Capítulo 11: um pouco de turbulência

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Rindou Haitani

Sei que o propósito da viagem está relacionado a negócios, mas não posso deixar de ficar empolgado com essa viagem. A única coisa que me desanima, é que o Sanzu vai ir junto. Não parece, mas aquele marmanjo morre de medo de altura. Me preparo com antecedência, arrumando as minhas malas e garantindo que todos os meus documentos necessários estejam em ordem.

Chegando ao aeroporto, busco pelo lugar de encontro combinado com os outros. Meus olhos percorrem a multidão procurando por rostos familiares, e ansioso para me reunir com eles. Finalmente consigo avistar eles de longe, acelero o passo me esquivando das pessoas que vão e voltam até conseguir chegar onde eles estão.

Eles estão sentados em uma mesa redonda, todos estão comendo ramen, menos o Manjiro que está comendo o seu tradicional dorayaki.

Combinamos de não ir com trajes muito formais para não levantar suspeitas. Mikey está com uma camiseta do Brasil que é o dobro do tamanho dele. Kakucho está vestindo roupas com estampas florais. Sanzu está usando pilcha gaúcha, Não faço ideia de onde ele conseguiu isso. Kokonoi está usando uma bermuda e uma camiseta social, e eu, [nome] e Ran estamos usando roupas casuais.

— Nós trocamos o nosso nome, vamos ficar no Brasil com identidades falsas. É mais difícil do Izana nos achar desse jeito. — Manjiro me entrega uma identidade falsa.

— Rafael. É um nome estrangeiro. — levanto uma sobrancelha.

— O de todo mundo é. Não precisamos nos dirigir um ao outro com os nomes falsos, apenas com o da [Nome]. Izana vai procurar ela como louco, é melhor não arriscar. Então vamos nos dirigir a ela com o outro nome.

— Qual vai ser o seu nome?. — pergunto para ela.

— Ayla Richord.

— É um nome bonito.

— Pena que a portadora dele não é. — Kokonoi provoca.

— Não foi isso o que você insinuou no restaurante. — Ela rebate, e Manjiro para de mastigar imediatamente.

— Não liga para ele. Digamos que o koko prefere outras coisas. — Diz Sanzu.

— Teu cu. — Koko se defende.

— Mentira, é o do Inui. — Kokonoi se levanta pronto para partir para cima do Sanzu, mas o Mikey interfere segurando o braço dele.

A voz no alto falante avisa que o nosso voo vai decolar daqui há 15 minutos. Todos pegam as suas coisas e partem em direção a uma máquina que tem um buraquinho para colocar o dinheiro ou o cartão para receber a passagem.

Sanzu vai na frente e pressiona o cartão contra a máquina, mas ele não passa. A frustração começa a se acumular dentro dele, e ele enruga a testa. Ele tenta novamente, dessa vez com mais força, mas a máquina continua a rejeitar.

— Que inferno, essa bosta não funciona. — Ele murmura.

— Você não presta nem para isso. — Disse Ran, e Sanzu mostrou o dedo do meio para ele.

Sanzu começa a pressionar o cartão repetidamente, cada vez mais rápido e com mais força, ao ponto de quase quebrar o cartão. Ele dá um soco na máquina e depois geme de dor.

— Deixa que eu coloco para você.

Pego o cartão da mão dele e ele vai para o lado do Manjiro, que está tomando suco de maracujá enquanto observa a cena. Pressiono o cartão contra a entrada com delicadeza e a máquina aceita. Digito o valor certo, recebendo as passagens em seguida.

— Viu só. — Me viro para ele com um olhar convencido.

— Como você fez isso?.

— Você é muito bruto. Tem que colocar no buraco bem devagarinho para chegar no fundo com mais facilidade. — Manjiro cospe a bebida na cara do Sanzu, e as suas bochechas ficam coradas.

Embarcamos no avião, procurando pelos assentos que escolhemos. Seguimos pelo corredor observando os números das fileiras até achar os nossos lugares. Segui o olhar procurando pelos outros. Kokonoi e kakucho estão sentados a dois assentos na minha frente, Ran e Sanzu estão sentados um pouco mais atrás de mim, Manjiro está na minha frente, sentado do lado de um senhor de aproximadamente 80 anos, e ele está segurando o Kei no colo para o Sanzu dormir um pouco, e eu e a Ayla estamos sentados juntos.

Sinto uma onda de medo percorrer o meu corpo à medida que o avião começa a decolar. Meu coração bate mais rápido e as minhas mãos começam a suar. Ayla olha para mim percebendo a minha insegurança, ela segura a minha mão e sorri. Olhei surpreso para ela, mas também agradecido por esse gesto reconfortante. Relaxei um pouco, e entrelacei os meus dedos nos dela.

— Obrigado. — Sussurro, com um sorriso tímido.

— De nada. — ela olha para a janela.

Continuei segurando a mão dela na medida que o avião ganha altura, encontrando um apoio emocional que ajuda a acalmar os meus nervos. Uma hora depois, o piloto anunciou que o avião vai passar por algumas turbulências devido a algumas ondas de ar. Respirei fundo e tentei relaxar.

O avião começa a passar por turbulências intensas, causando nervosismo nos demais passageiros. Sanzu que morre de medo de altura, começa a se agitar, mas Ran não percebe por estar dormindo com fones de ouvido.

— Merda! O avião vai cair! Estamos todos condenados!. — Sanzu grita de pavor.

Os outros passageiros começaram a ficar agitados e as crianças a bordo começaram a chorar de medo. A aeromoça andou pelos corredores tentando acalmar as pessoas. O Haruchiyo fecha os olhos e começa a gritar por ajuda divina.

— Está tudo bem, senhor. É normal ter turbulências nos vôos. — A comissária tenta acalmar ele, mas não adianta.

Me inclino para frente e cutuco a nuca do Mikey até ele se virar para mim.

— O que foi? — Ele pergunta.

— Tenta acalmar o Sanzu, você é umas das pessoas que ele mais confia. — Alguns passageiros olham para nós dois com expectativa.

— Eu nem conheço esse cara. — O platinado volta a olhar para frente.

O rosado, tomado pelo desespero e pelo medo, se levanta abruptamente do seu assento e corre em direção à cabine do piloto. Ele grita, implorando por um paraquedas, na esperança de se salvar do perigo que acredita que o avião está passando.

— Por favor, eu preciso de um paraquedas! Eu preciso sair daqui. — Ele bate freneticamente na porta da cabine.

As turbulências pararam, mas Sanzu ainda está na adrenalina do medo. Respiro fundo e vou até ele, tentando puxá-lo de volta para o seu assento. Ele resiste e começa a se debater, insistindo em continuar batendo na porta. Agarrei ele por trás e tentei imobilizá-lo, pressionando os nossos corpos. Uma garotinha próxima a nós apontou o dedo na nossa direção e se virou para a sua mãe.

— Mamãe, eu vi isso no Planeta Terra. Eles estão acasalando. — A mulher cobre a boca da criança rapidamente.

A aeromoça chegou sorrateiramente do meu lado e aplicou uma anestesia no ombro do Sanzu, fazendo ele dormir rapidamente. Eu arrastei ele de volta para o seu assento e o deixei dormindo ali, depois voltei para o meu assento logo em seguida.

O velho que estava do lado do Mikey se virou para ele e revirou os olhos.

— Achei mesmo que o avião iria cair. Me mijei por nada. — Diz o velho, Manjiro torceu o nariz e fez uma careta.









Continua....

Para quem está se perguntando sobre o que é uma pilcha gaúcha:

Para quem está se perguntando sobre o que é uma pilcha gaúcha:

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