O GAROTO DO ANDAR DE BAIXO

53 - Pedidos

Lentamente me viro e encaro um já ajoelhado Danilo, com uma caixinha de veludo aberta na mão com um par de alianças de tirar o fôlego dentro.

-E então? – Dan me pergunta com expectativa enquanto eu ainda estou chocada.

Olho para Eva que tem lágrimas se formando em seus olhos e ela me incentiva com um "vai lá, amiga". Olho novamente para o meu crepe e leio o "quer se casar comigo?" escrito na borda com chocolate numa letra cursiva muito bonita.

Me levanto e me sinto flutuando, vou até o homem da minha vida e de frente para ele digo meu sonoro "SIM" com um grande sorriso nos lábios e olhos marejados.

Dan se levanta e me abraça forte enquanto gargalha nervoso.

-Por um momento achei que você diria não.

-Eu jamais diria não a você, eu só estava chocada de mais para responder logo.

Danilo me dá um longo beijo apaixonado e me pergunta:

-Está pronta para ser minha esposa?

-Claro que estou! – Digo com entusiasmo e todos ao redor nos aplaudem.

Danilo me segura pela mão e começa a me levar em direção a lateral do restaurante.

-Espera, amor. A Eva...

Olho para trás só para me dar conta que a minha amiga já não está mais lá sentada em nossa mesa.

-Não se preocupe com ela, ela está bem.

Continuamos nosso caminho passando por uma porta lateral e corremos por uns três minutos até chegar em uma faixa de praia incrivelmente decorada com luzes no chão, tochas mais altas em pontos estratégicos iluminando, um corredor de pétalas ladeado por cadeiras na faixa seca de areia, um lindo arco disposto na direção do mar de cor branca com flores brancas, vermelhas e folhagem verde presas nele.

Olho em volta e encontro amigos, família e alguns desconhecidos de pé nos esperando chegar até eles.

Estou chocada.

-Vou refazer minha pergunta? – A voz grave e melodiosa de Danilo me tira do meu devaneio. – Você aceita se casar comigo?

-Agora? Assim? Eu nem conheço sua família? – Falo quase que em desespero. E se não me aceitarem, e se não gostarem de mim, e se meus sogros forem ruins para nós dois por conta dessa união, e se o Dan sofrer por seus pais não me aceitarem...

-Isso não importa, meu amor. Afinal eu vou me casar com você e você se casará comigo. Só nosso amor importa nesse momento, sem falar que você terá toda a vida para conhecer minha família. O que me diz?

Olho para ele e um sorriso de aceitação aparece nos meus lábios e lagrimas nos meus olhos.

-Ser sua é o que eu mais quero na vida nesse momento. Eu aceito sim!

-UHUUUU! ELA ACEITOU! - Danilo grita em direção à praia com um braço levantado em posição de vitória e todos começam aplaudir e assoviar.

Algumas pessoas se direcionam ao arco que é o nosso altar. Daqui reconheço meus pais, Eva, o amigo de Dan que divide o AP com ele e outro casal que acredito serem meus sogros.

Dan entrelaça nossos dedos e me leva em direção ao caminho de pétalas.

Uma de minhas funcionárias está no início do caminho e me entrega um boque com as mesmas flores do arco e põe em minha cabeça uma discreta coroa dourada. Sorrio para ela e sigo com Danilo passo a passo cumprimentando nossos convidados enquanto luto para conter as lagrimas e não borrar minha maquiagem.

Assim que estamos de frente para o altar olho meus pais que choram discretamente e eles se aproximam e me dão um beijo na testa. Minha amiga está de pé atrás deles chorando e rindo para mim.

Do lado oposto vejo meus sogros cumprimentando o Dan.

Minha sogra tem lágrimas nos olhos e abraça o filho com amor. Seu pai aperta forte sua mão, mas mantem o rosto impenetrável, sem que nos demonstre ao certo o que sente.

Dan estende sua mão para mim e eu a seguro, ele está vestindo uma camisa larga e fina de cor branca e uma calça praiana de cor caqui quase semelhante a cor do meu vestido. Está descalço.

Ao redor observo os convidados e estão com a mesma vibe. Roupa de cores claras em sua maioria branco. Alguns se destacam como nossas mães e Eva que continuam numa paleta em cores claras, mas com cores diversas.

Eva com seu vestido rosa chá, minha mãe com seu vestido verde água e minha sogra com um conjuntinho azul Tiffany.

O juiz de paz começa com suas palavras sobre matrimonio, respeito, companheirismo, cumplicidade. Fala da lei do matrimônio e nos orienta sobre o caminho a seguir agora a dois. São lindas e reconfortantes palavras.

É chegada a hora da pergunta mais aguardada e obviamente que nossa resposta é "SIM!"

-Agora já pode beijar a noiva. - Fala o juiz encerrando a cerimônia e sou segurada por Dan com tanto amor e carinho que só tenho uma certeza.

-Se outras vidas existirem me certificarei de encontrar você em todas elas. - Digo olhando no fundo dos seus olhos marejados.

-Espero que isso seja uma promessa, porque eu também prometo que se mil vidas existirem eu irei encontrar você e te amar com todo amor que você merece ser amada. Eu amo você!

-Eu te amo mais.

Sorrimos e finalmente nos beijamos apaixonadamente ao som dos aplausos dos nossos convidados e família.

Esse é, de longe, o dia mais feliz da minha vida.