Capítulo 22

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Meu fim de semana estava sendo divertido, começando pela sexta, eu convidei as meninas para assistir ao jogo aqui em casa e elas me fizeram rir o tempo inteiro. Os meninos brilharam e com muita garra venceram a partida, a diferença de pontos entre a outra Universidade não foi grande, mas foi suficiente para mostrar que nosso time era o melhor em quadra.

Nessa noite das garotas, nós ficamos ainda mais próximas e acabamos fazendo um momento de bate papo. Entre as muitas coisas que falamos, Vitória confessou que estava se interessando por Gabe, eu como vizinha e amiga fiquei feliz.

Ela é uma garota legal, tranquila e prefere 200% ficar em casa ou fazer um rolê entre amigos do que frequentar baladas e encher a cara. Quando nos despedimos, eu fiquei encarregada de investigar se Gabe saia com alguém.

Bom, no dia seguinte a tão temida cólica me atingiu, mas não foi por isso que fiquei triste. Eu me forcei a terminar de arrumar a casa e a cuidar um pouco de mim, esse tempinho de autocuidado também significava "nada de estudos!". Pois a semana de avaliações estava chegando e focada nos livros, eu tinha esquecido de fazer o básico como, fazer as unhas, um skincare demorado e ter um tempo sem pressa com Deus.

Enfim, o sol estava se pondo lá fora e a cor laranja, tão característica do país, invade a minha casa. Tudo estava quieto, sem nenhum barulho de tênis contra o chão liso, nem bolas batendo por aí.
Aqui pra nós, eu estava com saudades de Juan. Lembrar da nossa última conversa e da tal surpresa fazia o meu coração acelerar, mas uma ligação inesperada me faz despertar dos pensamentos e ao ler o nome na tela eu não contenho um sorriso.

- Oi...

- Oi, como você tá? - Juan pergunta com a voz rouca.

- Bem, mas senti sua falta aqui. - Assumo sem medo.

- E eu senti sua falta lá. - Ele diz e eu me levanto.

- Você já chegou? Já está na Universidade? - Pergunto animada.

- Tô, tô aqui embaixo. - Avisa rindo. - Pode me ajudar com um pacote?

- Uhum, eu já vou descer. - Digo calçando os pés e indo até o estacionamento.

Assim que chego no lugar, encontro Juan me esperando com as mãos pra trás, ele se aproxima sorrindo e a expectativa me causa um frio na barriga.
Juan está lindo, vestindo uma calça branca e uma blusa preta que marca os ombros.

Eu me sinto boba quando ele para na minha frente, nem me controlo e o abraço apertado. Seu cheiro invade as minhas narinas e me acalma.

Aos poucos, o sentimento que só a palavra em português pode traduzir ecoa na minha mente. Saudade.

- Pra você. - Diz chamando a minha atenção e entregando um buquê de rosas cor de rosa. - Sei que gosta de plantas, a sua casa é cheia delas, mas o que achou da cor?

- Linda, eu amei. - Digo tocando nelas com delicadeza e encarando Juan. - Obrigada por isso.

- Essa não é a surpresa ainda, eu preciso te falar umas coisas antes. - Ele explica e eu percebo que estava nervoso.

- Tudo bem, pode falar. - Incentivo abraçando o buquê em frente ao corpo.

- Tá... Eu sei que pode parecer cedo, ou precipitado, mas é que pra mim não existem mais dúvidas sobre o que eu sinto. - Maria começa e põe as mãos no bolso da calça. - Desde que nos conhecemos, todos os momentos pareceram ser perfeitos demais pra mim e até agora eu não sei o porque Deus te colocou no meu caminho, mas eu sou muito grato a Ele por ter me permitido conhecer a mulher mais incrível, paciente, gentil e linda desse mundo.

- Tudo tem uma explicação, Juan. - Respondo baixinho enquanto seguro o sorriso.

- Sim, e o mais doido disso tudo é que você chegou exatamente quando Ele começou a me curar. - Seus olhos brilham e eu me emociono.

Sei que o começo desse ano não foi fácil pra ele, pelo que me contou muitas coisas aconteceram e até hoje as pessoas o julgam por erros do passado.

- Ele me mostrou que eu deveria ser forte e fazer o que era certo, me mandou uma amiga que ajudou a caminhar ainda mais no propósito dEle e hoje eu só quero que todos saibam que eu fui curado pelo amor de Cristo. - Juan diz e uma lágrima escorre por sua bochecha exatamente ao mesmo tempo em que sinto meu rosto também molhar.

- Que lindo. - Digo limpando o meu rosto e logo em seguida o seu.

- Sabe... - O mais alto pega minha mão com calma. - Quando eu to com você eu sinto que sou uma pessoa melhor, eu consigo ser sincero, não tenho medo. Você me faz querer ser melhor.

- Você faz eu me sentir em casa. - Confesso e ele ri. - Verdade, eu me sinto confortável, não preciso fingir nada, nem ser alguém diferente. Eu sou uma Samyra mais legal com você.

- Que bom, porque eu me apaixonei por ela. O jeitinho que ela ri, como seus olhos me dizem as coisas mais lindas, como ela é apaixonada por Deus. - Juan vai falando e eu vou ficando cada vez mais tímida.

Eu ponho a mão em frente a boca para rir e ele logo tira também rindo.

- Tá vendo, como você queria que eu resistisse a isso? - Brinca me abraçando pelo ombro.

- Eu não fiz nada, agora você mocinho, fica me seduzindo todos os dias. - Digo de uma vez por todas.

- Eeeeeu, nunca fiz isso. - Brinca enquanto gargalha.

- Fez sim e eu nem tive chance de lutar, quando percebi já estava falando de você pra minha mãe. - Rio.

- Que bom, o quê ela achou da ideia? - Pergunta sério.

- Disse que já sabia. - Dou de ombros encarando as flores. - Ela e a minha vó querem te conhecer.

- Eu vou vê-las, mas antes eu preciso te perguntar uma coisa. - Pede e eu concordo. - Quer namorar comigo? A gente pode passar mais tempo juntos, sair pra todos os lugares bonitos, poder seduzir um ao outro sem medo e pensar no nosso futuro.

Como se fosse um sonho eu escondo o rosto atrás do buquê e deixo algumas lágrimas rolarem, eu não conseguia acreditar.

O momento foi confortável e o que Juan disse foi lindo, eu não estava me sentindo pressionada e em todas as vezes que orei com ele na cabeça, nunca me senti em dúvida, diferente dos outros rapazes que eu gostei.
Quando eu perguntava à Deus sobre alguém "ser ou não ser" certo pra mim, uma incerteza ainda pairava no meu coração, mas com Juan desde o começo sempre foi 100%.

- Por favor, me diga alguma coisa. - Ele pede tocando meu braço e fazendo um carinho com o polegar.

- Ai... - Suspiro e limpo o rosto antes de olhá-lo e sorrir. - Quero, eu quero muito.

Juan sorri largo e começa a pular animado, eu caio no riso com a reação que só poderia vir dele.
Após descarregar o nervosismo ele vem correndo e segura o meu rosto entre as mãos.

- Eu te amo. - Diz em um português perfeito me deixando surpresa.

- Eu também te amo. - Assumo com borboletas no estômago.

Curado Pelo Amor | Romance CristãoOnde histórias criam vida. Descubra agora