06 MESA POSTA

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Dia 2

Na manha seguinte Thiago foi bocejando até a cozinha. A luz que entrava pelas portas de vidro do jardim eram idênticas a aurora de madrugada, lilás e amarelo claro.

O rapaz abriu a geladeira ainda com os olhos se acostumando à luz. Olhou por alguns segundos decidindo o que pegar. Até que retirou alguns legumes, ovos e potes de conserva caseira. Indo até a pia encontrou uma surpresa.

A sacola que levou para Marina ontem. Estava aberta e mostrando o pote e talheres sujos. Ele não gostou do que viu. Colocou suas coisas na bancada e encarando aquela sacola suja resmungou:

— Que mal educada.

— O que disse? 

Thiago se surpreendeu ao ouvir a voz dela e ao vê-la deitada no sofá, mas rapidamente mudou a expressão para bravo e disse claramente que a moça devia ao menos ter lavado o pote.

— Pode deixar ai que lavo depois. — contornou Marina.

"Que maluco." pensou em seguida.

Mas ele revirou os olhos, bravo, e começou a lavar.

— Ei... Eu disse que ia lavar.

— Mas preciso de espaço agora para cozinhar.

— Não pode por de lado?

Thiago não respondeu, apenas fez o serviço. Marina ficou sentada, com olhar contrariado assistindo ele cozinhar.

— Quer ajuda? — perguntou,  sentindo que devia agrada-lo um pouco.

O rapaz parou um segundo antes de aceitar. Nem olhou para ela e disse que podia por a mesa, usou um tom tentando ser gentil.

— Certo. — levantou e quis saber onde estavam os pratos.

Indicou onde estavam: a toalha da mesa branca com bico de renda em padrões quadrados estavam na gaveta grande. Os guardanapos de tecido azul claro estavam ao lado junto as argolas deles. O jogo americano redondo em tom pérola na gaveta de baixo. Os talheres na gaveta fina da bancada da cozinha. Os copos finos e altos no armário de cima. Os pratos e bandeja de serviço ao lado. Marina começou a pensar que o esquisito estava se vingando por que parecia um exagero tudo aquilo.

Quando ela terminou de arrumar a mesa ele veio olhar.

— Bom trabalho! — disse voltando ao bom humor e estendendo o braço para acariciar a cabeça dela.

Mas o rapaz parou a mão no ar, lembrando que ela o havia rejeitado antes. Marina o viu recuar a mão e depois repetir o gesto de esfregar o próprio ombro com rosto triste.

Thiago voltou a cozinhar e a moça ficou com aquilo na cabeça.

"Por que ele parece tão magoado com aquilo?" se perguntava mentalmente.

O esquisito serviu um prato colorido. Omelete fofinha e redonda coberta por cebolinha verde. A lado Chucrute em tiras bem finas de repolho roxo e cenoura. Pepinos e tomates frescos com sal e azeite. Duas torradas pequenas e fatias de figo. Por fim trouxe suco de morangos congelados,  na jarra.

Marina pensou que ele parecia um nutricionista e que nunca tomou um café da malha tão colorido. Mas tudo isso a moça pensou com tom de aborrecimento e indiferença.

Thiago ao contrario comia de bom humor o que a fez melhorar o humor também.

~ ~ ~

Depois daquele desjejum o rapaz foi lavar a louça e Marina se ofereceu para ajudar. Ele aceitou com um sorriso. Enquanto lavava ela enxugava e guardava. Logo notou a máquina de lavar logo abaixo e perguntou por que não estava usando.

— Ela está com defeito.

— É só consertar, não deve ser difícil. Pode levar para algum técnico.

— Meu pai vai concertar quando voltar. — disse ele num tom baixo e reflexivo. Com se estivesse lembrando de algo triste.

— O que foi? Aconteceu algo entre você e seu pai?

Thiago ficou triste e acenou que sim com a cabeça.

—Então converse com ele. Tenho certeza que vão se entender.

Nesse momento o "esquisito" pendeu a cabeça para perto se apoiando no ombro dela e encostando a bochecha.

Marina não gostou nada daquilo, ela se afastou institivamente. Thiago se surpreendeu com o afastamento. Olhou para ela — como um cãozinho abandonado — foi o que pensou.

— Você é muito fria. — resmungou em tom triste.

A moça não respondeu, mas pensou que ele é que era carente.

Quando terminou a louça o rapaz pegou alguns produtos de limpeza e foi limpar as janelas de vidro que davam para o jardim. Marina ficou indignada olhando e perguntou se eles não iriam sair dali hoje.

Thiago disse que hoje era o dia de limpar as janelas. Surpresa ao ouvir que ele iria limpar todas as janelas do palácio.

— Para quê toda essa limpeza? — disse surpresa ao ouvir que iria limpar todas as janelas do palácio.

— Por que é minha obrigação para com meu povo. No momento eu só posso manter tudo arrumado até alguém voltar.

— Seu povo? Não me diga que você é.

— Uhum! Eu sou atlante. Por isso tenho que cuidar da cidade, é tudo que me restou. Cuidar desse palácio me ajudar a continuar esperando... — as palavras saíram baixas no final como se algo cortasse seu coração.

"Isso não pode ser brincadeira. Olha a cara dele, olha esse lugar. As luzes n teto, aquele submarino, a caverna... Eu devo estar em coma. Eu não posso ter morrido. O céu não seria assim, nem o inferno, suponho."

Vendo que o rosto de Marina estava confuso e suas sobrancelhas se curvavam, hora em raiva outras em tristeza. Thiago se aproximou esfregando o ombro dela

 saindo do estado "chocada" olhou para ele indignada

—  O que está fazendo? Porque fica toda hora me tocando? — disse ela indignada saindo do estado de choque que se encontrava.

— Estou consolando você. Os humanos não se consolam?

— Não preciso do seu consolo. Preciso que me leve para fora daqui. Para o meu povo!

Thiago não respondeu, seu rosto ficou emburrado e os olhos tristes contrastavam com o bico nos lábios. As palavras dela e foram respondidas com silêncio e o rapaz seguiu limpando as janelas.

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Trinta Dias Em AtlântidaOnde histórias criam vida. Descubra agora