Capítulo 24 - A volta de Frederic

335 44 11
                                    



Nada poderia ter sido mais diferente do jantar com Lisa do que esperar que Frederic passasse pela porta. Roseanne estava na cozinha ensolarada de sua casa de estilo espanhol antigo. A casa estava cheia de arcos, paredes de estuque branco e vigas antigas de madeira, mas em nenhum lugar elas eram mais grandiosas do que na cozinha.


Roseanne geralmente adorava sentar-se no final de sua enorme ilha de mármore, a luz filtrada pela janela com vista para a piscina e a casa de hóspedes. Muitas vezes ela começava o dia sentada no mesmo banquinho, respondendo e-mails enquanto esperava o café.


Ela sempre encontrou conforto na rotina, mas agora aquilo parecia uma blusa de gola alta de lã que coçava lentamente e a deixava louca. Nenhuma quantidade de arranhões aliviaria o fogo sob sua pele. O vôo de Frederic pousara às quatro da tarde e eram quase cinco horas. Ele estaria em casa a qualquer momento.


Quando a porta da frente de madeira esculpida do século XVII que ela importou de um mosteiro andaluz se abriu, ela quase pulou do banco.


"Ei, babe! Estou em casa!" A voz de Frederic, profunda e aveludada, foi uma facada direta em seu estômago dolorido.


Roseanne fechou os olhos, respirou fundo e entrou no personagem. Ela poderia fazer isso. Ela poderia desempenhar esse papel. Era apenas uma cena. Um ato temporário. Ela não precisava estar em seu corpo, ela poderia se distanciar.


"Estou na cozinha." A voz de Roseanne não saiu tão alta quanto ela queria. Era fino, quebradiço e estranho aos seus ouvidos.


Se recomponha. Agora.


Rangendo os dentes, Roseanne desceu da bancada. O piso estava frio sob seus pés descalços, fazendo-a entrar em ação.


"Aqui", ela repetiu, disfarçando-se de confiança.


Quando Frederic atravessou o hall de entrada e passou pelas escadas curvas,


Roseanne encontrou-se com ele na sala grande. Vestido com um suéter verde-escuro e jeans, Frederic estava barbeado. Suas covinhas cortavam suas bochechas acima do queixo quadrado. Roseanne normalmente o acharia atraente assim, especialmente depois de tanto tempo ausente, mas tudo o que ela sentia por ele era repulsa.


Ele largou a mochila de couro em frente à lareira fria e abriu os braços. Não havia razão para ele não deixar a mala na escada. Era como se ele tivesse planejado o momento para um efeito dramático. Como ela nunca notou coisas assim antes?


Roseanne aguentou o abraço, mas virou o rosto quando ele foi dar um beijo.


Acertar sua bochecha já era ruim o suficiente. Se ele tivesse roçado os lábios nos dela, ela poderia ter vomitado.


"Eu senti tanto sua falta." Ele a abraçou com tanta força que ela quase pôde acreditar nele.


"Eu também", ela respondeu, com o rosto pressionado contra o peito duro dele.

Amantes (ChaeLisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora