21 RESTAURANTE

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No quarto o copo de água que o atlante trouxe estava vazio, na cartela de comprimido faltava um. Marina se revirou na cama.

"Não consigo dormir..."

A moça ouviu o som do liquidificador vindo da cozinha e resolveu se levantar. Colocou as mãos no rosto e bocejou sentido o cheiro do hálito matinal desagradável.

Quase se arrastando foi até o banheiro, lavou o rosto e escovou os dentes. Olhou seu reflexo no espelho.

"Eu estava tão bonita antes, olha essa cara inchada agora. Ahgr! Odeio chorar!" pensou e saiu do banheiro, logo ouviu baterem na porta. "Só pode ser Thiago... Mesmo que tivesse centenas de pessoas aqui sinto que ele ficaria no meu pé. Pentelho, carentão eu quero ficar sozinha. A última coisa que preciso agora é ficar te olhando e sentido pena de você sozinho aqui..."

Relutante parou segurando a maçaneta, respirou fundo, preparou um sorriso e abriu. O rapaz estava segurando uma bandeja com sanduiche no parto e um suco roxo ao lado.

— Fiz um suco de laranja com beterraba. Ouvi que era bom para anemia.

— Não estou com anemia. — disse perdendo o sorriso forçado e encarando brava.

Thiago ficou sem jeito e envergonhado.

— Você já está bem? Está sentindo dor?

— Não... Já passou, o remédio que trouxe funcionou. — respondeu pegando a bandeja e levando para a mesinha que tinha no quarto.

O atlante entrou seguindo-a. Foi até a cadeira que tinha deixado ao lado da cabeceira e levou para junto da mesa sentando ao lado da humana.

"Sabia que não iria me livrar fácil de você... Em Atlântida não se tem o mínimo de bom senso. Devem viver rolando uns encima dos outros." refletia tomando seu suco quando sentiu o rapaz se inclinar encostando a bochecha no ombro dela.

— Agora não. Estou comendo — grunhiu sem graça sutilmente observando o rosto dele.

Thiago suspirou e levantou, ficando frente a frente com a face da moça. Os grandes olhos castanhos tristes, a boca em beicinho e o cheirinho de amaciante vindo da gola de sua bata.  

— Só um pouco... — suplicou com sua voz masculina que sempre saia tão doce. 

Marina observou aqueles lábios rosados voltarem a fazer beicinho e se afastou logo, constrangida.

"São os hormônios! Pense racionalmente, se ele se apaixonar pode virar um louco e nunca mais em levar para casa! Fique longe dele! Principalmente dos lábios dele!"

O atlante se ajeitou na cadeira e virou o rosto olhando para a mesa.

"Marina está ficando brava novamente, preciso encontrar uma forma de acalma-la. Talvez tenha exagerado pedindo um carinho. Ela quem precisa agora..." decidiu e logo acariciou a cabeça dela.

— Não quero que se esforce hoje. Pode deixar que limpo sozinho.

— O quê? Vai limpar hoje?

— Vou limpar os nossos quartos e banheiros. Quero ficar por perto e cuidar de você.

"Por que eu fiquei feliz em ouvir que você quer ficar perto e cuidar de mim? Pare coração! A melhor alternativa é ficar sozinha um pouco."

— Não precisa! Posso limpar meu quarto sozinha! — disse de cara amarrada.

Thiago se assustou com a insistente irritação da moça e tentou com carinho explicar que preferia que ela ficasse deitada.

Mas quanto mais carinhosos o rapaz ficava mais irritada a humana queria parecer. Embora por dentro estivesse ficando derretida.

Trinta Dias Em AtlântidaOnde histórias criam vida. Descubra agora