30 DECISÃO

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Aquele homem encharcado estava em pé no píer circular.

— Por que fez isso?! — gritou correndo até ele e socando seu peito — Você sumiu por horas! Pensei que tinha morrido sem ar lá embaixo!

— Eu precisava por minha cabeça no lugar. — respondeu calmo ignorando os socos e a abraçando.

Sem forças para começar uma discussão, retribuiu o abraço.

"Ao menos voltou para mim. Podemos ir embora para a superfície."

Retornaram em silêncio, de mãos dadas, para o palácio. Marina se ofereceu para fazer o jantar enquanto o atlante tomava um banho e trocava de roupa.

A mesa estava posta e dois pratos de sopa coloridos esperavam na mesa.

— Eu não estou com fome. — disse sentando-se ao lado dela e segurando sua mão — mas vou acompanhá-la até que termine.

O olhar apaixonado dele tinha um ar triste e quando terminaram de lavar a louça, fez questão de acompanhá-la até o quarto.

— Marina, eu te amo... — "Mas não vou para a superfície com você. Te direi isso amanhã, agora só atrapalhará seu sono".

— Eu também estou te amando, Thiago. — disse tímida fazendo os atlante prender o ar. — Entre, será melhor ficarmos juntos essa noite. O dia foi muito difícil para você, já ficou sozinho por tempo demais.

— Eu não posso... — afastou-se e ela não insistiu.

— Caso precise de mim venha aqui. Não precisa suportar nada sozinho. — acrescentou fazendo-o sorrir agradecido e acariciando a cabeça da humana agradeceu e foi embora.

Ouviu-a fechar a porta de leve, logo vagou até o crematório. Despedindo-se sozinho das cinzas da mãe que colocou em uma prateleira reservada a família real.

Ali abriu um cofre, retirando documentos de sucessão, coroa e outros pertences da realeza.

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Dia 26

Na manhã seguinte não houve o despertar com o som do processador. A cozinha estava vazia. Nem sinal do atlante. Em seu quarto, ou na biblioteca. Mas o som de algo caindo em uma das salas chamou a atenção.

Thiago organizava uma pilha de papel na mesa do escritório quando viu a humana entrando.

— O que está fazendo com essa roupa? — notou que já havia visto aquele manto e coroa no quadro sendo usados por seu pai.

— Eu assinei os papéis de sucessão, com a partida de minha mãe e o provável falecimento de meu pai... — as palavras saíram baixas e tristes — Era minha obrigação assumir o trono pelo bem de Atlântida.

A moça o encarou confusa, mas Thiago agiu rápido segurando-a pela mão.

— Eu te amo Marina Gomes. Tomei a liberdade de preparar um traje real para você. — a outra mão dele tocou-a na bochecha e umedeceu os lábios antes de continuar — Pense com cuidado antes de responder. Eu quero que fique aqui comigo e assuma o trono, como rainha de Atlântida. A primeira rainha humana.

Os olhos dele estavam ansiosos por qualquer expressão positiva.

— Thiago eu...

— Espere, me deixe terminar. — com carinho a conduziu até a mesa e lhe mostrou o anel, que ela já conhecia bem. Depois lhe entregou uma caneta segurando a mão dela com suas duas mãos — Você me salvou da solidão por esses vinte seis dias ao meu lado. Retribuiu meu carinho, me apresentou novas formas de pensar, me protegeu dos meus medos e me ensinou a agir em momentos de crise. Cozinhou, o que se tornou meu prato favorito. Relutantemente tive que aprender golpes de boxe. Tornou-se o meu sol, que me encantou com sua pele de cobre e olhos verdes. Eu nunca havia visto uma mulher tão bonita. — ergueu as mãos segurando o rosto dela delicadamente — Essa linda mulher roubou meu primeiro beijo e todos os outros, porque meus lábios agora querem tocar os seus, nesse momento e para todo o sempre. Juro o meu amor eterno, porque os atlantes são incapazes de amar outra pessoa, após encontrar sua escolhida. Eu quero lhe ensinar tudo sobre mim e descobrir os segredos que guarda. Aceite meu anel, assine os documentos de nosso casamento. Permita que Thiago Ugahrit, 145º rei de Atlântida, seja seu esposo. Minha adorada humana.

Trinta Dias Em AtlântidaOnde histórias criam vida. Descubra agora