Capítulo 9

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Que dia, só hoje eu havia feito inúmeras coisas das quais sempre sonhei e agora não consigo nem listar de cabeça o quão incrível foi.

Olho em volta admirada e trato de tirar algumas fotos do lugar para mostrar à mamãe. A quadra era enorme, aparentemente do tamanho das quadras na NBA. Eu estava nas primeiras fileiras da arquibancada porém ainda sobraram muitos acentos lá pra cima.

Quando a euforia diminuiu e o foco apareceu, passei a assistir o treino prestando atenção no que acontecia. Todos os garotos eram bons e ágeis, o homem que imagino ser o treinador ditava o que deveriam fazer e logo o time tratava de fazer.
A autoridade do mais velho era tanta, que por um segundo eu quase levantei e lancei uma bola na cesta quando ele pediu.

Inconscientemente meus olhos buscam por Juan em meio aos rapazes, ele ria e corria de um lado para o outro. Ele lançava sem medo, fazia incríveis cestas de três pontos e jogava a bola com precisão para os colegas.
Pra mim que não sou expert no esporte, ele parece ser um futuro promissor. Tem postura, físico, agilidade, personalidade, estilo.

- Ok pessoal, por hoje chega ! - O treinador grita e Juan se aproxima ofegante.

Ele havia passado os últimos minutos correndo de uma ponta a outra da quadra, sozinho.

- Tá tudo bem? Porque te colocaram no banco aquela hora? - Pergunto me levantando e o entregando a garrafinha de água.

- Foi só uma pausa. - Ele diz sorrindo. - O que achou?

- Foi demais, como consegue acertar de tão longe? E aquela jogada com o número zero, animal ! - Comento saindo da arquibancada e me aproximando.

- Não é difícil, lá na praça você também arrebentou. - Diz olhando pra mim com um sorriso largo nos lábios.

- Aí Maria... trouxe mais uma pra assistir seu showzinho ? - Um rapaz se aproxima e eu ergo uma sobrancelha.

Esse foi o mesmo cara que saiu de quadra com o Juan, tem algo de errado entre eles.

- Cala a boca Tyler. - Maria pede sem paciência, evitando olhar pro rapaz.

- Ah qual é, ela deve ter gostado. Só avisa pra moça que quando não tem visita você perde tudo. - O tal Tyler diz arrogante e eu me incomodo com seu tom.

- Não liga pra ele. - Sussurro para Juan que olha pra mim e concorda com a cabeça.

- Onw, por isso que você tem faltado às festas, né?! Achou um brinquedo novo.

- Vai se ferrar cara, não fala assim dela. - O moreno perde o controle e parte pra cima do colega com um empurrão.

- Isso... tava demorando pra você mostrar as garrinhas, né?! - Tyler insiste nas provocações.

- Juan chega, por favor ! - Peço puxando ele pelo braço.

- Ei mano, deixa ele. Não entra na pilha não ! - O número zero aparece e me ajuda a afastá-los.

Juan fehou os olhos com força e respirou fundo enquanto o outro rapaz ria parecendo se divertir da situação, eu o encaro irritada ainda sem entender o motivo de sua implicância.

- Desculpa por fazer você ouvir essas coisas, eu não te trouxe aqui pra isso. - Juan diz pegando a minha mão e me fazendo virar para ele.

- Que coisas, hãn? Eu não ouvi nada. - Digo forçando um sorriso e tentando não me abalar.

- Ei, se liga mina, esse ai é furada ! - O Tyler grita de longe.

Ignoro o alerta e espero por Juan e Gabe, o camisa zero, nós voltamos ao dormitório juntos enquanto conversamos e rimos. Passo o fim de tarde organizando algumas coisas na casa e lutando para deixar de pensar no que escutei.

As palavras foram pesadas, carregadas de ódio e sarcasmo. Não faço ideia do motivo da briga, mas seja lá o que tenha acontecido entre eles, o rapaz parece ter guardado mais mágoas que Juan.
Eu sento no sofá me rendendo e tentando imaginar o porque eu seria um brinquedo nas mãos do Maria. Desde que cheguei ele sempre foi gentil e respeitoso comigo, me apresentou os lugares e acabou se tornou um bom amigo.

- Talvez eu não saiba da história toda, né?! - Comento sozinha.

E realmente, lembrando da reação das garotas quando encontraram com Juan hoje cedo, parece que algumas pessoas guardam opiniões sobre ele.

"Senhor, eu não quero julgar errado uma pessoa que acabei de conhecer, mas isso tudo é muito estranho. Qual é a verdade sobre ele?"

Peço em oração silenciosa minutos antes do meu celular tocar, a tela mostra o nome da minha mãe e imediatamente meu coração se tranquiliza.

- Oi estrelinha, como você tá? - Ela pergunta animada quando atendo.

- Eu tô bem mamãe, e vocês? - Respondo abraçando os joelhos e me sentindo acolhida.

- Tudo ótimo por aqui ! Me conta como foi o primeiro dia, filha.

- Foi agitado... a Universidade é enorme, os professores parecem super sérios e as aulas são mais legais do que pensei. - Conto sorrindo. - Tudo aqui é lindo mãe, tudo.

- Glória a Deus, filha. Eu fiquei com tanto medo de você não conseguir se adaptar. - A voz dela fica mais leve.

- Um colega me ajudou a conhecer as coisas, não precisa se preocupar. - Comento me lembrando do passeio de hoje cedo.

- Colega? Que bom, meu amor. Como ele é? - Mamãe pergunta e sem que ela notasse eu olho para a porta.

- Legal... nós somos vizinhos e desde que cheguei conversamos algumas vezes, fomos até uma praça aqui perto e tomamos um sorvete. - Digo batendo a ponta dos dedos nos lábios.

- Uau, esse garoto deve ser muito legal. Qual o nome dele? - Ela questiona com um tom curioso.

- Juan, Juan Maria. - Assumo sentindo minha respiração pesar.

- Nome bonito, diferente... - Mamãe faz uma pausa. - Tenha cuidado, Samy, você acabou de conhecê-lo.

- Eu sei, Dona Suzana. - Suspiro esticando as pernas.

Um silêncio domina o ar e muitas coisas se passam pela minha cabeça, o que será que ela
pensaria sobre ele? A mamãe acharia o Maria legal? Como ela reagiria a briga de hoje à tarde?

- Olha, eu preciso ajudar a sua avó, mas sempre que precisar, me ligue! - Ela se despede e eu relaxo os ombros.

- Ligo, não se preocupe. - Respondo sentindo meus olhos marejar. - Eu te amo!

- Eu também te amo, filha. Deus te abençoe

Curado Pelo Amor | Romance CristãoOnde histórias criam vida. Descubra agora