- Samy, vem aqui ! - Uma das meninas me chama assim que eu chego na sala.
- Oi, bom dia. - Comprimento ao me sentar entre o grupinho.
- Você soube que o estadual de basquete vai começar? - A loira pergunta se debruçado na carteira. - A Universidade inteira vai assistir aos jogos, e você vem com a gente.
- Claro, é contra a York, né?! - Comento me lembrando do que Juan disse por mensagem.
- Olha... pra alguém que chegou ontem, você até que sabe das coisas, hein. - Outra colega comenta.
- É que meu amigo joga no time. Se eu perdesse o jogo, ele ficaria chateado comigo por uma semana. - Brinco e percebo que todas olham pra mim.
- Você e o Maria ainda estão juntos? - A loira pergunta com uma cara de nojo.
- Juntos? - Questiono intrigada. - Como eu disse, ele é um amigo, qual o problema?
- Nada, mas boa sorte. - Ela diz como um alerta.
Eu junto as sobrancelhas incomodada, mas não tenho a chance de falar nada por causa do professor que chega na sala.
A aula foi difícil. Joseph, meu professor de anatomia é britânico e entender o que ele dizia foi quase impossível. Sem querer a sensação de insuficiência me tomou e passei parte da tarde questionando as minhas capacidades.
Por volta das 16:30 da tarde alguém bate na porta e eu me assusto, ficar sozinha em casa as vezes me faz esquecer que outras pessoas moram neste andar.
- Quem é? - Grito saindo do quarto e indo até a porta.
- O melhor vizinho do mundo. - Uma voz divertida responde.
- Oi... - Cumprimento sorrindo ao abrir a porta. - Gabe, oi. - Cumprimento surpresa.
- Oi, eai? - O rapaz sorri largo.
- Então, será que você toparia se juntar a gente em um estudo? - Juan começa gesticulando. - Assim, nós precisamos especificamente de uma brasileira.
- Porquê? - Questiono cruzando os braços.
- Ele tá zoando, Samy, a gente veio te chamar pra me ajudar a ler algumas coisas. - Gabe explica e me mostra um livro. - O Maria disse que você entende mais que ele.
Encaro a capa preta confusa e começo a folhear, em poucos segundos percebo ser uma Bíblia e sorrio animada.
- Porque não me contou que ele também é cristão? - Pergunto a Juan.
- Eu não sou, era... sei lá. - O rapaz diz e eu junto as peças.
- Entrem, eu vou fazer um café. - Aviso e dou espaço para os dois passarem.
Sirvo a bebida quente em xícaras coloridas e me sento com eles, noto que o olhar de Gabriel parecia nervoso, piscava bastante e evitava manter contato visual. Por outro lado, Juan acompanhava cada passo meu com os olhos e sorriu largo quando me aproximei.
- Por onde quer começar e o que quer saber? - Pergunto ao lado de Juan e de frente para o ruivo.
- Não sei, do básico? - Diz e finalmente me olha por alguns segundos.
- Então vamos ao que é essencial... - Suspiro começando uma conversa que durou algumas horas.
Gabe não tinha experiência nenhuma de fé até ontem, pelo que disse, e sinceramente foi corajoso da parte dele buscar ajuda. Quando não se sabe sobre Deus tudo parece mais complicado, porém ele era obediente e curioso, quando falei sobre deixar velhos hábitos no passado ele apenas concordou e ficou em silêncio por um tempo.
- Por isso que você parou de ir nas festas do time ? - Gabriel pergunta ao amigo.
- É... sabe, quando eu comecei a viver de verdade o que Ele dizia e pude ver o que Ele faz, tudo aquilo pareceu tão pequeno. Aquelas festas, a bebida, os contatos, nada daquilo fazia eu me sentir vivo. - O retinto confessa encarando o amigo.
- Sei como é. - Ele sussurra e encara as próprias mãos. - Porquê nunca falou sobre Deus comigo ? Tipo, você me mostrou as músicas do Lecrae e comentou da letra, mas assim, desse jeito aqui, porque não me falou dEle? - Gabe questiona e eu percebo uma angústia em sua voz.
- Eu não sei, talvez eu achasse que você não iria querer ouvir, ou então que fosse rir de tudo. - Juan assume.
- Nunca, cara. Quando foi que eu fiz pouco caso das suas coisas? Se você me falasse de como se sentiu, de como Ele acolheu você e de como aprendeu coisas incríveis, eu jamais iria rir. - O ruivo explica devagar. - A gente é melhor amigo, ou não? Como você pôde me deixar perder tanto tempo?
Olho rapidamente para Juan, que estava com o maxilar travado e os olhos levemente marejados. Sei bem o que é essa sensação, de querer contar pra todo mundo sobre o amor de Deus, mas não saber como vai ser recebido. Eu era assim na escola, em meio às minhas amigas eu era a única cristã e vivia querendo falar sobre as mulheres da bíblia, de como elas eram fiéis ao Pai, como eram bondosas, virtuosas e sábias, mas no fundo eu sentia medo de como poderiam reagir.
Com o passar dos anos, eu aprendi que não posso ter vergonha de quem sou, de quem me salvou e deu a vida por mim.
Por baixo da mesa, eu toco o dedo mindinho no rapaz ao meu lado e sorrio amarelo pra ele.
Juan respira fundo e se levanta chamando o amigo para um abraço, eu assisto a cena de longe e acabo me emocionando.- Você não perdeu tempo nenhum, irmão, o seu tempo começa agora! - Maria diz apertando o menor entre os braços. - Foi mal por não ter falado antes.
- Tá legal. - Gabe murmura com a voz embargada.
Eu sorrio contente com a cena e pego o telefone para registrar, o ruivo logo se afasta gargalhando e leva as xícaras vazias para a cozinha. Juan volta a se sentar comigo e me olha engraçado.
- O que foi? - Pergunto rindo.
- Como você sempre sabe o que fazer? - Ele inclina a cabeça na minha direção.
- Como assim, do que você tá falando, Juan?- Pergunto completamente confusa.
- Desde que nos conhecemos você sempre sabe o que fazer pra me ajudar, dar coragem ou conforto. - Diz me olhando com ternura. - Como, hein?
- Não sei, talvez eu seja o seu anjo. - Brinco sentindo meu coração acelerar
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Curado Pelo Amor | Romance Cristão
Storie d'amoreJuan Maria se encontra sem saída em meio ao caos, suas esperanças estavam acabando e a única coisa que o mantinha vivo era o amor pelo basquete. Samyra, uma brasileira que acaba de realizar o sonho da aprovação em medicina, parte para o Canadá e em...