17. Seungmin é paciente

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Três pequenas pilhas de livros jaziam em lugares distintos do quarto vazio

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Três pequenas pilhas de livros jaziam em lugares distintos do quarto vazio. Da janela entrava apenas um tímido raio de sol do fim da manhã iluminando a poeira pairando no ar. A mão de Jeongin ardia na maçaneta da porta, segurando a alça da mochila no ombro.

O conforto de Seungmin sempre foi sua maior prioridade, disso não restava dúvidas, por mais que o mundo ao redor discordasse. E, se ele precisava de conforto, de tempo sozinho para pensar e botar a mente em ordem, então Jeongin iria embora.

Decretou que aquela era a última vez que olharia para seu quarto vazio, havia feito isso várias vezes naquela manhã. Era hora de ir. Buscaria aqueles livros outro dia. Assim como, em algum outro dia, eles tentariam de novo.

[...]

Ao fim do dia, quando Seungmin pisou no apartamento, percebeu-se sozinho. Que seu par de pés seria o único a pisar naquela sala de estar por tempo indeterminado, infinito e finito que, não importa por qual lado do prisma fosse visto, parecia nunca acabar.

Lembrou-se daquela mesma manhã, do corpo estirado sobre a extremidade de sua cama. Deitado de lado com um lençol sobre a cintura, suas curvas eram semelhantes a uma cordilheira. Já tinha visto Jeongin dormir tantas vezes em variadas situações, abraçando-o, deitando sobre seu peito. Tantas manhãs, mas nunca assim. Nunca tão perto.

No espelho, viu o nariz dele, tão fofo, Seungmin sentiu que fosse morrer de fofura. Chegou a estender o braço, o antebraço implorando para envolver a cintura de Jeongin. Hesitou, não o fez. Se soubesse que era a última vez, teria olhado por mais tempo. Se pudesse voltar no tempo, teria o abraçado.

Olhando para a tela de seu celular, Seungmin abriu o chat de conversa com Jeongin. Alguns vídeos, fotos de gatinhos, mensagens monótonas como "você ta vindo?", "vai dormir fora?". Pensou em enviar uma mensagem, mas digitaria o quê? Pediria que ele voltasse, que aceitasse ser marionete de suas confusões, para lá e pra cá à suas vontades?

Melhor assim. Se forçou a esquecer do celular, foi para o que costumava ser o quarto de Jeongin e acendeu a luz. Viu quase a mesma cena que Jeongin viu pela manhã antes de ir, a diferença era que o vento gelado da noite balançava a cortina e os livros esquecidos pareciam um pouco deslocados no cenário. Resolveu levá-los para a sala.

Entre os títulos nas lombadas, leu "Tarântula", "Temporada de Caça", "Frankenstein" e um sem. Seungmin franziu a testa. Àquela altura, já estava sentado de pernas cruzadas no chão empoeirado como se não pudesse esperar um único minuto.

Um livro sem capa, sem título. Quando abriu, era uma espécie de rascunho e, para sua surpresa, manuscrito. Folheou, vendo que o livro estava interminado. Na primeira página, um parágrafo no centro:

"Minhyuk e Sunghoon, duas figuras de personalidade simétricas, vivem juntos, se amam e acreditam ter de tudo para dar certo. O problema é que são assolados por uma maldição antiga, de origem desconhecida, que dita o seguinte: suas mãos têm toques mortais. Através do contato físico, absorvem a vitalidade da vítima, ocasionando perda de consciência e morte iminente. Apesar do toque de Midas mortal, insistem em ser um casal, dois corações atados dentro de corpos que não podem sequer pensar em se aproximar."

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