07 CUMPRIMENTO DE AMIGO

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Terminada a última janela em um quarto, Thiago enxugou a testa e respirou aliviado. Ela estava logo ao lado sentada em uma das cadeiras do quarto.

— Agora podemos ir?

— Não. Agora vou preparar o almoço.

— Ah! Finalmente respondeu! Olha, não estou com fome.

— Mas eu estou com fome. — e foi saindo sem dar mais atenção a ela.

Marina o agarrou pelo braço.

— Escute senhor atlante já chega de me enrolar! Por que não fazemos um trato? Você faz isso por mim e eu faço algo por você. O que acha? 

— O que você pode fazer por mim?

— Qualquer coisa, vamos escolha. — ele franziu a testa e pensou um pouco.

— Eu já escolhi! Primeiro quero um cumprimento, como amigo.

— Um cumprimento como amigo? Um aperto de mão? — disse ela já estendendo a mão. Ele balançou a cabeça que não.

— Não aqui em Atlântida nos cumprimentamos os amigos assim. — e acariciou a nuca dela. Ela se surpreendeu.

— É assim que se cumprimentam? Então por isso estava sempre pegando na minha cabeça?

— Sim. Esse é um sinal de amizade entre meu povo.

Marina começando a lembra-se que ele acariciou a cabeça dela quando ela acordou, quando lhe ofereceu comida e até lembrou que brigou e afastou a mão dele — Por isso ele ficou tão magoado, deve ter sido o mesmo que rejeitar sua amizade. — pensou ela e um pouco contrariada cedeu. Estendeu a mão e afagou a cabeça dele.

— É assim?

Thiago respondeu que sim com um ruído positivo e uma expressão toda emocionada. O sorriso tremia em seus lábios, enquanto seus olhos enchiam de lágrimas.

Marina começou a se sentir desconfortável fazendo aquilo e pensou que ele estava exagerando na emoção — Algo simples assim. É tão importante para ele isso? — Ela então foi surpreendida com um abraço e seu coração disparou.

Thiago começou a acariciar a cabeça dela em retribuição durante o abraço. O calor do corpo dele era confortável. Sentiu o rosto dele húmido, sua respiração falhada por conter um choro. 

— Obrigado... Fazia muito tempo que não sentia isso...

"Muito tempo?" ela se perguntou mentalmente e começou a lembrar que até agora não viu ninguém por ali.

— Você está sozinho?

— Sim... Você é a primeira que fala comigo em muito tempo. — dito isso ele parou de afagar a cabeça dela e deitou o rosto encostando a bochecha no ombro dela. O rosto húmido agora escorria lágrimas na pele de seu ombro. 

Marina sentou o próprio coração doer. Parou de acariciar a cabeça de Thiago e ficou sem ação.

"Porque ele esta chorando tanto? Porque eu mesma estou querendo chorar? Por favor pare seu esquisito! Por que fui me meter em uma situação assim?"

Thiago ficou abraçado a moça com carinho, com a cabeça em seu ombro, por algum tempo até ele mesmo quebrar o silêncio.

—Vocês humanos não se consolam? Quando encostamos a bochecha no ombro é por que queremos consolo. Você consola assim. — ele começou a esfregar com carinho as costas e ombros dela.

"Isso é realmente reconfortante. O toque dele é tão caloroso."

— Assim? — Marina repetiu o que ele fez.

Trinta Dias Em AtlântidaOnde histórias criam vida. Descubra agora