— Exatamente.
Disse em um tom firme. Kath piscou.
— O quê?
— Concordo com você. Lin pode ter qualquer mulher que ela queira. Mas escolheu você.
— Mas ela não me quer!
— Em todos esses anos que a conheço, jamais ouvi dizer que Lin perdeu o controle. Até agora... Se perdeu, é porque você a afeta mais do que
qualquer outra pessoa já afetou. Poucas pessoas conseguem irritá-la, mas, quando isso acontece, jamais perde o controle ou mesmo levanta a voz. Não é necessário. Faz a pessoa se encolher com um único olhar. Possui um autocontrole fenomenal, mas parece que o perde com você. Kath, você é capaz de magoá-la. Capaz de irritá-la. AcrediteLin a ama tanto que poderia assustá-la se você soubesse como se sente. Essa pode ser a razão pela qual disse que desejava se casar com você para ter Namo. O bebê é adorável, mas Lin poderia ter quantos filhos quisesse, se crianças fossem o que ela queria.— Então por que não fez amor comigo ontem à noite?
— O que ela disse?
— Disse que não precisava da minha c-c- caridade.
— É claro que não. De todas as coisas que Lin quer de você, essa não se encontra na lista. Também não gostaria de gratidão. O que mais disse?Kath parou, pensando, e de repente foi como se uma porta se abrisse.
— Disse algo sobre amor e compromisso, mas não estava... não acho que quis dizer...
Sua voz sumiu e ela olhou para Sarah.
Sarah bufou de maneira muito pouco feminina.— Kath, deite-se na cama com ela.esta noite e diga que a ama, não que está agradecida ou quanto lhe deve. Acredite, Lin se encarregará do resto a partir daí. O humor dela deve estar instável, senão teria tido outra atitude na noite passada. Mas nunca se apaixonou antes, então as próprias emoções a estão confundindo.
A certeza absoluta de Sarah deu ânimo a Kath e, pela primeira vez, ela começou a ter esperança.
Seria verdade? Lin poderia amá-la?
Nunca fora amada antes e lhe dava medo pensar que aquela criatura perfeita, forte e linda podia sentir o mesmo que sentia por ela.
Estremeceu com a ideia de colocar o plano de Sarah em ação, porque estaria pondo o coração e toda a sua vida em risco e não suportaria ser rejeitada mais uma vez. Seu coração batia tão acelerado enquanto dirigia para casa, naquela tarde, que se sentiu mal e se forçou a respirar fundo.
Namo começou a se agitar e ela lançou um olhar apreensivo à criança.
— Por favor, esta noite, não...
Suplicou em voz baixa.
— Você foi tão boazinha na noite passada, vamos tentar fazer o mesmo hoje, tudo bem?
Mas Namo continuou a se agitar e, após poucos, explodiu em um verdadeiro pranto. Kath estava apenas a poucos quarteirões do apartamento, então continuou dirigindo, com os nervos em frangalhos pelo esforço de ignorar o choro da filha, mesmo que por um breve período de tempo.
Ao parar no estacionamento e desligar o motor, sentiu uma dolorosa sensação de alívio quando soltou a criança do assento de bebês e a pegou no colo.
— Não, não...
Murmurou, acariciando-lhe as pequenas costas.
— Mamãe está aqui. Estava se sentindo solitária?
O choro do bebê reduziu-se a soluços esparsos, enquanto Kath pegava todas as coisas da criança nos braços e se dirigia ao apartamento.
Tinha um sério pressentimento que Namo não teria uma noite tranquila. Assim que colocou a mão na maçaneta, a porta se abriu e Lin surgiu na soleira.
— Você chegou cedo.
Disse ela em um fio de voz.
Não conseguiu interpretar a expressão da mulher quando a viu estender a mão para pegar o bebê.
— Ouvi Namo chorar quando você entrou no corredor.
Disse, ignorando o seu comentário enquanto pegava a criança no colo e a bolsa de fraldas das mãos.
— Por que não vai tomar um banho para relaxar, enquanto eu cuido da menina? Depois vamos jantar e conversar com calma.
Kath entrou no apartamento e piscou surpresa. O que estava acontecendo?
Havia uma árvore de Natal em um dos cantos da sala, decorada com ornamentos pintados à mão e luzes multicoloridas que piscavam serenamente.
Na base da árvore, havia pilhas de caixas embrulhadas com papel de presente. Os ramos de um pinheiro fresco emprestavam um perfume ao ar, enquanto velas brancas brilhantes decoravam a mesa.
Um CD de músicas natalinas tocava no aparelho de som e sinos de trenórepicavam nos ouvidos dela. Naquela manhã, quando saíra, o apartamento estava perfeitamente normal. Kath levou a mão à bochecha.
— Mas estamos em fevereiro.
Protestou, com a voz atônita.
— Estamos no Natal.
Afirmou Lin.
— O mês não importa. Vá tomar um banho.
Depois conversariam. O pensamento a assustava e emocionava ao mesmo tempo, porque não sabia o que esperar. Lin devia ter passado a maior parte do dia fazendo aquilo, o que significava que alguém a substituíra no hospital.
E onde teria encontrado uma árvore de Natal em fevereiro?
Era uma árvore de verdade, não artificial, então ela própria devia ter cortado. E o que haveria naquelas caixas sob a árvore? Ela não podia ter ido a algum lugar no campo para conseguir a árvore. Era impossível.
Mas o pinheiro estava ali.
Apesar das instruções de Lin para que ela relaxasse, Kath tomou um banho rápido, incapaz de tolerar qualquer atraso. Quando entrou no quarto da filha, ela havia terminado de banhá-la e a estava vestindo.
Namo se acalmara e agitava os punhos, emitindo pequenos ruídos suaves que havia aprendido recentemente.
Kath esperou até ela terminar e, a seguir, pegou a criança para alimentá-la.
Ao se acomodar na cadeira de balanço, a fitou insegura, perguntando-se se pretendia permanecer no quarto.
Pelo visto, sim, pensou, ao vê-la se recostar contra a parede, os ardentes olhos cor de jabuticaba fixos nela.
Lentamente, Kath abriu o roupão, desnudou o peito e aproximou-o de Namo.
A boquinha faminta da menina sugou o mamilo com uma avidez cômica e, por um momento, ela esqueceu tudo, exceto o bebê e aquela proximidade tão especial. O silêncio tomou conta do ambiente, interrompido apenas pelos sons emitidos por Namo enquanto mamava. Kath manteve o olhar baixo, segurando a menina e embalando-a muito tempo depois que ela havia parado de sugar o leite. Lin afastou-se da parede e, por fim, ela ergueu o rosto e a fitou quando se curvou e, com a suave pressão de um dedo, retirou o mamilo da boca da criança.
— Ela está dormindo.
Murmurou, pegando o bebê e o colocando no berço. Em seguida, se voltou para Kath, com os olhos ardendo de desejo ao percorrer-lhe o peito nu.
Ela corou e depressa fechou o roupão.
— Vamos jantar.
Disse com a voz rouca. Depois disso, ela não soube como conseguiu comer, mas Lin havia colocado um prato na sua frente e lhe dito que comesse, e de alguma forma ela o fez.
Lin esperou até terminarem de jantar, antes de segurá-la pela mão e conduzida à sala de estar, onde as luzes alegres da inacreditável árvore de Natal ainda piscavam. Ela olhou para a cena nostálgica, com lágrimas nos olhos e sentindo a garganta apertada.
Não se recordava de ter participado de uma autêntica celebração do Natal antes. Não fazia parte da tradição de sua família. Mas recordava-se de ter visto fotos de uma família reunida em torno de uma árvore, com o amor brilhando no rosto de todos, enquanto riam e abriam presentes, e também lembrava o doloroso desejo que sentira de ter aquele tipo de proximidade.
Kath pigarreou.
— Onde conseguiu encontrar essa árvore de Natal?
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Hero For Christmas
FanfictionGrávida e sozinha durante uma nevasca, Kath Armstrong se vê em apuros ao entrar em trabalho de parto prematuramente no dia de Natal. Ao se ariscar pela perigosa rodovia a fim de chegar ao pronto-socorro, fica presa e logo perde as esperanças de salv...