Trinta Dias Em Atlântida

16 SANDUÍCHES E LIVROS

Dia 7

Marina acordou cedo e arrumou sua cama.

"Pronto, agora estou me sentindo na marinha. Ainda vou ter que limpar e cumprir ordens. Se bem que esse lugar é diferente de um quartel... Ao menos hoje vou tentar ser legal com aquele cara...", pensou abrindo a porta e sentindo o cheiro de pão assando.

Ao chegar na cozinha a moça elogiou o cheiro e perguntou o que seria servido.

— Bom dia. Teremos Homus de grão-de-bico com cebola, cenoura e pepino. — disse desconfiado do bom humor dela.

— E o pão? — quis saber apontando para o forno, de onde vinha o cheiro delicioso.

— Para o almoço. Vou preparar sanduíches.

— Vai fazer o almoço agora? — perguntou inclinando a cabeça com olhar confuso.

— Sim. Hoje não tem limpeza, vou ficar na biblioteca.

— Então finalmente está tudo limpo? — franziu a testa pensando que tinha se preparado por nada.

— Não, sempre tem o que limpar. Mas preciso de descanso e tenho outros compromissos.

— Que outros compromissos? — a humana arregalou os olhos e sorriu imaginando que não havia nada para fazer ali.

"Olha essa risada. Será que está debochando de mim? Não tenho que suportar isso." o atlante pensou levando os pratos para a mesa.

"Ele está me ignorando novamente. Como isso me irrita... Estou tentando ser legal com você hoje! Facilita criatura!"

Thiago sentou-se a mesa e foi logo acompanhado. Ela olhou aquele prato lindo e colorido com pasta de grão-de-bico e vários legumes cortados em palito para acompanhar. Logo mergulhou uma cenoura no Homus e sorriu.

— Está uma delicia você cozinha muito bem! — elogiou afagando a cabeça dele.

— Obrigado... Eu gosto de vê-la assim, sorrindo. — soltou essas palavras junto com um olhar grato que pegou Marina desprevenida.

"Isso foi uma cantada? Eu não aguento esses olhos sobre mim..." retirou a mão devagar ainda surpresa que seu coração reagiu inesperadamente.

Decidida a não demonstrar nada, se concentrou em comer. Evitou retornar os olhares confusos que o atlante lhe direcionou algumas vezes. Portanto ficaram assim, em silêncio.

Quando terminaram a refeição, o rapaz foi ao forno retira o pão. Moeu amendoins na hora, fazendo a pasta temperada com especiarias. Recheou as fatias de pão com repolho, alface, rúcula, rodelas de pepino e tomate, cenoura ralada e filé de peixe empanado.

— Que lindo, nunca vi um sanduíche tão colorido! — a moça tentou iniciar uma conversar. 

Mas Thiago disfarçou um sorriso e não respondeu.

— Eu queria saber que compromissos são esses? — usou uma voz do novamente, se apoiando na bancada com um olhar interessado.

— Além de manter tudo limpo e organizado eu preciso continuar os estudos como príncipe herdeiro. — ele cedeu.

— Você vai ficar estudando hoje? — ergueu o corpo surpresa.

— Sim, amanhã também. 

— Você é muito dedicado. — elogiou apoiando o rosto em uma das mãos, com o cotovelo na bancada.

O atlante não lhe respondeu com palavras, apenas lhe lançou um olhar doce com aqueles grandes olhos castanhos transbordando de gratidão. Marina imediatamente saiu da posição.