You & I

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Ela devia ter deixado a casa da mãe no dia anterior, ou permanecido lá até que limpassem a neve nas estradas.

A percepção tardia era, de fato, muito forte, ao contrário da visibilidade atual. Seu jipe 4x4 aguentava firme na estrada gelada, o que não eliminava a necessidade de ver por onde estava dirigindo. Cometer um erro irritava Lin Sasinpimon, ainda mais quando se tratava de um erro tão estúpido.

Os boletins meteorológicos do dia anterior alertaram que as condições do tempo poderiam piorar, então ela decidira voltar a Dallas imediatamente.

Mas Beloved lhe pedira que ficasse até a manhã de Natal e, como ela amava demais a mãe, acabou ficando.

A linha firme de sua boca suavizou quando se permitiu pensar nela.

Era uma mulher forte, que a criara sozinha e jamais a deixara pensar que teria preferido qualquer outra vida.

Ela ficara feliz quando a mãe conheceu Whit Campbell, um fazendeiro forte, conciso, de Oklahoma, por quem se apaixonou. Isso fora... Deus, dez anos antes. Não parecia ter passado tanto tempo. Beloved e Whit continuavam agindo como recém-casados.

Lin gostava de visitar o rancho, do outro lado da fronteira com Oklahoma, e fugir das pressões do hospital por algum tempo.

Essa fora uma das razões que levou a permitir que Beloved lhe convencesse a ficar mais dias do que julgava suficiente. Mas naquela manhã o desejo de voltar a Dallas também confundira o seu bom senso.

Deveria ter ficado até o tempo melhorar, mas queria estar no hospital na manhã do dia seguinte.

Seus pequenos pacientes precisavam dela. O trabalho era árduo, mas jamais se cansava. Descobrira que queria ser médica aos 15 anos, mas a princípio pensava em ser obstetra. Aos poucos, seu interesse tornou-se mais focado e, quando estava na metade do curso de medicina, sua meta foi definida. Especializou em assistência neonatal, cuidando de minúsculos bebês que vinham ao mundo com poucas chances de sobreviver.

Alguns eram prematuros e precisavam de um ambiente adequado para ganhar peso. Outros, nascidos bem antes do tempo, precisavam travar uma luta a cada respiração, enquanto seus organismos, pouco desenvolvidos, tentavam amadurecer.

Cada dia era uma batalha ganha.

E também havia os que precisavam de suas habilidades cirúrgicas quando a natureza não os favorecia, e ainda outros para quem nem toda a ajuda era suficiente.

Sempre que conseguia liberar um bebê para casa com os pais, sentia uma imensa satisfação, que não dava sinais de diminuir. E era por isso que estava se arrastando na estrada, quase às cegas, em meio a uma tempestade de neve, em vez de esperar que o tempo melhorasse. Queria voltar para o hospital. A neve cobrira a estrada.

Lin estava se guiando pela linha da cerca e esperando ainda estar na pista. Porcaria!, era provável que estivesse dirigindo através da pastagem de alguém. Aquilo era estupidez. Xingou baixinho, mantendo a direção do jipe firme contra as rajadas uivantes do vento.

Quando chegasse à próxima cidade, se conseguisse, iria parar, mesmo que tivesse de passar a noite em uma loja de conveniência 24 horas. Isso se houvesse um estabelecimento desse tipo. Qualquer coisa era melhor do que dirigir às cegas naquele inferno branco.

A situação era tão calamitosa que quase não viu a grande e velha caminhonete, que havia derrapado em uma vala e se encontrava tombada de um lado.

De certo modo, ver um carro era um bom sinal. Pelo menos, continuava na estrada. Começou a seguir em frente, pensando que o motorista do veículo já teria procurado um abrigo mais adequado. Mas uma súbita e desconfortável sensação o fez pisar no freio com cuidado e dar marcha à ré, até emparelhar com a caminhonete coberta de neve.

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