13- REAGIR

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(Será corrigido depois)

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Me sinto leve, flutuante, como se envolta numa nuvem bem fofinha. Alguns barulhos irritantes ao meu redor, já faz alguns poucos minutos que comecei a prestar atenção neles.

Escuto vozes ao meu redor e não as identifico.

Olá querida! Bom dia! Sou eu, a enfermeira Maria. Vou precisar colher um pouco do seu sangue e depois tiraremos esse tubo de sua boca, está bem? Depois vamos tomar banho para ficar limpinha.

Oque? Banho? Como tomar banho?

Sinto uma picadinha no dorso da minha mão e depois algo como uma fitinha sendo presa. Passam-se alguns minutos e volta a mesma enfermeira acompanhada d mais alguém pois ouço os passos.

Ola, Valéria! Sou a doutora Rita, sua fisioterapeuta. Vamos precisar remover esse aparelho de sua boca, por favor não tenha medo, seremos muito cuidadosas, prometo que será bem rápido. Você sentirá um pouco de desconforto após a retirada, mas vai passar.

Fico apreensiva, já faz alguns dias que me acordo e sinto esse tubo enfiado goela abaixo me impedindo de deglutir minha saliva.

Dói um pouco, incomoda bastante e vai ser um alívio ficar sem ele.

Novamente tento me mover, mas não consigo comandar meu corpo. Ele não me obedece.

Sinto o tubo ser removido pouco a pouco de minha garganta e sinto ânsia, mas não consigo protestar.

A sensação de queimação na garganta se faz bem mais presente que antes, tento engolir um pouco de saliva, mas é um esforço tamanho que preciso fazer e ainda assim não consigo. Meu maxilar dói um pouco também.

A médica vem com algo molhado e toca minha boca, parece um pedacinho de pano, ou gaze. O líquido sem sabor se espalha sob minha língua e acredito que seja água.

Deu tudo certo, querida, pode descansar um pouco que já voltamos para o banho. Quando voltarmos eu te chamo, ta? – Ela fala como se a qualquer momento eu fosse abrir os olhos e responder a cada pergunta.

Estou quieta e quase dormindo quando sinto alguém segurar minha mão. É uma mão grande e quente, macia.

O cheiro do perfume invade minhas narinas e nesse exato momento eu o reconheço.

Escuto um soluço baixo, um pingo quente em minha mão. Quero abrir os olhos, quero passar os dedos entre seus fios grossos e macios.

Quero dizer-lhe que sou uma tola por ter tanto preconceito com sua idade. Vou respeitá-lo exatamente por ser quem é.

Não irei mais me privar de viver. Irei curtir cada momento e será mágico. Sei que será.

Eu estou quase conseguindo meu amor, me espera que voltarei para você.

Fico ainda alguns minutos o escutando soluçar baixinho até que alguém entra rápido e começa mexer em mim.

Afere minha pressão, escuta meus batimentos, mexe em meus aparelhos e volta falar comigo.

Querida, sou eu novamente, Maria, sua enfermeira. Você precisa se acalmar, está com a pressão subindo muito rápido e não podemos permitir isso. Vamos ter que encurtar a sua visita hoje e fazer você descansar, está bem?

Mas é claro que não está bem, eu não quero descansar, eu quero senti-lo aqui comigo, ouvir sua voz, sentir seu carinho em meus cabelos.

Mas ela faz o oposto.

Tira ele do quarto e me sinto vazia.

Quero chorar, quero dizer que isso é uma maldade, mas não me movo e isso é desesperador.

Vou lentamente ficando embriagada, grogue, sonolenta.

Prontinho! Agora você ficara mais tranquila e a pressão vai normalizar aos poucos.

A voz da Maria é tranquila, como se quisesse me trazer paz.

Mergulho na leveza e durmo.

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Olhos abertos!

A claridade dói em meus olhos, sinto pequenas agulhinhas machucando-os.

Me esforço para mante-los abertos e me acostumar com a sensação de ardência. Estou lacrimejando e isso me ajuda amenizar a sensação.

Tudo parece meio embaçado, desfocado. Minha cabeça retumba uma sensação incômoda, não chega doer, mas é como se latejasse de alguma forma e isso me deixa agoniada.

Doutora Rita! Doutora Rita! Por favor, venha aqui no F33!

A voz do Danilo invade meus ouvidos aos gritos e isso esquenta meu coração. Tento mover meus olhos, só que a sensação não é boa, machuca um bocado. A mesma sensação de quando tive dengue ou até pior, então me mantenho quieta.

A doutora se aproxima de minha cama.

Olha só quem resolveu mostrar seus lindos olhos.

Ela acende uma luz em cada olho meu e isso incomoda muito.

Todos os seus sinais estão em perfeita ordem, mocinha. Vamos fazer alguns exames de rotina apenas para confirmar que está tudo bem e agora é só esperar você melhorar pouco a pouco, está bem? Estamos muito confiantes com sua recuperação, Valéria. Você é uma mulher muito forte.

Escutar suas palavras aquece dentro de mim. Eu vou me recuperar sim. Darei tudo de mim para isso.

-Minha mulher é a mulher mais forte do mundo, doutora.

Meu estomago borbulha, meu coração parece estar quentinho.

Na minha cabeça só vem a musica Pupila da AnaVitoria com Vitor kley.

"Eu quero dizer para ele que a rima fez efeito, agora penso o dia inteiro, só ele faz minha pupila dilatar."

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O GAROTO DO ANDAR DE BAIXOOnde histórias criam vida. Descubra agora