Capítulo 7 - Campana

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O final da tarde na Filadélfia estava frio e tempestuoso. Roseanne não precisava de óculos escuros, mas os manteve como uma camada adicional de disfarce. Não que ela esperasse que Frederic a reconhecesse dadas as circunstâncias, mas ela não correria nenhum risco. Estacionada na rua em frente à única entrada pública do hotel, ela estava muito perto de progredir.


Era um pequeno hotel, do tipo que tem porteiro. Frederic disse que adorava o charmoso tijolo vermelho do velho mundo, mas ela tinha certeza de que era outra coisa. Uma grande rede de hotéis não seria tão discreta.


Nos últimos três dias, ela estava sentada em seu sedã alugado – um carro prateado despretensioso que se misturava ao cenário – enquanto observava o hotel de Frederic em Center City. O hotel onde ele sempre dizia que ficava, mas onde ela não o tinha visto entrar ou sair desde que chegou. Uma ligação para a recepção revelou que ele definitivamente havia feito o check-in, mas não poderia dormir lá a menos que estivesse descendo de rapel do telhado para evitar a porta da frente.


Como o novo restaurante que ele visitaria ainda não tinha nome, ela não tinha como saber onde ele estava. Ela tentou encontrar maneiras sutis de obter informações sobre a localização dele, mas, antes de pedir um endereço - o que ela nunca tinha feito em quinze anos - ela estava esperando que ele visitasse o hotel para poder segui-lo de lá.


Inquieta, ela lhe enviou uma cesta de presente para o hotel, esperando que isso o forçasse a sair de sua caverna adúltera. Já fazia anos que ela não fazia algo assim, e foi necessária toda a sua determinação para não jogar o telefone pela janela enquanto digitava a doce mensagem que queria escrita no bilhete.


O sacrifício valeu a pena. Como ela esperava, o hotel ligou para Frederic e avisou que havia algo de sua esposa esperando por ele. Ele não confiaria neles para lhe dizer o que era. Ele gostaria de ver por si mesmo.


Previsivelmente, o telefone de Roseanne tocou com uma foto vinte minutos depois que ela viu Frederic saltar da traseira de um carro de aplicativo e entrar no hotel.


Frederic estava posando com um ursinho de pelúcia que ela incluiu entre as bugigangas. O que ela não daria para enfiar aquela maldita coisa na garganta dele.


Ampliando a foto, Roseanne percebeu todos os pequenos detalhes que ele passou algum tempo capturando na foto. Atrás dele e do urso que ele segurava perto do rosto, a mesa de cabeceira era visível. Ele se deu ao trabalho de conectar um carregador de telefone e deixá-lo pendurado para o lado, como se tivesse acabado de retirá-lo para tirar a foto. Seu relógio também estava lá, junto com uma garrafa de água pela metade. A cama estava desfeita, e não apenas com o edredom puxado para trás. Os lençóis estavam bagunçados, como se tivessem dormido neles.


Sabendo que ele não havia passado a noite ali, ela o imaginou rolando na cama para fazer com que parecesse crível.


Quanto tempo ele gastou em coisas assim? Ao pensar tantos passos à frente que ela nunca suspeitaria. Nunca duvidou dele, nem por um momento.


Obviamente funcionou, ela pensou com um frio nauseante no estômago.


Amantes (ChaeLisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora