Capítulo 13 - Lisa

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Quando Roseanne saiu do prédio e foi para a calçada, o sol já estava se pondo. Eram apenas quatro e meia da tarde, mas a cidade estava envolta em um frio escuro e gelado. Escuro, cinza e miserável. A atmosfera agarrou-se a Roseanne, sufocando-a. Agarrando seu peito.


Não me admira que as pessoas tenham transtorno afetivo sazonal. Seres humanos não foram feitos para viver sem luz solar. Sem calor e cor.


Atrás dela, ela ainda podia ouvir os gritos da mulher. Foi um eco que as seguiu até o elevador e desceu cinco andares.


Camadas e mais camadas de pedra sólida a separavam de Eva, mas ela não conseguia tirar o som dos ouvidos.


Ficou óbvio, nos primeiros dez segundos de conversa, que Eva estava surpresa.


Como ela.


Como Lisa.


Como Megan.


Nenhuma delas conseguia acreditar que Frederic fosse capaz de algo assim. Mas as provas eram indiscutíveis.


"Você acha que Frederic vai acreditar nela? Sobre por que ela está indo para a Califórnia com tanta pressa?" A voz de Lisa puxou Roseanne de volta ao seu corpo.


Sua voz estava rouca. Roseanne imaginou que a garganta de Lisa estava em carne viva por causa de todo o choro que ela chorou junto com Eva. Não tão forte ou desesperador, mas em um fluxo constante.


"Não sei." Roseanne diminuiu a velocidade, sem perceber que estava praticamente correndo em direção ao estacionamento. Ela agradeceria a Jihyo e pagaria pelo uso de sua loja amanhã, mas agora ela só queria sair daquele maldito quarteirão. "Se ela me ligasse chorando daquele jeito e dissesse que a prima dela sofreu um acidente e ela estava partindo no próximo vôo para apoiar a tia, eu acreditaria nela."


"Megan terminou com ele. Eu estou evitando ele. Eva está fugindo para a Califórnia." Lisa abriu a porta da escada da garagem e segurou-a para Roseanne. "Ele vai começar a se perguntar o que diabos está acontecendo."


Roseanne subiu dois andares correndo, ansiosa para gastar a energia nervosa presa em suas coxas. Quando chegou ao patamar, Roseanne segurou a porta aberta para Lisa.


"Ele não suspeita", respondeu Roseanne com confiança. "Nós saberíamos se ele suspeitasse."


"Não acho que Eva vá resistir." Lisa deu a volta até a porta do passageiro.


Roseanne sentou-se no banco do motorista e ligou o carro.


"Eu também não acho", ela concordou.


Eva estava uma bagunça absoluta. Parte de Roseanne queria fazer um comentário sarcástico sobre como ela conhecia Frederic há apenas seis meses, mas ela não podia ignorar que a angústia de Eva era real.

Amantes (ChaeLisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora