25 TODA A VERDADE

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Dia 21

"Thiago rejeitou meu beijo e afirma que quer apenas minha amizade. Mas está muito mais invasivo que antes. Isso não vai dar certo. Está claro que ele tem sentimentos reprimidos quanto a mim." suspirou olhando o jardim com a macieira, pela janela de seu quarto "Eu só quero voltar para casa..."

O som do processador despertou a humana de seu devaneio. Afastando-se da janela, seguiu para a cozinha e se encostou no umbral da porta observado aquele homem trabalhando massa de macarrão caseira enquanto triturava gelo, manjericão, alho, sal, nozes, azeite e pimenta-do-reino.

— Bom dia! — disse o atlante com um sorriso que logo se desfez vendo-a encarar suas pernas.

"Por favor para de me olhar assim, eu fico me sentido mal..."

— Será que podemos ir ao porto hoje? — perguntou lançando um olhar tristonho para o rapaz.

— Temos que lavar as janelas hoje...

— Por favor Thiago. — pediu, agora esfregando o próprio ombro imitando o autoconsolo dele.

— Você está sentido saudades de sua família? — se aproximou para consolá-la sentido o coração apertado pela dor dela.

— Muita... — murmurou em súplica com seus exóticos olhos verdes encarando-o.

O atlante não teve outra alternativa, a não ser concordar e abraça-la demoradamente esfregando seus ombro usando o consolo de sua cultura.

"Não me trate com todo esse carinho que só aumenta minha culpa. Eu sei que foi golpe baixo te imitar. Mas eu só quero ir para casa. A relação está ficando cada vez mais confusa entre nós. Me perdoe..."

~ ~ ~

O rapaz entrou relutante no submarino. Fez sons desanimado e hesitou em ligar o raio-X para verificar se o caminho estava livre. Moveu para todos os lados e não havia nada no oceano.

— Faltam apenas nove dias Marina, seja paciente por favor. — desejou com todas as forças que ela não lhe pedisse para ir imediatamente.

— Mas você prometeu que se o caminho estivesse livre...

— Eu não vou suportar passar por... Apenas quatro dias, em quatro dias minha prima...

A humana se levantou da poltrona que ficava atrás do piloto e tocando no ombro de Thiago se agachou. Os olhos do atlante estavam alagados e as gotas escorreram quando ele fechou para sentir o toque da mão da moça em sua bochecha.

— O que tem sua prima? Se quer que eu espere um dia ou mais, vai ter que me contar tudo! Não me esconda nenhum detalhe.

— Minha prima é a última criança que restou. Seu nome é Irene ela é dois anos mais velha que eu... — pausou demoradamente como se sentisse uma dor dilacerando seu peito.

— Última criança? Mas ela é mais velha que você?

— Eu tinha dez anos quando fui criogenado, ela tinha dose. Após as cidades terem sido tomadas pelos telquinos, meu pai julgou que congelar a população por cinquenta anos seria a melhor alternativ...

— Cinquenta anos? — Marina levantou o tom de voz sem perceber.

— Sim, foi... não, er... — vacilava pensando que seu pai estava errado e cometeu muitos erros, mas seria traição dizer isso em voz alta ainda mais para uma estrangeira — As câmaras deveriam ficar trancadas por cinquenta anos. Mas após vinte anos algumas foram abertas. Por falta de manutenção houve uma oscilação de energia. O sistema foi reiniciado irregularmente, provavelmente os cuidados vitais foram interrompidos por horas antes disso...

Trinta Dias Em AtlântidaOnde histórias criam vida. Descubra agora