Like The Rain

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— Jed é um garoto alto de cabelos escuros?
— Sim. Meu bebê de quase um metro e oitenta de altura. É incrível como crescem rápido. Aproveite cada momento com Namo, porque a infância dela não vai durar muito.

Sarah sorriu para o embrulhinho adormecido nos braços, então se inclinou e gentilmente colocou o bebê no cercadinho.

— Ela é maravilhosa. Lin deve estar toda orgulhosa.

De repente, Kath foi atingida pelo pensamento de que todos deviam pensar que Lin era a appa  biológica de Namo, o que explicaria um casamento tão precipitado.

Por que não pensariam?

Os cabelos da menina eram escuros como os de Lin e também como os seus. Ela não sabia o que dizer, mas sabia que precisava dizer alguma coisa.

Não podia deixar que os amigos de Lin pensassem que ela era o tipo de pessoa que abandonaria uma mulher grávida de um filho seu, não quando fora tão bom para ela, quando a havia ajudado tanto. Por fim, decidiu falar.

— Namo não é filha de Lin. Quero dizer, eu a conheci no dia que ela nasceu.

Mas Sarah apenas esboçou um sorriso sereno.

— Eu sei. Ela nos contou. Mas agora ela é de Lin, assim como você.

A ideia de pertencer a alguém era estranha para Kath, porque jamais vivenciara o apego.

Pelo menos, não antes de Namo nascer, quando sentira um instantâneo e avassalador sentimento de posse.

Com Lin era diferente.

Ela era uma mulher... e muito... A imagem de seu corpo nu lhe assaltou a mente, fazendo sua temperatura subir. Lin a havia ganhado por completo, logo nesse aspecto ela lhe pertencia.

O estranho era que não queria que os amigos dela pensassem nada de ruim a seu respeito.

Sentiu necessidade de protegê-la, como se lhe pertencesse, e esse sentimento de posse mútua a confundia.

Afastou aqueles pensamentos da mente, concentrando-se em aprender o
funcionamento da loja com a mesma dedicação que aprendera o serviço de garçonete. Como Sarah lhe dissera o trabalho não era difícil, o que a fez se sentir grata, porque descobriu que ainda se cansava com facilidade.

Durante a maior parte do tempo, Namo dormiu, choramingando apenas quando era necessário trocar a fralda ou estava com fome, e, vez ou outra, olhava ao redor com seus olhos vagos e inocentes. Parecia que todos os clientes conheciam Lin, e havia muitos suspiros e expressões de admiração por causa do bebê.

No meio da tarde, findo o turno escolar, os adolescentes de Sarah entraram na loja, com Jed abraçado à irmã mais velha de uma maneira protetora. Missy era surpreendentemente encantadora. Tinha os mesmos olhos e cabelos escuros do pai, mas a estrutura óssea frágil de Sarah. Ao ver Kath, correu em sua direção e abraçou-a como se fossem amigas de longa data, então ofegante perguntou onde estava o bebê.

Rindo, Kath apontou para o cercadinho e a jovem se debruçou sobre Namo, que estava acordando de outro cochilo.

Jed olhou para a irmã com certa preocupação nos olhos escuros.

— Ela é louca por crianças.

Comentou com uma voz grave, quase adulta.

— Vai incentivar você e a Lin a sair todas as noites só para poder tomar conta do bebê.

Então se virou.

— Oi, mamãe.

Disse, envolvendo Sarah nos braços musculosos.

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