Capítulo 10 - Siri

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"Talvez ela esteja em prisão domiciliar", Lisa refletiu quando retornaram ao carro alugado de Roseanne, estacionado a um quarteirão da floricultura de Jihyo.


Elas estavam saindo de mãos vazias. "Ou é uma ladra internacional de joias que está em fuga e precisa se esconder."


Jihyo fechou sua loja às sete, e foi ao centro de vigilância delas assim que virou a placa da porta. Roseanne tinha visto Frederic por volta das oito da noite anterior e foi como se estivessem emanando energia elétrica dentro daquele depósito. Era como se elas pudessem sentir sua presença iminente. As três estavam amontoadas em frente à janela, esperando, quando o SUV azul parou.


Lisa não conseguiu ver dentro do carro até que a porta traseira se abriu e a luz do teto cortou a escuridão da rua, mas ela sabia em seu íntimo que ele estava dentro dele.


Ela o teria reconhecido em qualquer lugar. Mesmo que ela não pudesse ver o rosto dele claramente, ela saberia que era ele pela maneira como ele se movia.


Seu passo longo e fácil. Confiante. No controle de tudo. Como se ele não tivesse nenhuma preocupação no mundo.


Com uma caixa de pizza na mão e uma garrafa de vinho na dobra do braço, um cabernet, se ela tivesse que adivinhar, Frederic caminhou até o prédio. Ele digitou um código, abriu a porta e desapareceu.


Elas ficaram quietas por um tempo depois disso. A decepção tomou conta delas, retirando o calor da sala.


Assim que ficou óbvio que Frederic e a mulher não iriam sair, elas agradeceram a Jihyo por sua generosidade.


Jihyo insistiu que elas poderiam retornar no dia seguinte. Roseanne disse que elas estariam lá quando ela abrisse, mas Lisa estava cansada demais para responder. Uma pequena parte dela queria pegar uma carona até o aeroporto, deixar aquela bagunça para trás e voltar para casa para começar de novo.


Mas ela pensou na mulher no prédio. Ela era aquela mulher há apenas uma semana. Comer pizza e beber vinho na frente de um homem que se sentia feito sob medida para ela. Ele era doce e engraçado e uma mentira. Ela não podia ir embora. Não enquanto outra pessoa continuasse a viver no seu engano.


Roseanne ficou quieta durante quase toda a viagem de meia hora até o hotel suburbano onde estava hospedada e Lisa havia reservado um quarto.


Lisa queria saber o que Roseanne estava pensando. O que ela estava sentindo. Ela sentia a mesma dor nauseante? Ela não se atreveu a perguntar. Lisa respeitava o fato de a energia de Roseanne estar fechada, bloqueada e barricada.


O hotel era uma rede simples do outro lado da rua de um supermercado e shopping center. Ela não conseguia imaginar Frederic ali, e provavelmente foi por isso que Roseanne o escolheu. Nenhuma chance de topar com ele. O alívio tomou conta de Lisa, drenando sua energia restante.


Enquanto passavam pelas portas de vidro deslizantes, saindo do frio congelante e entrando na rajada de calor, Lisa decidiu que Roseanne também parecia deslocada ali. Mesmo de jeans, Roseanne tinha uma elegância invejável. Como se ela tivesse tudo sob controle. Como se tudo fizesse parte de um grande plano e ela estivesse três passos à frente, mesmo que não parecesse.

Amantes (ChaeLisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora