Capítulo 3: uma travesti em apuros

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     Rindou Haitani

Albert Einstein deveria ter se enforcado no cordão umbilical antes de nascer. 

Estou há quase duas horas estudando sobre matrizes e determinantes, são tantas fórmulas que o meu cérebro não consegue armazenar tudo. Sou um cara muito inteligente, mas não quando o assunto se trata de exatas. E Manjiro sabe muito bem disso, tenho certeza de que a intenção dele é me ferrar. 

Consegui uma vaga como professor de matemática na universidade que [Nome] está cursando psicologia. Pensei que poderia escapar dos cálculos nessa área, mas o curso de psicologia também exige matemática. Não acho que seja necessário, o que eles querem? Que o nosso trabalho seja consolar os pacientes ou que seja mandar eles acharem o filho da puta do x que se perdeu?. Não faz sentido algum!. 

— Não se esforce tanto, já estou vendo fumaça saindo da sua cabeça. — Sanzu provocou. 

Revirei os olhos e fechei os livros em cima da mesa. Tomei o último gole de café da minha 5° xícara e puxei o celular do bolso para checar as mensagens.

— Alguma novidade do líder?. — perguntei.

— Mikey me mandou uma mensagem perguntando sobre quais são os melhores lugares para esconder câmeras. 

— E o que você respondeu?.

— Eu falei que os melhores lugares são: Em algum buraco na parede, nos lustres, no relógio e no abajur. 

— Ele vai ficar vigiando a Hanagaki por câmeras? 

— foi o que ele disse.

Sanzu se levanta do chão tropeçando nos seus próprios pés, ele apoia as mãos na parede e massageia as têmporas soltando um gemido rouco. O rosado olha para mim com um sorriso distorcido e levanta as sobrancelhas com uma expressão estranha, ele caminha um passo na minha direção mas tropeça nos frascos vazios de pílulas e caí com tudo no chão.

— Eu tô muito chapado. — ele diz fechando os olhos e rindo alto.

— e quando você não está?

A maçaneta gira e a porta do quarto se abre acompanhada de um leve rangido. Ran aparece com um buquê de rosas vermelhas nas mãos, ele caminha até mim com um sorriso no rosto e me envolve em um abraço caloroso.

— Feliz aniversário, adotado. Você cresceu tanto, nem parece mais aquele garotinho que corria para o meu quarto quando começava a chover forte.

— Para. — Faço uma careta.

— Nem parece mais aquele garotinho que acordava de madrugada para trocar as cuecas mijada antes que alguém descobrisse. — empurro ele desfazendo o abraço.

— MIJÃOOOOO. — Sanzu esperneia no chão rindo, e apaga logo em seguida. 

— Qual é a dele? — pergunta Ran, colocando as mãos na cintura. — Ele não costuma se drogar até desmaiar. 

— Foi a Senju, ela mandou mais uma carta para ele dizendo que sentia a sua falta e pedindo desculpas pela milésima vez. 

— Pensei que ele queimasse as cartas dela.

— Ele queima. Mas por algum motivo desconhecido ele não quis queimar essa. Talvez seja porque hoje também é o aniversário dela.

— Bom, eu não vou me meter em briga de irmãos.

Ran senta na mesa e folheia os livros que eu estava lendo antes. Os livros foram um presente dele para me ajudar a planejar uma aula para dar para a turma da [Nome] amanhã. Foi uma grande ajuda, mas vou começar passando uma revisão sobre equação do primeiro grau para eles. É a única matéria que eu consegui aprender sem dificuldade alguma. Meu irmão balança a térmica e serve um pouco de café para si mesmo. Ele torce o nariz e franze as sobrancelhas. O café está gelado. Puxei um cigarro e acendi ele na boca com o isqueiro que ganhei do Kokonoi como presente de aniversário. 

— Não gosto quando você fuma. — Disse Ran, deixando o café de lado e apoiando o queixo na mão. 

— Você também fuma. 

— Já escutou aquele ditado?.

— que ditado?.

— Faça o que digo, mas não faça o que faço. Sei que não sou um bom exemplo, mas eu me preocupo com você.

— Está tudo bem não chegar aos 100 anos. — ironizei. 

Ele comprimiu os lábios pensando em dizer algo, mas desistiu e apenas deu mais uma chance para o café gelado. Sanzu que até agora estava desmaiado, se mexe no chão e murmura frases sem sentido. Nós dois olhamos para ele esperando alguma revelação.

— Senju…. — Ele murmura. — Sua vagabunda. 

Recebemos mais informações sobre o caso da [Nome]. Cada um dos executivos responsáveis pela missão receberam uma fonte de comunicação para manter todos a par de como as coisas estão se desenrolando. Ran ativou o alerta vermelho no primeiro dia, alertando a todos de que flagrou o nosso alvo pelas redondezas. 

— Eu não aguento mais essa calcinha apertando os meus ovos. — Observo Sanzu desatolar a calcinha da bunda. Que visão do inferno. 

— Você sabe que não precisava usar isso, né?.

— Foi você que disse que eu teria que usar!. — ele acusa apontando um dedo na minha cara.

— E você acreditou?.

Sanzu e eu estamos caminhando pela rua da casa da [nome]. O rosado está usando roupas femininas e um salto maior que a cabeça dele.  Estamos estudando a localização. Mikey ordenou ao rosado para não chegar a 5 km de distância da mulher sem os trajes femininos, para que ela não o reconheça quando ele estiver na sua forma masculina. Sanzu aceitou a ideia a contragosto. Paramos na frente da casa da Hanagaki quando um homem veio correndo na nossa direção e bateu na bunda do Sanzu, que reagiu com um pulinho para frente.

— EU VOU TE MATAR, SEU ARROMBADO!. — O Haruchiyo tenta ir atrás do tarado furioso. Eu agarro o braço dele tentando o impedir. 

— ME SOLTA, ELE BATEU NA MINHA BUNDA COMO SE EU FOSSE UMA MULHER!. — Ele gritou, fazendo o maior escândalo na rua e atraindo alguns olhares curiosos. 

— Você é uma mulher, seu idiota!. 

Seguro Sanzu com força contra o meu corpo enquanto ele se debate tentando se soltar com raiva. Ele alega que vai matar aquele indivíduo a todo custo. Envolvi os meus braços envolta do pescoço dele, tentando imobilizá-lo com um mata leão. Os peitos falsos dele caíram por baixo do vestido no meio da confusão.

— Socorro! Me solta, seu macho escroto!. — A bolsa dele atinge a minha cabeça repetidas vezes.

— Você vai estragar o disfarce! 

— ALGUÉM ME AJUDA!. TEM UM TARADO TENTANDO ME DEGUSTAR!.— 

Apertei o maxilar com força, tentando me controlar para não matar esse drogado aqui mesmo. O desgraçado quebrou o salto e caiu no chão me levando junto consigo. 

— Para com essa putaria, ou eu mato você!. — esbravejei. 

Uma viatura estacionou na nossa frente e a porta se abriu revelando um homem vestido com o uniforme militar. Ele tira uma arma da cintura e aponta para nós dois.

— Vocês dois estão presos por importunar a paz. Levantem as mãos para o alto e entrem na viatura sem resistência.

Não consigo olhar na cara daquele desgraçado por mais de 5 minutos sem sentir vontade de estrangular aquele pescoço. Passei a noite deitado no colchão duro da cela do presídio com a situação mais precária que eu já vi. Foi uma noite terrível. Me levanto da cama em um sobressalto quando o carcereiro se aproxima. 

— Vocês estão livres. Alguém pagou a fiança de vocês dois. — Diz ele, abrindo as grades da cela. 

Tive que assinar um papel antes de conseguir a minha liberdade. O delegado me olhou com desprezo quando terminei de fazer a minha assinatura, ele indicou com a cabeça para a pessoa que pagou a nossa fiança. Meu corpo congelou e o meu coração errou uma batida, senti a minha alma sair do corpo. 

— Vim buscar vocês. — Manjiro cruzou os braços.

Preferia ter ficado na cela.  

Continua.....

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