Capítulo 2: O novo vizinho

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[Nome Hanagaki]

Eu acabei de perder a virgindade com o meu vizinho.

Estou sentada em uma almofada com o formato de coração enquanto observo o meu vizinho vestir a regata. Não posso evitar um suspiro de frustração quando vejo as marcas nas suas costas causadas pelas minhas unhas desaparecer conforme o tecido cobre a nudez delas. Minha frustração não dura muito, porque mesmo assim tenho a bela visão do seu traseiro balançando enquanto ele caminha em busca da calça que está jogada do outro lado da sala. Quero dar um tapa bem forte nas nádegas dele, mas não acabou bem da última vez que fiz isso.

Minha relação com o meu vizinho é um pouco diferente das relações tradicionais. Eu e ele crescemos juntos, nossas mães eram melhores amigas e consequentemente nós dois também nos tornamos grandes amigos. Não tenho sentimentos românticos por ele e nem ele por mim. Mesmo assim, esse homem é a pessoa que eu mais confio no mundo inteiro, e foi por isso que eu confiei a minha virgindade a ele.

— Essa é mesmo a última vez?. — perguntei me esparramando no sofá.

O mais velho vestiu as calças e caminhou até mim despreocupadamente. Seus lábios encostaram na minha têmpora, deixando um beijo carinhoso nela.

— Eu vou tenho que me mudar para outra cidade, já conversamos sobre isso antes. O proprietário da casa me ligou dizendo que recebeu uma oferta tentadora para vender a residência. Tenho 1 semana para esvaziar a casa.

— Vou sentir a sua falta. — Fiz beicinho.

— Eu também vou sentir a sua. Mas até que não é tão ruim assim, a nossa nova moradia vai ser na cidade da minha mãe. — ele faz uma pausa e abre um sorriso sonhador, suas pupilas até dilatam enquanto ele fala. — Mana e Luna estão empolgadas com a mudança.

— Elas nem vão sentir a minha falta.

— Não muito, não mais do que eu vou sentir.

Mitsuya estende a mão e toca o meu rosto delicadamente acariciando a minha bochecha com o polegar. Seus olhos me admiram como se eu fosse a coisa mais linda que ele já viu na vida. Ele se inclina lentamente até tocar os seus lábios nos meus em um beijo lento. Em um piscar de olhos começo a sentir sua boca descendo até o meu pescoço, me causando arrepios.

— Vamos nos pedir com um 2 Round?.

— sim. — sorrio, e ele me deita no sofá pairando por cima de mim.

Passou 1 semana desde que me despedi do Mitsuya e das suas irmãs, prometemos manter contato e não transar com ninguém por um mês. É uma forma de representar o luto pelo fim das nossas sexta-feiras juntos. A casa ao lado não demorou muito tempo para ser preenchida por mobiliários de luxo, o  que é estranho por ser uma casa tão simples comparada com os móveis. O novo vizinho mal aparece no bairro, ele sempre vive trancado dentro de casa como se tivesse medo de pegar sol. Só tenho a certeza de que tem alguém morando naquela moradia por causa  das luzes que ficam acesas durante à noite.

Confesso que tenho curiosidade de saber como ele é e como é a sua personalidade. Mas fica difícil ter alguma informação sobre a sua identidade quando ele pode facilmente concorrer ao prêmio de pessoa mais anti social do bairro. Até cogito na ideia de ir até o seu apartamento para pedir algo emprestado e conseguir matar a minha curiosidade. Mas escuto a campainha da minha porta tocar antes que eu possa tomar qualquer decisão precipitada. Me levanto em um sobressalto do sofá e abro a porta com o sorriso mais simpático que consigo no rosto. Meu sorriso desmanchou na mesma hora em que eu me deparei com o novo vizinho.

— Sou Manjiro Sano, seu novo vizinho. Você poderia me emprestar um pouco de açúcar? Estou fazendo Strogonoff, mas faltou açúcar.

Meu Deus, o cara está entrando em decomposição.

Manjiro tem a pele tão pálida que chega a ser quase transparente, é igual a dos vampiros. Seus olhos são escuros como as trevas da noite, não dá nem para ver as pupilas. Ele tem olheiras profundas fazendo parecer que as suas noites tem sido passadas em claro. Seu rosto é magro e a sua estrutura é baixa. O cabelo é branco e tem pontas duplas, imagino que seja pintado. Não posso dizer que a sua aparência é feia, porque eu estaria mentindo. Na verdade, o coitado é só um pouco judiado.

— Mas não vai açúcar no Strogonoff. — ele ficou em silêncio, parecendo pensar em uma resposta para a minha afirmação.

— Vai sal?.

— Sim.

— Você pode me emprestar um pouco de sal então?

Ficamos olhando um para a cara do outro por alguns segundos. Isso está ficando cada vez mais estranho. Talvez  o meu vizinho seja um vampiro. Isso explicaria o motivo dele não sair de casa durante o dia e ser tão medonho. Engoli em seco e tomei coragem para abrir um pouco mais a porta, dando passagem para ele entrar e se sentir mais a vontade.

— Você tem algum pote ou vasilha para colocar o sal dentro?.

— Tenho. — Ele estendeu uma panela de pressão na minha direção.

Olhei para a panela, sem acreditar que ele trouxe ela para pegar só um “pouco” de sal. Será que ele espera que eu dê todos os meus fardos de sal?.

— Você não prefere levar um pacote?. — O platinado olha para a panela e franze as sobrancelhas.

— Pode ser.

Vou até a cozinha em busca do tempero para alcançar para ele. Chegando lá, sou atraída por um barulho vindo do lado de fora, do outro lado da rua. Olho pela janela e me deparo com um homem de cabelo roxo dando um mata leão em uma travesti enquanto ela bate na cabeça dele com uma bolsa de grife e tropeça no salto alto, fazendo os dois cair no chão. Dou de ombros e pego o sal me afastando da janela.

Quando volto para a sala, vejo o meu novo vizinho mexendo no meu abajur. Ele se afasta rapidamente do objeto quando me vê entrando na sala, há um leve lampejo de nervosismo em sua expressão.

— É um belo abajur. — Manjiro diz, limpando a garganta.

— É uma peça bem rara.

— Imagino que sim. — ele me olha parecendo nervoso, e se levanta do sofá. — Eu preciso ir, deixei a sopa no fogão.

O platinado saiu pela porta com passos tão rápidos que pensei que ele estivesse fugindo de mim. Talvez eu tenha o assustado ou parecido um pouco antipática. Mas ele nem sequer levou o sal que veio buscar.

O som do meu celular vibrando no meu bolso me trouxe de volta para a realidade. Olhei para tela lendo a frase “Número desconhecido” e arrastei o ícone para cima para atender.

— Alô?.

— Boa noite, querida. Espero não estar atrapalhando a sua bela noite, mas preciso tratar alguns assuntos com você.

— É da parte de quem? — perguntei receosa, com uma estranha sensação de medo.

— Izana Kurokawa.





Continua....

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