capítulo 20: a traição do caolho

5.1K 497 593
                                    

Manjiro Sano

São 5:00 horas da manhã, os primeiros raios de sol surgem preguiçosamente no horizonte. O clima está frio, devido a tempestade de ontem a noite. Estou afundado nas cobertas com [nome] nos meus braços. Um sorriso suave se forma nos meus lábios ao vê-la ali, tão linda e serena. Meus dedos delicadamente acariciam o seu rosto, admirando cada traço.

 Estou confortável o suficiente para não querer levantar da cama pelo resto do dia. Não me lembro quando foi a última vez que eu dormi tão bem assim, tenho certeza de que as minhas olheiras diminuiram nem que seja um pouco apenas com essa noite. Acho que vou ter que dormir mais vezes com ela, porque de alguma forma, eu me sinto mais seguro quando Ayla está nos meus braços. 

Deposito um beijo terno nos lábios dela, porém, ela continua a dormir como uma pedra. Essa mulher tem o sono mais pesado do que o meu, isso quando eu durmo. Achei uma concorrente à minha altura.

— Acorda pra cuspir, preguiçosa. — balanço o seu ombro de leve, recebendo um murro no nariz como resposta. 

A Hanagaki murmura palavras sem nexo, murmúrios que nenhum tradutor seria capaz de traduzir. Me pergunto se ela invocando alguma coisa enquanto dorme.

Franzo as sobrancelhas e faço um biquinho de descontentamento quando o meu nariz começa a latejar.

— Você quase me deu uma rinoplastia grátis, sua escrota. — Cruzei os braços, e afundei o meu rosto na curvatura do seu pescoço. — Você tem sorte de eu não me aproveitar da situação para desenhar uma pika gigante na sua testa como vingança.

Ergui a cabeça com uma carranca feia. Não quero me levantar da cama, mas sei que tenho obrigações para cumprir. Me afasto dela com cuidado, e me levanto para esticar os meus músculos. Visto a minha roupa e me rastejo até o banheiro para fazer a minha higiene pessoal. Antes de sair do quarto, volto-me para Ayla, que ainda está adormecida. Observo o seu rosto sereno e sinto um aperto no peito, desejando desfrutar mais da sua presença. 

— Até mais tarde. — Dou um beijo carinhoso na sua têmpora antes de sair do quarto. 

Abro a porta do escritório e vou direto para a minha cadeira. Minhas pálpebras estão um pouco pesadas pela preguiça iminente, me fazendo consequentemente soltar um bocejo e esfregar os olhos. Minha paz vai embora quando a sensação arrepiante percorre a minha espinha quando sinto a ponta fria de uma arma pressionada contra a minha nuca. Meus olhos se arregalam e o meu corpo se enrijece, enquanto uma onda de tensão toma conta de mim.

Respiro fundo, tentando manter a compostura diante da ameaça. Meus olhos se fixam nos documentos à minha frente, mas a minha mente está trabalhando em alguma estratégia para sair dessa situação.

— Kakucho… — Minha voz sai mais tensa do que eu gostaria. — Espero que você não tenha vindo me cobrar o décimo terceiro.

— Você sabe muito o motivo de eu estar aqui. — Sinto a pressão da arma aumentar contra a minha nuca, como um aviso silencioso de que ele não está para brincadeira.

Sinto que sua respiração está próxima, deixando a sua presença intimidadora. Sei que não posso subestimá-lo, ele faria qualquer coisa para agradar o Izana, mesmo que isso signifique me matar. Mas também sei que não é a mim que ele quer.

— Escute com atenção. Você tem 2 dias e 5 horas para entregar a [Nome] para o Izana, caso contrário, a polícia de elite virá atrás da Bonten e a mulher será levada para o pior presídio feminino do Japão. Você sabe como as detentas amam uma carne nova, não sabe? Ela não vai durar nem uma semana lá dentro. — As palavras saem rasgando a sua garganta. Ele não concorda com esse plano.

Uma onda de pânico e raiva percorre o meu corpo só de pensar nas coisas terríveis que poderiam acontecer com a Ayla, meu corpo treme de raiva e os meus dentes se cerram. 

— Eu juro, que se algo acontecer com ela, eu vou até o inferno atrás de vocês e vou matar um por um. 

— O destino dela só depende de você, Manjiro.

Um alívio momentaneamente toma conta de mim quando kakucho retira a arma da minha nuca e recua pela janela. No entanto, um pensamento de preocupação imediato surge na minha mente: ele teria se jogado? Me aproximo rapidamente do parapeito e olho para baixo. Meus olhos se arregalaram ao ver Kakucho descendo habilidosamente por uma corda improvisada feita de lençóis. Com um impulso repentino, agarrei a corda e comecei a balançar para ver se ele perdia o equilíbrio.

— Para com isso, seu filho da puta. — Ele olha para mim e aponta a arma na minha direção, me fazendo soltar a corda e dar um passo para trás.

Decidi que deveria me afastar de Ayla, para a segurança dela. Ter trazido ela para perto da Bonten foi um grande erro, as coisas deveriam ter corrido como foi combinado desde o início. Nossa missão era proteger ela nas sombras, mas eu fui irresponsável o suficiente para envolvê-la ainda mais nisso tudo.

Evitar Ayla é uma tarefa árdua. Cada vez que os nossos olhares se encontram, meu coração se aperta e a minha mente se enche de pensamentos conflitantes. Tenho passado essas duas noites em claro, tentando achar algum plano para mantê-la longe das garras do Izana e dos seus subordinados.

Ayla entra no meu escritório com uma expressão determinada, exigindo explicações sobre o meu afastamento repentino. Seus olhos brilham com uma mistura de preocupação e frustração, e meu coração aperta ao vê-la assim. Por um momento, sou tentado a ceder e revelar toda a verdade, mas sei que isso só a colocaria em perigo. Meu coração aperta ainda mais ao ouvir suas palavras.

Ayla é uma mulher forte e corajosa, sei que ela não iria pensar duas vezes antes de querer enfrentar o perigo, mas não posso permitir isso. Não posso permitir que ela se envolva emocionante com nenhum membro da Bonten, isso me inclui também. Sou obrigado a ser frio com ela e mandá-la esquecer tudo o que aconteceu entre nós. Meu coração se parte ao vê-la sair pela porta, mas é melhor assim.

Está decidido. Não vou dar ao Izana o que ele quer, vou mandar a Hanagaki para longe dessa confusão. Não me importo de ir preso e enfrentar as consequências, portanto que ela esteja segura.

Bônus

[Nome] estava andando pelas ruas desertas de Porto Alegre. O breu da escuridão só não cobria toda a cidade por causa dos postes de luz, que iluminavam boa parte do seu caminho. O vento soprando contra o seu rosto a fazia tremer de frio, a mulher não teve nem tempo de trocar de roupa antes de ser expulsa do hotel.

Sua indignação aumentava a cada passo que ela dava, os pensamentos raivosos eram os mais predominantes. Como ele teve a audácia de mandá-la embora nessas horas? E ainda sozinha? Essas são as perguntas que se repetem na sua mente. A noite é fria e silenciosa, perfeita para a sua solidão.

A Hanagaki para de andar por um minuto, seu corpo fica tenso e um calafrio percorre pela sua espinha. Antes que ela tenha tempo de perceber o que está acontecendo, um lenço tampa o seu nariz e uma parte da sua boca. Ela tenta se defender, se debatendo, mas os braços que estão agarrando o seu corpo por trás são muito mais fortes do que a mulher.

— Achou que poderia escapar de mim, minha rainha? — É a última coisa que ela escuta antes da escuridão tomar os seus olhos.




Continua....

The pursuers Onde histórias criam vida. Descubra agora