Capítulo 33

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Eu tentei animar os rapazes, mas todos ficaram arrasados com o resultado, aos poucos cada um ia embora e o vazio do vestiário se parecia com o estado da minha mente.

A sensação de incapacidade permanece em mim mesmo que eu me lembre perfeitamente do trabalho que fiz. Seguro as lágrimas o máximo que posso quando me despeço de Blake e ele me olha triste, mas não consigo aguentar ao encontrar a quadra vazia.
Em pé e caminhando solitária, Samy para e me olha com cuidado antes de se aproximar.

- Desculpa. - É tudo que consigo dizer em meio ao choro.

- Ei, tá tudo bem. - Ela diz me abraçando pelo pescoço. - Eu ainda estou orgulhosa de você.

Samy assume com a voz calma que me conforta, eu aperto ela em meus braços e escondo o rosto na curva de seu pescoço ainda chorando.

- Imagino que seja doloroso se despedir de tudo. - Ela comenta me fazendo um cafuné. - Quer me contar como se sente?

- Eu vou demorar pra acreditar que fiz o que era possível. - Digo me afastando um pouco para olha-lá. - A minha cabeça diz que é culpa minha por não me esforçar mais, mas meu corpo inteiro dói.

- E aquela falta, você se machucou? - Pergunta enxugando meu rosto.

- Meu ombro tá doendo, mas eu tô bem. - Explico colocando seu cabelo atrás da orelha. - Queria dar a medalha pra você. - Confesso.

- Eu tô satisfeita com tudo isso, vocês foram demais. - Samy comenta sorrindo com os olhos. - Pena que não era a hora de vocês.

- É ... - Digo tomando sua mão para sairmos dalí.

- Quer ir a algum lugar? Eu tô com fome. - A moça diz sorrindo travessa.

- Claro, que tal uma pizza? A gente pode comer aqui no gramado. - Sugiro olhando ao redor e vendo algumas pessoas conversando.

- Perfeito, como no começo de tudo.

- Humm, você lembra é? - Provoco. - Acho que comecei a me apaixonar naquele dia.

- Já, mas a gente tinha acabado de se conhecer. - Samy questiona quando atravessamos a rua.

- Sim, mas a nossa conversa foi boa. Você me deixou confortável e era a única que tinha interesse em saber quem eu era de verdade. - Explico colocando ela na parte de dentro da calçada. - Foi importante pra mim e depois daquele dia eu não conseguia parar de pensar em você.

Ela me olha em silêncio por algum tempo e sorri sozinha, eu não faço ideia do que se passa na cabeça dela, mas me permito sorrir por finalmente não pensar na derrota.
Nós compramos a pizza e voltamos para a Universidade com um clima mais leve, meu coração aos poucos absorvia as emoções da última hora e a companhia de Samy me distraia.

- Não sei o que eles colocam aqui, mas essa é a melhor da cidade. - Confesso dando uma mordida generosa na fatia.

- As do Brasil são melhores, mas ela até que é boazinha. - Ela debocha.

- Ah, é? Quero só ver quando eu for pra lá e provar essa maravilha, então. - Provoco nos fazendo rir.

O dia escurece devagar e após passar um bom tempo conversando, nós decidimos ir pra casa. Enquanto Samy guardava suas coisas e eu recolhia o lixo, meu telefone toca me deixando intrigado.

- Oi Blake, o que foi? - Pergunto ao atender.

- Eles confirmaram, ainda querem você no teste. - Diz me fazendo largar tudo em choque.

- Mas a gente acabou de perder, eles viram... - Tento dizer sem acreditar.

- Esquece, eles falaram do desempenho de vocês na partida e insistiram em levar os três pro teste. - Blake avisa me fazendo gritar aliviado.

- Isso, isso é demais. Quando é o teste? - Pergunto com Samy me olhando curiosa.

- Em dois dias cara e até lá, quero você no meu ginásio amanhã cedo. - O treinador ordena me arrancando uma risada.

- Te vejo às seis, velhote. - Provoco desligando a ligação e erguendo a minha garota do chão. - A gente conseguiu!

- Conseguiu o que Juan? - Questiona se debatendo.

- Ainda querem a gente no treino da Liga, bebê, nós ainda interessamos as equipes. - Aviso colocando ela no chão e recebendo o abraço mais animado do mundo.

- Eu sabia, eu sabia! - Diz me dando tapinhas nas costas. - Você foi muito bem e eles viram isso, não tinha como ignorar.

- É, parece que eu sou bonzinho, mesmo. - Brinco me separando dela para lhe roubar um selinho.

- Maria ! - Escuto uma voz chamar.

Viro a procura de quem seja e vindo na direção do dormitório, Gabe surge correndo.

- O Blake te ligou? Ele falou com você? - O ruivo dispara ofegante assim que se aproxima.

- Falou cara, nós vamos pra Liga. - Digo feliz pelo tamanho do seu sorriso.

- Que doido, meu Deus. - Comenta entre o aperto de mão e o abraço. - Ainda temos chance, mano, não acabou.

- Não mesmo! - Afirmo com um arrepio.

- Parabéns Gabe, você também merece muito. - Samy diz fazendo o ruivo ficar acanhado.

- Valeu Samy.

- Agora é melhor os rapazes irem descansar e organizar as coisas pra amanhã. - A moça comenta com a mochila nas costas. - Sem moleza, o desafio ainda não acabou.

- Boa, agora só no dia da lista oficial. - Gabriel avisa dando alguns pulinhos.

- Quem você acha que vai estar lá? - Questiono ao lado da brasileira enquanto caminhamos até em casa.

O assunto rendeu até a madrugada, Gabe e eu estávamos enérgicos com a nova chance e não parávamos de comentar sobre as expectativas para o grande dia. Nós rimos e assistimos alguns cortes de cerimônias antigas.

Nesse evento, todo ano grandes nomes da NBA são revelados e só de estar presente no treino fechado nos colocaria no radar das equipe por no mínimo dois anos.

"Senhor, que dia agitado."

Penso ao me deitar e raciocinar no tanto de coisas aconteceram hoje. De fato não foi fácil, mas Deus controlou tudo e no fim eu ainda conseguia ver uma luz, uma pontinha de esperança.

Que continue sendo da sua maneira, Pai.


Curado Pelo Amor | Romance CristãoOnde histórias criam vida. Descubra agora