Capítulo 1-O Início de tudo

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Apollo Theater,Nova Iorque (1948)

"Já estou aqui a uma semana.", pensei. Até aquele momento eles tinham sido minimamente agradáveis. Eram frios, isso tinha certeza, mas não eram de todo desagradáveis.

Estava frio e apesar de estar bem agasalhada, o vento gélido do outono me gelava até a espinha. Senti o braço da minha tia roçar o meu e lembrei do que estava fazendo. Junto com minha tia e meu tio estavamos indo em direção ao teatro. Era o passatempo que eles mais gostavam e naquele dia decidiram me levar junto.

O nosso motorista deixou a gente perto da pequena fila e a gente saiu andando em direção a ela. Eles entregaram o bilhete e entramos dentro do luxuoso edifício. Senti todos os olhares se voltarem para a gente e todos vieram cumprimentar os meus tios perguntando como estavam e que eu era. Eu sabia que eles eram ricos mas nunca pensei que fossem tão influentes.
A minha tia cumprimentava com um sorriso meio forçado e singelo e de forma elegante falava com todas as outras damas que lhe dirigiam a palavra, me apresentando a todos com as mão nos meus ombros.

Analisei todos com interesse. Assim como os meus tios, todos usavam roupas muito elegantes e formais. Usavam joias e tinham, sem dúvida maneiras diferenciadas das pessoas que eu via na rua todos os dias. Já estava tudo escuro lá fora enquanto dentro do edifício estava tudo iluminado e decorado. Por momentos tive pena daqueles que via na rua mendigando, será que eles tinham possibilidade de ver aquilo que eu via? Só gostaria de acreditar que sim...

Vi então pelo canto de olho, um casal perto do meu tio. Os dois eram muito elegantes e tinha posturas muito imponentes, mas o que mais me chamou a atenção foi o rapaz e a menina que estavam com eles.
Ele parecia ser mais ou menos da minha idade, usava um fato bem parecido com o do pai ela, provavelmente uns anos mais nova usava um vestido angelical. Provavelmente as primeiras pessoas que eu via ali sem serem adultas. Era tão aliviante!

Não demorou muito até as portas da sala de teatro se abrirem e todos entrarmos ordeiramente em direção aos nossos devidos lugares. Eu e os meus tios subido até os mais altos (o meu tio explicou serem os melhores e mais caros) e eu sentei no lado esquerdo, ao lado da minha tia. Para minha surpresa, o casal amigo dos meus tios, se aproximou e sentaram, justamente, junto da gente.
Ao meu lado estava então o rapaz que eu tinha visto na entrada.

Quando ele sentou sorriu para mim. O casal que estava com ele então cumprimentou, de novo, com os meus tios, conversando enquanto a peça estava para começar.

-Anne, não é?- perguntou gentilmente e eu abanei a cabeça envergonhada. Ele era bonito, tinha olhos azuis profundos, um sorriso gentil e o cabelo marrom muito bonito. Nunca tinha me sentido tão envergonhada com um menino, assim... Quer dizer eu convivia com muitos deles em Bristol mas nunca tinha pensado assim.
Foi entao que ele voltou a falar:

-Soube que são seus tios. Você veio de Inglaterra, não é?- perguntou quebrando o gelo.

-Sim, sou de Bristol.-respondi- Estou aqui tem uma semana. Estou adorando Nova Iorque. A propósito qual seu nome?- sorri

-Charles. Prazer... Que bom que está gostando!- respondeu- Se me permite fazer essa pergunta, mas porque vive com os seus tios?- perguntou e eu ruborizei. Não falava muito dos meus pais...

-Morreram- respondi mais fria do que queria- Eu tinha cinco anos. Agora os meus tios pediram a minha guarda e estou aqui.

-Me desculpe- pediu- não queria me intrometer. Minhas condolências- respondeu envergonhado e com menção a não abrir mais a boca.

