Fomos pelo jardim de mãos dadas, até ao canteiro de flores. Mas não um canteiro de flores, era o meu canteiro.
Charles sempre soube as flores mais especiais para mim eram as papoilas e por isso, quando meus tios morreram num naufrágio a caminho da Inglaterra e ficou decidido que eu ficaria na mansão Xavier, ele mandou plantar um canteiro de papoila só para mim.
-Bem,- ele começou por dizer tirando a sua mão da minha, para o meu desagrado. Parecia que agora ela estava mais fria.-podemos começar por aqui.- ele disse apontando para as flores enquanto eu me encolhia de frio.
-Está com muito frio?-perguntou agora preocupado ao notar minha pose encolhida
-Não não- respondi gesticulando com as mãos para ele prosseguir e ele continuou apesar de seu olhar parecer continuar preocupado.
-Eu quero que você faça estas papoilas, feridas pelo frio, fiquem intactas.-disse e eu arqueei as sombrancelhas.
-Todas de uma vez?- perguntei
-Não. Vamos com calma.- ele respondeu sorrindo- Tenta uma, depois a gente passa para uma etapa mais difícil.
Eu fechei os olhos me concentrando. Com ele ali era tão difícil! Sentia tanta vergonha de fazer aquilo na frente dos outros, principalmente dele!
Mas continuei e me concentrei na imagem da flor que queria focada na minha cabeça. Toquei nas pétalas sensíveis d pus então meus poderes em pratica, sentindo aquela onda calorosa passar pelo corpo.Quando abri os olhos a flor parecia igual. Suspirei frustrada. Estava com frio, vergonha, fome... Ai odiava aquilo!
-Calma Anne!-ouvi Charles dizer ao meu lado e senti ele se aproximar.-Sabe que não pode ficar assim.- Ele tinha de certeza lido minha mente. Bloqueei de imediato meus pensamentos. Ele tinha prometido não ler!
-Charles você prometeu...- repreendi
-Eu sei...-ele respondeu corando levemente-É que ás vezes acontece eem querer, e alguns pensamentos são mais altos do que outros.-Ele olhou para mim intensamente mostrando que esses "alguns" me incluia.
-Eu entendo- respondi- Mas não volte a fazê-lo de novo e ele abanou a cabeça mostrando que não ia se repetir.
-Vamos tentar de novo...
Eu voltei a fechar os olhos, desta vez mais calma, e me concentrei. Tentei de todas as forças chamar por aquela onda de calor de novo mas nada. Nada. Não sentia qualquer energia ou sinal de que eu meus poderes chegariam.
Abri os olhos de novo e olhei para Charles. Não foi necessário ler minha mente para ele peeceber o que estava acontecendo. Ou melhor o que não aconteceu.
Ele se aproximou de mim de novo e pegou nas minhas mãos. Elas estavam geladas e ao encontrar as dele senti como uma criança quando chega perto de uma lareira. Acolhida...
-Você está congelando Anne...-ele notou olhando para mim com preocupação de novo.- É melhor . Não quero que fique doente.
Eu fui então buscar meu agasalho na entrada, enquanto Charles me esperava no canteiro. Quando eu cheguei notei um leve sorriso contornar seus lábios e disse:
-Melhor agora?
-Bem melhor. Sem dúvida...-respondi sorrindo também.
Mas para a minha surpresa ele não se afastou, nem disse para eu tentar de novo. Ele se posicionou atrás de mim, pegou nas minhas mãos, ainda geladas, por trás sem que eu oferecesse alguma resistência. Sentia como se tivesse completamente segura ali.
Ele levantou os braços e guiando os meus junto sussurrou ao meu ouvido me fazendo arrepiar toda.
-Concentre-se...
Eu fechei os olhos e fiz o que ele mandou. Senti seu corpo musculado contra o meu. Sua respiração suave contra meu pescoço e seu cabelo entrelaçado com o meu. Tão próximos...
