19 SURPRESA

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Dia 10 

Marina se olha no espelho e está mais magra.

"Nossa toda essa alimentação saldável teve efeito! Olha, até minha pele esta mais bonita. Um ponto positivo desse lugar. Se bem que estou com pena do Thiago agora... Ahf... O que será que ele vai fazer sozinho aqui? Estou até arrependida de ter barganhado nossa ida ao porto hoje. Mas não posso ficar aqui, nem me preocupando com ele. Tenho que voltar para casa!" a moça sai do quarto determinada.

Quando chega na cozinha, o rapaz está forçando um sorrindo enquanto prepara a refeição.

"Pobrezinho... Nem acredito que ele concordou que me levaria para casa se fossemos ao porto e não houvesse mais tubarões por perto" refletiu e olhou em volta, evitando encara-lo "Essa cozinha e dividir as refeições com Thiago já se tornou habitual para mim. Sentirei falta."

— Bom dia! Eu fiz shakshuka. Você gostou tanto naquele dia... Também preparei sanduiches para o almoço... — disse servindo os pratos na mesa posta e olhando para eles como se despedisse da ultima vez que colocaria duas refeições lado a lado ali.

— Sanduiches? Não me diga que assou pão de madrugada! — se surpreendeu.

— Eu não consegui dormir. Então fiz isso para nossa ultima refeição juntos. Ao menos almoçaremos juntos antes de desembarcar.

A voz e expressões do atlante a fizeram querer chorar.

— Como você disse não teremos certeza se poderemos partir sem verificar antes. Vamos não fique assim! — animou fazendo carinho na cabeça do rapaz.

Ele recebeu aquele afago como se fosse algo sagrado. A olhou nos olhos com tanto amor que quis abraça-lo. Talvez beija-lo. Thiago se aproximou delicadamente abraçando-a pela cintura com uma mão e a outra atravessou suas costas alcançando o ombro do outro lado.

— Você tem sido meu sol nesses últimos dias. Nunca vou esquece-la Marina Gomes. — afastou-se um pouco tocado o rosto da humana com a mão.

Estavam tão próximos que a moça entreabriu os lábios esperando receber um beijo. Mas o rapaz correu os dedos pelos cabelos  dela alcançando a nuca e finalmente a abraçando novamente. Dessa vez virou o rosto para que a testa dela encostasse em sua bochecha.

— Em Atlântida receber esse toque na testa é um sinal de profundo apreço. Vindo de alguém da realeza é um prêmio pelos serviços prestados. — sussurrou.

Marina fechou os olhos sentido o peso daquelas palavras.

"Por que teve que fazer isso? Você deveria está comendo na minha mão agora. Mas eu que estou desejando não ir embora. Os abraços dele estão, cada vez, melhores. Esse cheiro, os seus malditos toques e carinhos! Que vontade de me despedir de você com um selinho. Mas eu acho que mataria o carentão se fizesse isso. Ou o deixaria obcecado por mim..."

~ ~ ~

Após a refeição os dois saem juntos em direção ao porto. Thiago faz questão de segura-la pela mão e andar o mais junto possível.

"Ele está tentando aproveitar até o ultimo minuto. Mas se continuar assim nossas pernas vão se bater e vamos cair!" reclama mentalmente.

"Eu não quero que vá... O que tenho que fazer para que peça para ficar? Se pudesse esperar só mais vinte dias. Talvez eu fosse com você... Não! Eu não posso partir. Essa é minha terra, meu povo. Mesmo que as chances sejam mínimas eu preciso esperar. Deve haver mais atlantes sobreviventes. Mesmo que seja um! Preciso estar aqui para recebê-lo." tentava se convencer.

Trinta Dias Em AtlântidaOnde histórias criam vida. Descubra agora