CAPÍTULO TRINTA

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Odeio despedidas

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Odeio despedidas. Acho que é a única coisa da qual tenho certeza sobre mim mesma.

As cartas de Arawn chegavam com a mesma facilidade com que um pássaro voa. Um mês de suas cartas romanticamente esperançosas bastaram para virarem cinzas esquecidas na lareira. A primeira de mais vinte e nove cartas que logo chegariam, era incrivelmente deprimente e cheia de pretensões inapropriadas.

“Querida Aurora
Entendo que suas escolhas tenham sido ligeiramente precipitadas e mal feitas…”

A segunda parecia um pouco mais exaustiva.

“Querida Aurora
Comprei uma casa para mim, mas ela é extremamente vazia sem sua presença…”

A última que chegara, no entanto, me parecia diferente das demais. O envelope era do mesmo tipo. O remetente igual, mas havia algo diferente em seu conteúdo que inexplicavelmente me fascinava. Antes de atirá-la contra a lareira, eu a abri.

“Aurora
Sei que neste exato momento me odeia e me considera o homem mais carente que já conhecera em sua vida. Sei também que não suporta mais a chegada de minhas cartas e por isso serei breve. O que você fará com esta carta é de sua decisão somente, mas sugiro que pense bem antes de julgar sua importância.
Dentro deste envelope estão as páginas de um jornal que vem fervendo nas ruas de Aramônia. É de uma coluna chamada Corvo da Meia-Noite, provavelmente um grupo de rebeldes. Não sabemos quem ou o quê está escrevendo estas atrocidades, mas com certeza está envolvido com as mortes e atentados dos outros reinos. Espero ter sido de utilidade.

Arawn”

As páginas de jornal caem sobre meu colo assim que as retiro do envelope. Os títulos são gigantes, mostram aquilo que com certeza instigaria qualquer pessoa a ler.

“Família real: Um fardo ou uma farsa?”

“As mortes nas fontes de Eastshawn não foram as primeiras”

“Rei Edgar não trai apenas Rainha Victória, mas também a seu reino”

Céus, quem em sã consciência teria capacidade suficiente para desafiar Rei Edgar?

Uma batida repentina me serve como aviso urgente para esconder a carta embaixo de minha cama.

Ao abrir a porta a figura de Príncipe Lyan se revela
─── Estrelinha, devemos descer até a sala do trono. Derek tem um pronunciamento a fazer.

Faço que “sim” com a cabeça, o que não lhe parece suficiente, pois mesmo de costas consigo sentir seu olhar desconfiado sobre mim.

─── Por que está tão calada esta manhã?

─── Não é de sua conta. Vá ler um livro e me deixe em paz ou eu juro que corto sua língua.

Ele sorri ladino
─── Assim está melhor.

Reino de Fogo e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora