Westchester County, NY (1955)
Acordei de novo nervosa. Aqueles sonhos repetidos me deixavam louca.
Era sempre o mesmo. Eu estava com os meus pais, fazendo um pique-nique num campo de papoilas lindo. Estava tudo lindo e perfeito até tudo mudar de cenário e aparecer em um campo triste e deserto. O chão era coberto de flores e plantas mortas. O céu cinzento e pequenos pingos de chuva cairem sobre mim e como um furação chegavam as piores memórias e recordações.
Claro que aquilo não era real. Eu não tinha lembrança dos meus pais e só sabia como eles eram por causa da pequena foto que fica no meu fiel amuleto. Eles morreram demasiado cedo para eu ter alguma recordação. Mas eu não conseguia evitar. Quando eu sonho, a minha mente fica presa numa espécie de transe e mesmo que eu esteja acordada e pensando de forma racional eu não consigo realmente acordar.No fim só restava o meu próprio corpo no frio, entre as papoilas que outrora tinham vida. Não havia palavras ou recordações esplícitas mas simplesmente sentia uma esfera pesada e triste sobre mim de recordações que não queria lembrar. Eu simplesmente sentia o meu coração pesado e a minha alma demasiado pesada para lutar.
Todas as noites isso acontecia, sempre o mesmo sonho. E todas as noites acordava suada, ofegante e confusa. Sempre que olhava para o lado e ilhava para o relógio eram exatamente 2:30 da manhã. Há sete anos que tinha esses sonhos todas noites e sofria constantememte de insonias. Ás vezes melhoram durante um tempo, outras vezes pioram. Depende daquilo que vejo e ouço e também do meu estato de espiríto nos últimos tempos.
Ouvia a porta do meu quarto ranger e alguém se aproximar da minha cama por entre a escuridão do meu quarto.
-De novo?- perguntou ele sentando de leve ao meu lado.
-Sim...- respondi me sentando na cama- Exatamente igual. Nenhuma alteração.
A verdade é que Charles não sabe ao certo o que eu sonho. Eu nunca deixei ele entrar para ver.
Tem coisas demasiado pessoais para outras pessoas saberem mesmo sendo ele.Mas ele sabe que é sempre a mesma coisa e pelo estado em que eu acordo que não é uma coisa normal.
-Tem piorado ultimamente, não tem?- ele perguntou dessa vez menos tenso, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.
-Sim, mas tem fases. Ultimamente tenho estado stressada. Todos temos e isso se reflete no meu sono também- respondi colocando a minha mão na testa para secá-la.- Eu só queria que isso parasse.- terminei fechando o olhos para não cairem as lágrimas que se formavam.
Não queria chorar na frente dele. Na frente de ninguém, na verdade. Mas aquilo era excruciante, exaustivo e desesperante. Queria ser forte, mas quando chegava o momento parecia que todas as suas energias tinham sido sugadas.
-Me deixa entrar...- respondeu ele pegando na minha mão dele.
-Não Charles. Já falamos sobre isso.- respondi num tom áspero e tirei a minha mão da dele com talvez demasiada brusquidão.- Eu não quero que você veja. Não quero...
Me amaldiçoei por ter deixado a minha voz falhar na última frase, mas estava exausta.
-Desculpa, Charles. É só que é demais para mim.- me desculpei virando a minha cabeça para olhar para ele.
Mesmo na escuridão os seus lindos olhos brilhavam como pedras místicas.
-Ei... -chamou ele passando o braço pela minha barriga para chegar na minha mão do outro lado- Eu é que tenho que me desculpar.- continuou levando Não se preocupe, a gente resolve isso.- me tranquilizou- É que, por causa das suas ilusões, os seus sonhos ficam piores e eu odeio não poder fazer nada em relação a isso! Me sinto completamente impotente! Vejo você sofrer todas as noites e não posso fazer nada.-explicouj
-Ei...- chamei de leve focando a sua atenção em mim- Não fica assim. Não é assim tão ruim. Sério! Não se culpe pelos meus problemas, você não tem culpa. Se a culpa é de alguém aqui, então é minha.- eu disse segurando a mão dele de leve.
-Não consigo Anne! Eu sou responsável por você!- ele respondeu- Mas não se preocupe com isso agora. Eu vou ver amanhã o que posso fazer em relação a isso. Não dá para continuar.- continuou e eu abanei a cabeça em concordância.
Apesar de tentar me mostrar forte sentia cada vez mais um peso em mim que não conseguia carregar. Além de não conseguir dormir, aqueles sonhos eram emocionalmente desgastantes.
Todas as noites era a mesma coisa e por mais que eu pedisse, rezasse ou tentasse nada fazia aquilo parar.
Senti então como se a ficha tivesse caído e as lágrimas começaram a acumular nos meus olhos.
Charles sem perceber levantou mas du segurei sua mão de leve.-Charles...- murmurei e ele se virou para me encarar com os seus lindos olhos azuis. -Charles eu não aguento mais...- declarei
Então ele sentou na cama de novo passando a mão pelo meu cabelo.
-Oh Anne...- disse vendo o meu sofrimento e me abraçou. Me acolheu contra os seus braços e ficou ali enquanto eu chorava.
Devemos ter ficado uns 10 minutos assim. Até eu sair do aperto dele e limpar o rosto.
-Vai tomar um duche bem rápido e quente.- disse Charles ainda olhando para mim analisando a minha expressão. Ele nunca precisava ler minha mente para saber tudo o que eu sentia e queria.- Eu fico aqui...- murmurou me fazendo sorrir. Ele sabe o quanto eu gosto de dormir com companhia, principalmente a dele...
Dei um abraço rápido nele mostrando a minha gratidão e sem dizer mais uma palavra, fui para o banheiro. Tomei um duche rápido mas muito quente, relaxando cada músculo do meu corpo. Saí, coloquei outro pijama, prendi o cabelo e fui de novo para o quarto.
Quando abri a porta ele ainda estava lá, como tinha prometido, deitado na minha cama com as mãos de baixo da cabeça e olhando para o teto. Quando sai ele olhou para mim e sorriu de leve batenda com a mão ao seu lado para eu me deitar do lado dele.
Deitei e deixando que ele me puxasse para ele, me aninhei contra o seu corpo. Ele puxou os cobertores para cima para me aquecer e com uma mão na minha cintura e outra na minha cabeça, ficamos ali...
-Obrigada Charles...-murmurei
-Shhh...- sussurrou ele fazendo um carinho de leve na minha cabeça- Vai dormir, está tarde.- disse dando um beijo na minha testa. Mas ele sabia que eu estava demasiado desperta para dormir.
Com poucos minutos comecei a sentir aquela ótima sensação de sono. Claro que era o Charles.
-Charles, eu já disse que não quero que você me faça dormir!- reclamei
-Eu sei mas é que...- ele tentou reponder reticente mas eu interrompi ele primeiro
-Não estou brava, não se preocupe.- tranquilizei-o e senti o seu corpo relaxar contra o meu- Boa noite Charlie...- desejei, usando aquele apelido que eu adorava e já bocejando me aninhei contra ele.
-Boa noite minha flor...- respondeu ele dando um beijo na mimja testa
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Together In Ilusion (X-men)
De TodoAnne Edwards ficou orfã aos cinco anos. Nunca soube como seus pais morreram e a únuca recordação que tinha deles era um medalhão com uma foto dos três quando ela era ainda bebê. Desde pequena que Anne sempre sentiu ser diferente. Não especial, apen...