-Não tem problema. Sério.- respondi abanando a cabeça para poder esquecer todas aquelas memórias e sensações ruins.- Acontece. Não posso fazer nada em relação a isso.- e sorri- Então você gosta de teatro?- perguntei sendo eu dessa vez quebrando o gelo.

-Sim gosto- respondeu ele parecendo mais confortável- Já vim aqui algumas vezes...- disse- Tenho gostado muito. Vamos ver se gosto dessa.

-É...- mas quando eu ia responder as luzes desligaram e a peça começou me fazendo calar a boca e nós os dois viramos para a frente prestando atenção na peça.

...

Tudo estava ótimo. Era uma peça em que uma moça e um duque se apaixonaram, mas para a infelicidade deles as famílias não concordavam e ele foi obrigado a ir para guerra. Lá ele morreu e a donzela arrasada, sofre pela morte do amor da sua vida.

A donzela estava no chão chorando. Enquanto todos tentavam consolá-la em vão.
Foi então que senti Charles me dar uma cotovelada de leve chamando a minha atenção para ele.

-Não parece que ela está mesmo chorando?- perguntou

Continuamos cochichando em todas as cenas, no meio do escuro. Ele me fazia sentir confortável ali. Até aquele momento, mesmo que gostasse dos meus tios, ele me fazia sentir confortável. Como se ele fosse simplesmemte familiar para mim...

...

Tudo estava simplesmente indo muito bem. Já estavamos no fim quando todos os atores estavam se despedindo, para a nossa surpresa cairam papoilas do teto!

Como era a flor que simbolizava o amor do casal da peça fazia muito sentido. O cenário estava lindo!

Olhei para Charles e senti seu olhar fixado em mim. Ele era lindo! Segurei a flor com cuidado e vi que as pétalas estavam ficando murchas... foi então que eu me concentrei e com os meus pequenos poderes curei-a. Charles não ia perceber e a papoila iria ficar mais bonita.

Quando abri os olhos de novo as pétalas tinham voltado a ficar vivas e brilhantes como se a flor estivesse viva. Quando me virei em direção ao menino ao meu lado, vi que seus olhos estavam esbugalhado.

"Você é igual a mim..." ouvi sua voz ecoar em minha cabeça. Fiquei um tempo racioncinando, tentando perceber se era imaginação minha ou não.

"Calma. Não fique preocupada. Você tem poderes, eu também! Eu sou igual a você.", explicou

Com a maior calma que tentei ter, para meus tios não perceberem ,olhei de novo para ele. Ele sorriu tocando sua mão na minha e reparei que ele estava com a minha papoila na sua outra mão. Todos nos levantamos e á saida os pais de Charles, chamaram os meus tios.

-Charlotte, Leopold!- chamaram- E que tal depois de amanhã vocês e a Anne forem tomar um chá com a gente?- perguntou o homem.

-Claro! Na hora do lanche pode ser?- perguntou meu tio sorrindo

-Combinado!- disseram os pais de Charles

Eu, Charles e a outra menina estavamos mais atrás e enquanto eles estavam distraídos me virei para eles.

-Acho que ainda não nos conhecemos...-eu disse olhando para menina ao lado de Charles.

-Ah! Esqueci...- respondeu Charles- Anne essa é a minha irmã Melanie.- me apresentou colocando as mãos nos ombros da irmãzinha.

Ela parecia tímida mas logo me cumprimentou de volta e com um sorriso foi em direção dos seus pais deixando eu e Charles sozinhos.

-Bem, parece que a gente se vê depois de amanhã...- ele disse com um leve sorriso- Assim eu posso explicar melhor. Bem, boa noite Anne.- ele disse e tirando a mão de trás das costas ele me ofereceu a papoila que eu tinha pegado no teatro.

Senti meu rosto ruborizar e agradeci a Deus com todas as minhas forças por estar escuro. Eu peguei gentilmente na flor que ele me estendia e com um sorriso envergonhado repondi:

-Boa noite Charles...

Together In Ilusion (X-men)Where stories live. Discover now