Continuei andando pela multidão, com Will ao meu encalço. Durante um tempo não via nada parecido com Anne e meu coração começou a apertar, mas quando estava bem na beira do desespero, vi um par de olhos verdes inconfundíveis.
Anne...
Corri, empurrando todos os que estavam no meu caminho. Tinha que chegar até ela.
...
(Pov Anne)Eu continuava chamando por Charles, mas parecia que ninguém me ouvia. Todos passavam felizes á minha volta e eu sentia que meus pés não se conseguiam mais se mover.
Fechei meus olhos por uns momentos para me acalmar, mas quando eu ia abri-los senti, repentinamente, algo ir contra mim e dois braços me rodearem o corpo.
Meu corpo tremeu e o susto foi tão grande que nem tive tempo de abrir os olhos para ver quem me abraçava.
-Oh Anne! Que susto que você me deu!
Meu cérebro ainda meio paralisado pelo susto, precisou de uns tempo para raciocinar e por fim, consegui perceber que era Charles. Ele tinha ouvido... ele tinha vindo...
-Você tem noção do susto que me deu?!- perguntou Charles diminuindo um pouco o aperto para ver minha cara.
Eu sorri de alívio e me deixei seus braços me puxarem mais para ele com força.
-Desculpa Charles...-foi a única coisa que consegui murmurar baixinho e ele sorriu de volta, beijando o topo da minha cabeça com carinho.
-Não se preocupe. O pior passou-disse já menos tenso- Não vou ficar bravo.-terminou dando um sorriso maroto e eu dei uma risadinha.
-Uhum-ouvi alguém aclarar a garganta perto de mim- Então pombinhos...-começou Will-será que já podemos voltar para perto do grupo ou vão ficar de pega?-perguntou com um sorrisinho malicioso.
Eu pigarreei, saindo do aperto de Charles num instante, com a cara mais vermelha que um tomate. Sabia que não era a única, porque Charles também estava corado e coçava a nuca, como ele sempre fazia quando estava nervoso ou sem graça.
-Não se preocupe, minha linda, eu já sei de tudo- disse por fim Will me dando um abraço apertado, enquanto eu olhava para Charles e ele riu ainda mais sem jeito.
Terminamos o abraços e virámo-nos para ir em direção ao grupo, mas quando Will virou de costas eu peguei na mão de Charles. Surpreendido ele se virou para mim.
-Não quero me perder de novo- dei a desculpa com um sorriso de falsa inocência e ele riu soprado pegando na minha mão de volta e levando aos lábios pada dar um beijo carinhoso, o que me fez derreter o coração.
Depois colocou as nossas mãos entrelaçadas dentro do bolso dele e juntos caminhamos de volta, para perto do grupo. Quando vi que já estávamos perto do grupo, desentrelacei minha mão da dele, rapidamente o que fez Charles soltar uma reclamação baixinha, me fazendo rir.
-Eles estão logo ali- sussurrei, mas para a minha surpresa ele não se conformou com a minha resposta, me lançando um olhar de "qual a diferença". Eu só não respondi e continuei andando.
Ainda não estavamos preparados para aquilo. Aliás eu nem sabia o que eu realmente sentia. Mas nem tive tempopara pensar no assunto, porque logo quando chegei perto dos restantes fui surpreendida com outro abraço.
-Ai Anne! Você pregou um sustão na gente! Desculpa, mas eu esqueci de ver se você estava atrás da gente e perdemos você de vista...- se desculpou Raven tão rápido que eu mal entendia o que ela dizia.
-Calma Raven-respondi tranquilizando-a.-Isso tudo está bem longe de ser culpa sua. A verdade é que a culpa é toda minha. Eu é que tenho que pedir desculpa por ter atrapalhado o passeio de vocês-anui
Todos me desculparam, dizendo que não havia problema e que ás vezes essas coisas acontecem, voltando ao ambiente leve de novo. Voltámos então á nossa caminhada e continuamos o nosso percurso.
Eu me deixei ficar para o final e quando reparei, Charles tinha esperado por mim e antes de retomarmos deu um beijo na minha têmpora, enquanto ninguém olhava, falando na minha mente, "Você não tem culpa, você sabe disso" e eu sorri de volta pegando na mão dele.
...
Enquanto andávamos, eu e Charles, partilhávamos opiniões e víamos todas as distrações disponíveis á nossa volta. Depois, Will chamou Charles e a muito custo (para o meu divertimento), ele se convenceu de que teria que largar a minha mão, me deixando para trás.
Continuei sozinha, atrás de Raven e Mel até ver um jovem tocando violão, no meio de tanto barulho, uma melodia linda. Assim como artista, parecia que minha alma tinha se enchido de esperança e fiquei parada um pouco ouvindo a melodia. O rapaz, que devia ter os seus vinte e poucos anos, tocava com uma naturalidade incrível e com delicadeza passava os dedos pelas cordas afinadas do instrumento produzindo um som angelical.
No meio de toda aquela confusão ninguém olhava para ele e eu distraída me deixei levar pelas lembranças de um passado nebuloso para mim.
Desde pequena que eu sempre fui uma pessoa musical. A única lembrança dos meus pais era o meu pai tocando violão e cantando, enquanto eu sentanda no colo da minha mãe, cantávamos desafinadamente com ele.
Sempre que lembrava daquilo, não conseguia de deixar de sorrir e provavelmente essa é uma das razões pela qual eu sou tão apaixonada por esse instrumento.
Aos sete comprei um com todas as economias que tinha juntado e aprendi a tocar sozinha.Agora ele deve estar esquecido em algum lugar....
-Você nunca esqueceu aquele violão não é?-perguntou um voz bem atrás de mim me fazendo saltar.
Charles entrelaçou as suas mãos nas minhas, ao lado da cintura e se aproximou mais de mim, apoiando o queixo no meu ombro.
-Sabe que se eu já não tivesse de olho em você, você já estaria perdida de novo- disse ele e eu corei.
-É que o violão é tão lindo...-murmurei baixinho
-Não tem problema eu já disse para os outros irem, que eu fico aqui com você. Assim você pode ficar o tempo que quiser vendo o violão- ele respondeu e eu sorri me virando para ele.
As mãos dele se soltaram das minhas, descansando na minha cintura e eu levei os meus braços ao seu pescoço.
-Obrigada. Você não precisava fazer isso- disse e decidi ser eu a dar um passo em frente dessa vez, dando um selinho demorado nele.
Meio surpreendido, ele deu um de volta e sorriu, dando um leve carinho na minha cintura.
-Mas eu sei o quanto isso é importante para você e eu queria que você aproveitasse ao máximo. Você raramente sai de Westchester, por isso, queria que você visse algo diferente.- respondeu- Aliás você voltou a tocar depois do... acidente?-perguntou ele reticente
-Podemos não falar disso?- respondi mais secamente do que queria e vi ele anuir com o meu tom-Desculpa...
Apoiei a minha cabeça no seu peito, xingando internamente por ter sido grosseira.
-Ei...- ele chamou e eu levantei a cabeça para olhar para ele.-Que tal comprarmos comprarmos um chocolate quente e continuarmos o caminho?-perguntou Charles com um sorriso carinhoso
-Sim. Isso parece um boa ideia-respondi devolvendo o sorriso e ele beijou o topo da minha cabeça, aquecendo o meu corpo inteiro.
-Mas primeiro quero que você coloque as minhas luvas. As suas mãos estão um gelo- avisou ele com ar leve mas ainda com um leve tom de autoridade e eu ri soprado.
Coloquei a luva na mão cortada e a outra dei a Charles que por sua vez ficou dentro do bolso dele e juntos deixamos o homem do violão para trás abrindo caminho pela multidão.
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Together In Ilusion (X-men)
RandomAnne Edwards ficou orfã aos cinco anos. Nunca soube como seus pais morreram e a únuca recordação que tinha deles era um medalhão com uma foto dos três quando ela era ainda bebê. Desde pequena que Anne sempre sentiu ser diferente. Não especial, apen...