Capítulo 14

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- Samy, vem aqui ! - Uma das meninas me chama assim que eu chego na sala.

- Oi, bom dia. - Comprimento ao me sentar entre o grupinho.

- Você soube que o estadual de basquete vai começar? - A loira pergunta se debruçado na carteira. - A Universidade inteira vai assistir aos jogos, e você vem com a gente.

- Claro, é contra a York, né?! - Comento me lembrando do que Juan disse por mensagem.

- Olha... pra alguém que chegou ontem, você até que sabe das coisas, hein. - Outra colega comenta.

- É que meu amigo joga no time. Se eu perdesse o jogo, ele ficaria chateado comigo por uma semana. - Brinco e percebo que todas olham pra mim.

- Você e o Maria ainda estão juntos? - A loira pergunta com uma cara de nojo.

- Juntos? - Questiono intrigada. - Como eu disse, ele é um amigo, qual o problema?

- Nada, mas boa sorte. - Ela diz como um alerta.

Eu junto as sobrancelhas incomodada, mas não tenho a chance de falar nada por causa do professor que chega na sala.

A aula foi difícil. Joseph, meu professor de anatomia é britânico e entender o que ele dizia foi quase impossível. Sem querer a sensação de insuficiência me tomou e passei parte da tarde questionando as minhas capacidades.

Por volta das 16:30 da tarde alguém bate na porta e eu me assusto, ficar sozinha em casa as vezes me faz esquecer que outras pessoas moram neste andar.

- Quem é? - Grito saindo do quarto e indo até a porta.

- O melhor vizinho do mundo. - Uma voz divertida responde.

- Oi... - Cumprimento sorrindo ao abrir a porta. - Gabe, oi. - Cumprimento surpresa.

- Oi, eai? - O rapaz sorri largo.

- Então, será que você toparia se juntar a gente em um estudo? - Juan começa gesticulando. - Assim, nós precisamos especificamente de uma brasileira.

- Porquê? - Questiono cruzando os braços.

- Ele tá zoando, Samy, a gente veio te chamar pra me ajudar a ler algumas coisas. - Gabe explica e me mostra um livro. - O Maria disse que você entende mais que ele.

Encaro a capa preta confusa e começo a folhear, em poucos segundos percebo ser uma Bíblia e sorrio animada.

- Porque não me contou que ele também é cristão? - Pergunto a Juan.

- Eu não sou, era... sei lá. - O rapaz diz e eu junto as peças.

- Entrem, eu vou fazer um café. - Aviso e dou espaço para os dois passarem.

Sirvo a bebida quente em xícaras coloridas e me sento com eles, noto que o olhar de Gabriel parecia nervoso, piscava bastante e evitava manter contato visual. Por outro lado, Juan acompanhava cada passo meu com os olhos e sorriu largo quando me aproximei.

- Por onde quer começar e o que quer saber? - Pergunto ao lado de Juan e de frente para o ruivo.

- Não sei, do básico? - Diz e finalmente me olha por alguns segundos.

- Então vamos ao que é essencial... - Suspiro começando uma conversa que durou algumas horas.

Gabe não tinha experiência nenhuma de fé até ontem, pelo que disse, e sinceramente foi corajoso da parte dele buscar ajuda. Quando não se sabe sobre Deus tudo parece mais complicado, porém ele era obediente e curioso, quando falei sobre deixar velhos hábitos no passado ele apenas concordou e ficou em silêncio por um tempo.

- Por isso que você parou de ir nas festas do time ? - Gabriel pergunta ao amigo.

- É... sabe, quando eu comecei a viver de verdade o que Ele dizia e pude ver o que Ele faz, tudo aquilo pareceu tão pequeno. Aquelas festas, a bebida, os contatos, nada daquilo fazia eu me sentir vivo. - O retinto confessa encarando o amigo.

- Sei como é. - Ele sussurra e encara as próprias mãos. - Porquê nunca falou sobre Deus comigo ? Tipo, você me mostrou as músicas do Lecrae e comentou da letra, mas assim, desse jeito aqui, porque não me falou dEle? - Gabe questiona e eu percebo uma angústia em sua voz.

- Eu não sei, talvez eu achasse que você não iria querer ouvir, ou então que fosse rir de tudo. - Juan assume.

- Nunca, cara. Quando foi que eu fiz pouco caso das suas coisas? Se você me falasse de como se sentiu, de como Ele acolheu você e de como aprendeu coisas incríveis, eu jamais iria rir. - O ruivo explica devagar. - A gente é melhor amigo, ou não? Como você pôde me deixar perder tanto tempo?

Olho rapidamente para Juan, que estava com o maxilar travado e os olhos levemente marejados. Sei bem o que é essa sensação, de querer contar pra todo mundo sobre o amor de Deus, mas não saber como vai ser recebido. Eu era assim na escola, em meio às minhas amigas eu era a única cristã e vivia querendo falar sobre as mulheres da bíblia, de como elas eram fiéis ao Pai, como eram bondosas, virtuosas e sábias, mas no fundo eu sentia medo de como poderiam reagir.

Com o passar dos anos, eu aprendi que não posso ter vergonha de quem sou, de quem me salvou e deu a vida por mim.

Por baixo da mesa, eu toco o dedo mindinho no rapaz ao meu lado e sorrio amarelo pra ele.
Juan respira fundo e se levanta chamando o amigo para um abraço, eu assisto a cena de longe e acabo me emocionando.

- Você não perdeu tempo nenhum, irmão, o seu tempo começa agora! - Maria diz apertando o menor entre os braços. - Foi mal por não ter falado antes.

- Tá legal. - Gabe murmura com a voz embargada.

Eu sorrio contente com a cena e pego o telefone para registrar, o ruivo logo se afasta gargalhando e leva as xícaras vazias para a cozinha. Juan volta a se sentar comigo e me olha engraçado.

- O que foi? - Pergunto rindo.

- Como você sempre sabe o que fazer? - Ele inclina a cabeça na minha direção.

- Como assim, do que você tá falando, Juan?- Pergunto completamente confusa.

- Desde que nos conhecemos você sempre sabe o que fazer pra me ajudar, dar coragem ou conforto. - Diz me olhando com ternura. - Como, hein?

- Não sei, talvez eu seja o seu anjo. - Brinco sentindo meu coração acelerar

Curado Pelo Amor | Romance CristãoOnde histórias criam vida. Descubra agora