em Nova Iorque mesmo. E eu ainda tenho que terminar o último ano do ensino médio.

   Por questões de logística, a nossa mudança atrasou, então chegamos no meio de agosto, ou seja, as férias de verão já acabaram e as aulas haviam voltado há meio mês.

   Minha mãe me matriculou numa escola de elite para que terminasse meu período escolar "com glamour", como ela gosta de dizer. Não que eu me importasse muito com isso, só quero acabar com tudo isso logo para poder entrar na minha tão sonhada faculdade de literatura.

   — Beatrice! Você deve estar suja e suada da viagem! Vai tomar um banho antes de deitar no sofá! — Catherine reclamava com a ruiva enquanto trancava a porta do apartamento.

   — Tudo bem, mamãe, me desculpa! — foi até a mais velha e depositou um beijo em sua bochecha, para logo sair correndo para seu novo quarto com a mala na mão e um sorriso no rosto.

   — Ai ai, o que eu faço com essa garota? — disse para si mesma em meio a um riso.

   Fui até a sacada da cobertura, sentindo o vento fresco da noite de Nova Iorque batendo no meu rosto. A quantidade de pessoas na rua, o barulho da buzina dos carros, as luzes piscantes nos prédios, tudo aquilo me hipnotizou por alguns instantes. Soltei um suspiro pesado para os ares americanos.

   — O que foi, meu raio de sol? — minha mãe se aproximou, se apoiando ao meu lado no batente.

   — Ah... é só tudo meio diferente. Passei minha vida toda em Londres, tantas memórias... — respondi com sinceridade.

   — Te entendo.. mas achei que precisássemos de uma mudança de cenário; conhecer outras pessoas, outros lugares..

   — Tudo bem mãe, eu vou me acostumar.

   Nos abraçamos por alguns instantes, antes de seguirmos cada um para seu quarto, cansados da longa viagem.

   Infelizmente, como eu já teria aula amanhã, não tive tempo de arrumar minhas coisas direito. Então só tomei um banho e fui dormir.

[...]

   O alarme tocou cedo, me fazendo revirar na cama angustiado, percebendo que de fato toda a história da mudança não tinha sido apenas um sonho. Me levantei e fui até o banheiro para tomar um banho, vendo meu cabelo bagunçado e minha cara de sono pelo espelho.