Capítulo 18 - Conexão

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A manhã chegou, trazendo consigo um buraco no estômago de Lisa. Ela fez a meditação do nascer do sol seguida por uma rotina de Pilates testada e comprovada que nunca deixava de energizá-la, mas nada afugentava sua sensação de desconforto.


Ela teve uma noite tão boa com Roseanne. Melhor do que boa. Foi a maior diversão que Lisa teve em semanas. Talvez até mais do que semanas, se ela fosse brutalmente honesta.


Pela primeira vez em muito tempo, ela estava livre. Totalmente imersa no presente. Ela não estava em casa esperando Frederic ligar para ela. Ou no apartamento de Minnie, esperando Frederic ligar para ela. Ou dizendo adeus a Frederic e o lembrando de ligar para ela quando aterrissasse.


E Roseanne parecia estar se divertindo também. Mais que se divertindo. Lisa sentiu algo mudando entre elas. Talvez ela estivesse louca, mas havia...uma energia.


Até não haver mais.


Lisa ligou o chuveiro, enchendo o banheiro de vapor. Roseanne obviamente ficou horrorizada com a perspectiva de dividir o mesmo espaço com ela. Ela estava estranha por causa de quem Lisa era para ela?


Deus, o que estou pensando? Você estava dormindo com o marido dela. Ela não ia simplesmente fazer pipoca e apagar as luzes.


Ela fechou os olhos e deixou a água quente escorrer pelos cabelos. A imagem de Roseanne fugindo de seu quarto repetia-se em sua mente. Mais do que sua partida, Lisa não conseguia superar o quanto ela queria que ela ficasse. Se a noite continuasse, elas não teriam que voltar a tudo isso. Voltar à caça de mais mulheres para devastar.


O shampoo ardeu nos olhos de Lisa, incitando-a a se apressar. Talvez elas não encontrassem mais ninguém hoje. Talvez houvesse um fim para a lista. Um limite para a crueldade inexplicável de Frederic.


No saguão, Roseanne esperava por ela com dois copos de papel e uma caixa da padaria do outro lado da rua. Assim que Lisa a viu, ela respirou fundo pela primeira vez desde que acordou. Roseanne não estava fazendo nada tão ultrajante quanto sorrir, mas estava esperando por ela com o café da manhã na mão. O pavor que pairou sobre Lisa durante toda a manhã se dissipou. Não ficaria um clima estranho.


"Eu trouxe aquele chá que você gosta. Aquele que cheira a grama lamacenta."


Roseanne entregou-lhe uma xícara em vez de dizer olá. Com os óculos escuros, era mais difícil ler sua expressão, mas Lisa sentiu que isso era um sinal de que sua saída abrupta na noite anterior não foi qualquer coisa.


Roseanne falava mais com ações do que com palavras.


Lisa riu, o alívio inundando seus músculos relaxados. "Você realmente deveria mudar para o chá. É muito melhor para o estômago do que café. Principalmente o chá de gengibre, mas o verde e a hortelã-pimenta também trazem muitos benefícios."


O rosto de Roseanne—a parte desobstruída pelos óculos escuros— permanecia impassível. "Nunca adquiri o gosto por folhas cozidas." O gole que ela tomou de café equivalia a uma risada depois de uma mensagem.

Amantes (ChaeLisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora