Hero For Christmas

That's The Way It Is

Lin deitou no sofá, com a mandíbula contraída e o corpo ardendo, enquanto olhava através da escuridão.

Desejava-a tanto que chegava a doer, mas foi como levar um soco no estômago ouvi-la dizer que poderia usar seu corpo, porque ela lhe devia! Durante todas aquelas semanas fizera tudo o que podia para mimá-la e fazê-la amá-la, mas às vezes sentia como se estivesse batendo com a cabeça em uma parede de pedra. Ela lhe aceitara, mas era só isso, e queria mais do que mera aceitação... muito mais.

Kath a observara constantemente, com seus olhos castanhos  desconfiados, como se tentando avaliar seu humor e antecipar seus desejos, mas era mais a atenção de um empregado tentando agradar o patrão do que a de uma esposa. Não precisava de uma serva, mas precisava desesperadamente que Kath fosse sua esposa.

Precisava que ela lhe tocasse com o amor e a paixão que sentia que havia em seu interior, mas para tanto ela precisava libertá-las.

O que havia lhe acontecido para ela reprimir o lado carinhoso de sua natureza com todos, exceto Namo?

Tentara lhe dizer e demonstrar o quanto ela significava para si, sem pressioná-la demais, mas ainda assim ela lhe impedia de se aproximar.

Talvez devesse aceitar o que Kath lhe oferecia. Talvez a intimidade emocional viesse após a intimidade física.

Deus sabia que seu corpo ansiava por sexo. Pelo menos poderia ter isso.

Mas ela lhe dissera, quando lhe propôs casamento, que haviam ocorrido fatos em sua vida e que jamais seria capaz de aceitar fazer amor outra vez.

Ao se acalmar, percebeu que Kath havia percorrido um longo caminho até ser capaz de lhe oferecer seu corpo.

Só que não era suficiente.

Desejava apagar as sombras de seus olhos e fazê-la sorrir. Desejava seu corpo esbelto se contorcendo embaixo dela com espasmos de prazer. Desejava ouvi-la dizer palavras de amor, desejava seu riso, ternura e confiança.

Deus, como desejava sua confiança!

Mas, acima de tudo, desejava seu amor, com a sede desesperada de alguém perdido no deserto.

Sempre conseguira tudo na vida com muita facilidade, inclusive as mulheres.

Mal havia atingido a adolescência quando as meninas mais velhas, e até mesmo as mulheres, começaram a notá-la. Provavelmente, era a justiça poética ter se apaixonada por uma mulher que protegia suas emoções atrás de um muro tão alto que não podia encontrar uma maneira de escalá-lo. Sempre soube o que fazer em qualquer situação, como levar as pessoas a fazer o que queria, mas com Kath sentia-se frustrada.

Ironicamente, admitiu para si mesma que suas emoções talvez estivessem toldando seu claro discernimento de sempre, mas não conseguia se livrar do problema. Desejava-a com uma força e um calor que obscureciam todos os outros detalhes. Lin estava tão imersa na raiva e na frustração que não a ouviu entrar na sala. O primeiro sinal que sentiu de sua presença foi quando Kath a tocou de leve no ombro e, em seguida, afastou depressa, como se tivesse receio de tocá-la. Assustada, virou a cabeça para fitá-la, enquanto ela se ajoelhava ao lado do sofá, a escuridão ocultava sua expressão, mas não a tensão na voz baixa.

— Sinto muito... Não queria envergonhá-la. Sei que não sou nada especial, mas achei que você poderia querer...

Sua voz falhou. Kath fez uma pausa, tentando encontrar as palavras certas e não conseguiu. Por fim, desistiu e simplesmente continuou.

— Juro que não vou colocá-la nessa posição outra vez. De qualquer maneira, não sou muito boa nisso. Jerry dizia que eu era muito ruim...

Mais uma vez sua voz falhou e ela virou o rosto oval e pálido para o lado, como se não pudesse encará-la, mesmo na escuridão. Era a primeira vez que ela falava sobre o ex-marido voluntariamente, e ao ouvir seu nome Lin se apoiou no cotovelo, estimulada por aquela repentina oportunidade de saber o que havia se passado entre Kath e aquele homem.