Capítulo 30 - Incrível

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Na cozinha, Roseanne preparou um saquinho de chá. Ela tentou dormir, mas depois de rolar sem parar, aceitou que precisava de algo para acalmar o desconforto no estômago. Algo diferente dos dois punhados de antiácidos que ela enfiou goela abaixo.

"Você adquiriu gosto por folhas cozidas na minha ausência?"

Roseanne não se virou, embora o som da voz de Lisa a surpreendesse. Seu primeiro pensamento foi para suas roupas. Uma pontada de arrependimento puxou sua barriga. Ela deveria ter colocado o short de seda azul com monograma, e a blusa que Jennie lhe deu de presente de Natal.

Ela só pegou o moletom porque ele estava mais próximo.

"Aposto que você se acha tão fofa quando se vangloria." Roseanne não se apressou em jogar o saquinho de chá usado no compactador de lixo ao lado da pia e pegar o mel.

Quando ela se virou, com a caneca na mão, Lisa estava encostada no balcão. Sua camiseta preta enorme estava cortada de forma tão agressiva que um ombro inteiro e todo o seu abdômen estavam à mostra. Seu short cinza largo parecia um moletom velho que ela cortou para ficar minúsculo.

O que diabos há de errado comigo?

Roseanne forçou os olhos a desviarem-se do corpo da garota. Ela não podia objetificar outras mulheres em geral e, definitivamente, não esta mulher em particular.

Não de novo, ela disse a si mesma em termos inequívocos. Chega de justificar pensar nela. Ou fantasiar. Seu cérebro obviamente não conseguia distinguir entre curiosidade desapaixonada e. . . e o que? Luxúria? Jesus.

Ela mal havia formado a palavra em sua mente antes que seu pulso tentasse sair da artéria carótida.

"Eu me acho fofa?" Lisa inclinou a cabeça para o lado, o cabelo solto caindo na frente do peito e quase tocando a barriga nua. "Eu acho que tenho meus momentos."

Roseanne voltou sua atenção para o rosto de Lisa. Para seus grandes e expressivos olhos castanhos que pareciam querer travessuras.

Segura sua onda. Ela tomou um gole de chá, embora lhe queimasse os lábios.

Ela precisava de algo para fazer que não exigisse olhar para Lisa.

"Você veio aqui para me implicar comigo, Lisa?"

Lisa riu. "Droga. Você vai me mandar para a sala do diretor?" Ela arqueou a sobrancelha como se tivesse se impedido de dizer mais alguma coisa.

Uma imagem selvagem invadiu a mente de Roseanne sem ser convidada.

Jesus Cristo. Eu nem gosto de palmadas.

Roseanne mudou seu peso entre os pés descalços.

"Na verdade, estou morrendo de fome, mas não pensei em trazer nada", confessou Lisa.

"É isso que você pensa de mim? Que vou ter comida em casa e não dividir com você?" Roseanne fez questão de largar a caneca e abrir a despensa que havia abastecido com salgadinhos.

Então ela abriu a geladeira e o freezer.

Lisa a observou sem falar, mas o canto de sua boca estava curvado em diversão. Ela era uma gata, observando com prazer contido.

"Oh, me desculpe. Você terminou? Devo bater palmas ou aplaudir de pé?" Lisa riu antes de sair do balcão e pegar um iogurte. "Sabe, a maioria das pessoas diria apenas que há coisas na geladeira."

Amantes (ChaeLisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora