Sentada em frente à lareira do Airbnb que ela compartilhou com Lisa há muito tempo atrás, Roseanne deixou o calor queimar sua armadura.
Tudo o que ela deveria pensar, deveria sentir, deveria ser, caindo pelas bordas e lentamente se transformando em cinzas.
Precisando se sentir limpa, ela tirou a roupa e mergulhou de cabeça na piscina. Iluminada apenas pela luz da piscina, ela nadou até que seus braços doeram pedindo por uma pausa, e seu peito ardeu por falta de ar.
Ela deixou a raiva vir enquanto se esforçava para nadar mais rápido, para esticar ainda mais o corpo.
Atraindo sua raiva para uma armadilha, ela se permitiu pensar em cada coisa que alimentou sua raiva durante meses.
Ela tinha sido uma tola. Uma cega, confiante, ingênua e tola.
Ela estava com vergonha. Humilhada por todas as vezes que Frederic mentiu na cara dela e ela aceitou sem questionar.
Ela se permitiu ser enganada e desistir de toda a sua juventude. Desperdiçando seus melhores e mais energéticos anos em uma mentira.
E não havia nada que ela pudesse fazer para mudar isso. Não havia como voltar atrás, forçar-se a escolher alguém que não fosse Frederic.
Se defender e criar espaço para seus próprios desejos.
Lágrimas misturadas com água da piscina e suor. A dor no peito tornou mais difícil regular a respiração e continuar nadando, mas ela nem sequer diminuiu o ritmo. Ela nadou até o fundo e gritou, deixando a água abafar o som.
Extravasar isso através de seu corpo era a única maneira de extirpar a raiva inútil. Aceitar que a única coisa que poderia controlar era o futuro. Que nenhuma quantidade de sofrimento que Frederic sofresse iria desfazer sua dor.
Quando não teve mais energia para nadar, Roseanne virou de costas. Flutuando, ela olhou para a lua crescente, o peito arfando, os olhos ardendo e os seios da face queimando.
Foi a primeira vez em muito tempo que ela se sentiu livre da frustração constante. Ela deixou a água levá-la para onde quisesse.
Ele desperdiçou o tempo dela, muito tempo, mas não desperdiçou a vida dela.
Roseanne fechou os olhos e fez uma pergunta simples a si mesma.
O que você quer?
Instintivamente, seus pensamentos se voltaram para o que ela sempre achou que queria. Dinheiro. Status. Sucesso. Vencer. Ter uma vida que as pessoas invejassem.
Ela se soltou na água. Deixando-se ficar de pé.
O que eu quero?
A voz de sua mãe era como uma mão em volta de sua garganta, ameaçando arrastá-la para baixo. A repreendendo pelo exercício mental frívolo. Dizendo a ela para crescer. Para endurecer. Parar de chorar por sua vida perfeita.
Lembrando-lhe que enquanto ela se afundava na autopiedade, Alice teria dado qualquer coisa para estar viva. Roseanne era ingrata e egoísta. Uma mimada miserável que estava encontrando uma maneira de arruinar uma vida perfeita.
Incapaz de seguir em frente, Roseanne deixou-se chorar novamente. Não pela primeira vez, ela se perguntou o que Alice teria feito da vida se não tivesse ficado doente. Alice não teria desperdiçado tanto tempo como ela fez.
Em vez de alimentar os pensamentos destrutivos, ela nadou até os degraus e saiu da piscina com as pernas exaustas e trêmulas.
Nua, ela permitiu que a água se acumulasse em torno de seus pés enquanto tirava o telefone das roupas que empilhava na cadeira ao lado da lareira. Ela acessou o site do lugar que encontrou naquele dia. Um retiro holístico de bem-estar, exclusivo para mulheres, em uma ilha isolada perto de Florida Keys.
Eram quase três da manhã na Flórida e ela não esperava que ninguém atendesse sua ligação. Quando o telefone tocou, ela tentou redigir uma mensagem para que não fosse uma bagunça incoerente.
Quando uma voz de mulher apareceu do outro lado da linha, Roseanne não sabia o que dizer.
"Olá?" a mulher repetiu.
"Oi, hum. Eu sou... eu", ela não conseguia se conectar com sua mente.
"Querida, você está em um lugar seguro?"
"Sim", Roseanne assegurou-lhe. "Eu só... encontrei seu site e estou me divorciando." Não era com sua separação que ela precisava de ajuda, mas era a maneira mais fácil de enviar uma mensagem no escuro.
"Bem, então, acho que você ligou para o lugar certo. Fornecemos a muitas pessoas que se identificam como mulheres um ambiente estruturado, seguro e confortável para curar, processar e saber quem elas são, para que possam viver a vida de uma forma clara e consciente."
Roseanne fechou os olhos e ouviu a gentil mulher recitar termos como luxo, orgânico, ioga e uma longa lista de tipos de terapia, incluindo TCC, EMDR, arteterapia e, muito inesperadamente, terapia assistida por golfinhos.
Uma hora depois, Roseanne entrou em casa e tomou banho. Em poucas horas estaria de volta em um vôo para Miami, onde um carro iria buscá-la e levá-la até uma balsa que a levaria a um lugar que prometia ser o melhor primeiro passo.
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Amantes (ChaeLisa)
FanfictionRoseanne tem uma carreira bem sucedida, e um casamento bem sucedido com o seu namorado de faculdade. Seu amor jovem. Sua vida era perfeita, até que ela descobre... As amantes. Não é uma história minha, é uma tradução/adaptação. Todos os créditos par...