Capítulo 28

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O sábado estava animado, mas com uma pitada de nervosismo no ar. Eu terminei de me preparar e vim até o ginásio com Samy, que não parava de comentar sobre os meus vídeos no YouTube.

Era engraçada a empolgação dela, me deixava feliz. Quando chegamos ela encontra Vic e as duas decidem ficar bem atrás do banco de reservas.

- Tá, eu preciso ir. - Aviso dando um beijo em sua bochecha.

- Bom jogo, seja o que Deus quiser. - Samy acena e Vic faz o mesmo.

Eu suspiro pesado e entro no vestiário apreensivo, alguns dos jogadores estavam no banho, outros estavam se vestindo, mas tudo em silêncio.

- Credo, parece que alguém morreu aqui. - Comento quebrando o gelo.

- Verdade. - Blake entra e para ao meu lado. - Vai se trocar, anda.

Eu não contesto, apenas vou até o armário e começo a vestir o uniforme.

- Falta apenas um jogo antes das semifinais, era pra vocês estarem saltitando por esse lugar. - O treinador diz e todos o olham. - Sei que a pressão é grande, mas imaginem estar no Nacional, todos os jogos seriam assim.

- Com certeza, vocês precisam aprender a lidar com isso. - Comenta o auxiliar. - Jogos importantes vão acontecer o tempo inteiro e como vão lidar com isso faz toda diferença.

- Verdade pessoal, vamos animar essas caras. - Tyler se levanta e aumenta o volume da caixa de som. - Se chegamos aqui é porque somos dignos daquele título.

- Boa Ty. - Concordo e vou até ele dançando. - Agora é só lutar mais um pouco.

- Vai galera, ânimo. - Gabriel pede e todos dão o braço a torcer.

Blake e o auxiliar também entram na brincadeira dançando, nós fazemos uma bagunça até que um funcionário vem nós chamar.

- Tá na hora. - O grisalho grita.

- Vamo nessa, quero vocês animados e completamente focados nesse jogo. Pra cima dele, pra cima! - Blake ordena.

- Aqui em cima, vencer no três. - Tyler faz as honras. - Um, dois, três...

- Vencer !

- Eu não ouvi. Um, dois, três... - O capitão provoca.

- VENCER !

Todos comemoram e saem do vestiário gritando. A torcida estava como sempre, fervendo e fazendo a gente se sentir em uma arena gigante.

- Boa noite a todos, sejam muitíssimo bem vindos ao último jogo antes da fase final do Campeonato Estadual de basquete. - O narrador abre a partida e eu percebo que aquilo realmente estava acontecendo. - Hoje teremos o encontro do Toronto Team, com a galera do Seneca College. Quem aí está animado? Hein? Eu quero ouvir muito barulho nesse ginásio.

- Ano passado não foi tão chique, olha quanto fotógrafo. - Gabriel cometa ao meu lado e eu observo algumas pessoas na beira da quadra com câmeras nas mãos.

- Cara, ano passado nem a banda veio ver a gente. - Tyler diz e nós três rimos.

- Tá na hora de começar esse jogaço. - Os alto falantes ecoam um chiado. - Vamos assistir equipes fazerem os últimos ajustes e partirem para as suas posições.

O narrador diz mais meia dúzia de coisas enquanto nós bebemos água e ouvimos as últimas instruções de Blake, ele nos tranquiliza e incentiva a encontrar o ritmo de jogo rápido.

Já no centro da quadra, os nomes dos jogadores são chamados um a um e a torcida faz festa. Na minha vez eu apenas aceno e quando encontro Samy, mando um beijo de longe. O narrador comenta que foi fofo e todos riem, mas a moça se esconde de vergonha.

Ao fim das apresentações, o juiz vem ao centro e começa oficialmente o jogo.

Sem querer parecer arrogante, mas o time adversário tinha muitos furos defesa, conseguir me infiltrar de longe era o menor dos problemas, já o maior deles era a agressividade dos jogadores. Em cinco minutos eu acabei sofrendo duas faltas, mas pelo menos elas renderam pontos valiosos.

- Juan, 62 ! - Ouço a voz familiar e me preparo pra fazer a jogada fantasma.

Na mesma hora Gabe aparece sozinho no garrafão e eu arremesso a bola em sua direção. O ruivo enterra com maestria e volta ao chão comemorando com gritos.

- Boa, cara. Boa! - Incentivo com o nosso toque especial.

O primeiro e segundo quarto foram tranquilos, conseguimos finalizar a maioria das nossas jogadas e estávamos ganhando com 62×49.
Blake nos libera pra passar o intervalo fora do vestiário e aproveitando o som que tocava no ginásio, o time todo dança e comemora por estarmos aqui.

Pela primeira vez em anos a Universidade de Toronto tem chance de vencer esse campeonato e nos precisávamos curtir essa sensação enquanto podíamos. A música acaba com todos nós rindo e suados, mas não temos tempo de nada, apenas voltar para a quadra e esperar o apito do árbitro.

O time da Seneca volta mais preparado e com mais controle da partida. Eu sofro pra conseguir me adaptar, tento marcar alguns jogadores e por sorte consigo pegar um rebote.

Mesmo com a nossa mudança de estratégia a diferenca de pontos vai diminuindo aos poucos e eu fico preocupado, procuro por ajuda e encontro Gabe livre na esquerda.

Era a hora de agir no desespero.

Arremesso a bola para o ruivo que entende a situação e corre até o garrafão, lá ele me encontra na linha de três chamando a bola com as mãos.
Gabe faz um passe brilhante e deixa dois marcadores confusos, sozinho e com a bola nas mãos eu arremesso e acerto em cheio.

Isso fez a minha adrenalina voltar a correr, com toda a certeza eu não fui o mesmo depois dessa cesta.

Curado Pelo Amor | Romance CristãoOnde histórias criam vida. Descubra agora