22 BEIJO

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Dia 16

Após a refeição os dois permaneceram ali sentados a mesa lado a lado. Por que Thiago não parava de fazer um carinho diferente no cabelo de Marina.

Em vez do afagar com a mão toda como habitual. O rapaz usava os dedos fazendo ondinhas no cabelo da humana enquanto apoiava o outro cotovelo na mesa, com queixo na mão e fica observando aquele cabelo com um sorriso bobo nos lábios.

"Ai meu coração! O que ele quer afinal? Vamos fale de uma vez se quer flertar." pensava enquanto tentava não manter contato visual embora estivesse gostando daquele toque.

— Seu cabelo está crescendo rápido.

— Você acha mesmo? — pergunta um pouco envergonhada.

— Eu tenho certeza. — responde com um sorriso — Você deve ficar bonita de cabelo grande, eu gostaria de ver.

"Mas do que estou falando? Agora faltam poucos dias para leva-la de volta..." reflete sobre seu próprio comentário, ficando com o rosto triste e vai retirar os pratos da mesa em silêncio.

"Ele mesmo percebeu a bobagem que estava falando. Eu logo vou embora afinal. Não há tempo de ver meu cabelo crescer..."

— O que vamos fazer hoje? — tenta mudar de assunto para melhorar os ânimos.

— Será dia de estudo, hoje e amanhã. — logo dá um sorriso sapeca — 𐤁𐤇𐤉𐤌𐤇𐤓𐤀𐤉𐤐𐤍 (Como vai você, no idioma atlante).

— Err... Eu não lembro como se responde.

— 𐤀𐤉𐤐𐤌𐤁𐤍𐤇 (Eu estou bem).

— 𐤀𐤉𐤐𐤌𐤁𐤍𐤇 — repete sem graça.

Subitamente é abraçada por Thiago sorrindo e todo feliz dizendo que Marina fala muito bem

— Quero ouviu mais. — e desfaz rapidamente o abraço seguindo para a bancada indo montar os sanduiches. 

"Me costumei a sentir meu coração disparar por você garotão... Mas eu não devia me apaixonar por um estrangeiro, carente e esquisito como você. Ah! Quem manda no coração? Ainda mais quando se está presa com o cãozinho abandonado por trinta dias..."

~ ~ ~

Na biblioteca Marina segura o livro para aprender o idioma, porém desanimada, procurou outros livros na prateleira. 

— Thiago, pode me falar mais sobre a cultura de Atlântida?

— Claro! — abre um sorriso largo e até esquece de seus próprios estudos — O que quer saber?

— Sobre esses carinhos todos que vocês tem...

— É simples: Carinho na cabeça e cabelo indica sinal de amizade. Carinho nas costas e ombros são sinais de consolo. Abraços são naturais e inocentes. Encostar as bochechas é um sinal de afeição familiar entre pais, irmãos, tios, primos, avós, netos e no caso seu caso... — o rapaz fica um pouco tímido, mas logo continua — indica que passei a trata-la como membro da família. Durante um abraço encostar a bochecha no ombro da pessoa é sinal de necessidade intensa de consolo. Agora encostar a bochecha na testa do outro é sinal de proteção, para tranquilizar, mostrar dominação de hierarquia e amor profundo. Comumente é o carinho que o rei expressa para seus súditos. Nem todo atlante tem o prazer de ser abraçado assim pelo próprio rei.

— Então sou privilegiada por ter recebido isso de um príncipe de Atlântida...

— Na verdade eu sou privilegiado por ter tido tanto contato com uma humana, mesmo que a realeza seja a única autorizada a se comunicar com a superfície, isso não é comum. Acredito que você é a única humana que pisou em uma cidade atlante.

Trinta Dias Em AtlântidaOnde histórias criam vida. Descubra agora