Senti então uma onde de calor atravessar o meu corpo. Aquela energia... aquela que já não sentia há tanto tempo. Apertei as minhas mãos nas de Charles e percebi que ele se deixou atrás de mim. Como se aquela proximidade fosse normal entre a gente. Como se tudo aquilo fosse uma das minhas ilusões.
Abri finalmente os olhos, lentamente, como se tivesse acordando e para a minha surpresa, quando olhei para a papoila em minhas mãos, ela estava intacta. Mais viva que nunca.
Sorri. Eu tinha conseguido! Tinha controlado meus poderes! Com ajuda de Charles tinha conseguido envocar meus poderes e direcioná-lo para aquilo que eu queria!
Charles... foi então que lembrei da distância a que estava dele e como tinha chegado ali. As mãos dele nas minha. O contacto.
Me virei levemente encontrei seu olhar fixo em mim. Ele sorria orgulhoso e sentia ela acariciar levemente o polegar no rosto da minha mão direita.
-Parabéns...-ele murmurou-Você conseguiu.
Eu não respondi. Meu olhar não se desviou do dele e percebi que ele também não fez a mínima menção de mudar também. Devagar e bem lento, senti meu corpo rodar em direção a ele, como se tivesse a necessidade de ficar de frente para ele. Como se o meu corpo é que comandasse minha mente e não o contrário.
Senti a mão direita dele largar a minha á medida de que virava na direção contrária, mas quando me virei por completo ficando de frente para ele senti, para a minha felicidade, as mãos dele buscarem as minhas de novo. Parecia que estavamos fazendo o que há anos pedia para acontecer.
Senti sua respiração contra a minha e ele se aproximar de leve. Como se tivesse ainda uma grande distância para o fazer e seus lábios se aproximarem dos meus...
-Ei Anne, Charles!- ouvi alguém gritar da porta de casa. Como se aquela atmosfera quente e familiar tivesse desaparecido, senti o frio daquela manhã de inverno bater violentamente na minha pele sensível, e como se tivessem me dado um choque pigarreei no momento em que percebi minha proximaxão com Charles.
Não parecia a única, porque quando olhei para ele, ele parecia meio corado também, e quando olhei para ele, este desviou o olhar fingindo tentar ver quem estava na porta.
-Ei gente! A Sra. Trask está perguntando se querem que sirva o café de novo?- perguntou, a pessoa que agora conseguia perceber ser Raven.
-Sim, sem problema!-respondeu Charles aumentando o tom de voz para que ela ouvisse e enquanto isso a gente começou a andar na direção da casa meio afastado.
O ambiente parecia meio estranho agora. Não sabia o que dizer, nem tinha o que falar.
Ao entrar na casa com Raven ao nosso encalço ele se virou para mim.-Você foi bem hoje. Mas lembre-se ainda tem muito que treinar-disse pela última vez e eu abanei a cabeça em concordância enquanto ele se virou e saiu sozinho.
Subi para meu quarto com Raven atrás de mim.
- Anne- chamou Raven quando fechou a porta atrás dela.- Aquilo foi real ou imaginação minha?- perguntou maliciosa.
Ehh... pensei. Fiquei tão absorta em meus pensamentos que nem lembrei de responder.
Agora que meus pensamentos pareciam mais organizados, conseguia pensar com mais clareza. Eu e Charles quase nos beijamos. Aquele toque, aquela delicadeza. Tão diferente do Charles que via com outras mulheres...Deitei na cama bufando como na noite anterior, mas dessa vez, para o meu aborrecimento eu já não tinha dúvidas, mas só uma certeza ecoando em minha cabeça.
Eu gostava de Charles Xavier.
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Together In Ilusion (X-men)
RandomAnne Edwards ficou orfã aos cinco anos. Nunca soube como seus pais morreram e a únuca recordação que tinha deles era um medalhão com uma foto dos três quando ela era ainda bebê. Desde pequena que Anne sempre sentiu ser diferente. Não especial, apen...