Curado Pelo Amor | Romance Cristão

Capítulo 17

O juiz apita e começa o primeiro quarto, a marcação da York era pesada e nem sempre conseguimos chegar no garrafão, mas com um pouco de pressão e insistência marcamos alguns pontos.

- Juan, na esquerda ! - Tyler grita atrás de mim e antes que ele chegasse eu lanço a bola.

A jogada foi linda, o mexicano conseguiu alcançar e fez uma enterrada de outro mundo. Nós comemoramos e rimos da cara dos adversários enquanto o alarme toca sinalizando o fim daquele período.

- Boa Ty, aquele dunk vai tirar o sono deles por uma semana. - Um colega brinca do banco.

- Venham pra cá! - Blake chama e sua feição não parece feliz. - Vocês estão ganhando, mas isso não significa que são os melhores hoje. Eles estão dando trabalho e se vocês não reforçarem a defesa podem tomar uma surra.

O treinador diz e todos concordamos, ele fez algumas mudanças no time e repassa as jogadas com os segundos restantes.
O alarme toca e o tempo volta a correr no ginásio. Nós tentamos de diversas maneiras avançar em quadra, mas nada era suficiente, já para eles, era fácil chegar até o garrafão e marcar ponto.

A adrenalina e a pressão do jogo me deixavam cada vez mais impaciente, eu estava tentando de tudo, mas ainda não tinha encontrado meu ritmo de jogo.

- Merda, cadê a marcação? - Eu pergunto irritado.

- Não dá pra parar os caras, não dá! - Gabriel responde. - Faz a 43 com o Ned.

- A gente não treinou essa, Gabe, vai dar errado. - Digo como se fosse óbvio.

- Só faz, irmão, a gente precisa apavorar eles. - Ele grita e eu concordo.

Tyler me passa a bola e eu caminho com calma batendo ela no chão. A jogada 43 poderia ser uma saída, porém todos os nossos jogadores estavam marcados, exceto eu. Sem escolha, eu tento um lançamento a alguns passos atrás da linha de três pontos.

No fundo, eu só consigo escutar Blake gritar meu nome e com medo, eu me viro de costas para não ver o resultado.
Mesmo que os meus olhos estivessem fechados, as pessoas imediatamente comemoram e eu paro sem acreditar.

SERÁ?

- Tá maluco, Juanito, o que foi aquilo! - Tyler vem correndo e pulando até mim.

- Que cesta foi essa, cara? Sheeeeesh - Gabe se aproxima pulando em mim.

- Foi ponto? Eu não quis ver porque pensei que seria fora. - Confesso.

- Mano, só faz isso de novo, por favor. - O mexicano brinca.

E foi isso que eu fiz. Aos poucos encontrei um ângulo confortável pra lançar e fazer outras cestas de 3, mas quando não conseguia, eu me fazia de parede, entrando na frente do jogador com a bola e distraindo a marcação.
O resultado foi vinte e dois pontos de vantagem e um intervalo tranquilo.

No vestiário, os rapazes apenas conversavam sobre como poderíamos melhorar, cada um tinha a sua opinião e no fundo todas eram boas, mas eles estavam esquecendo de algo importante.

- Ai, me escuta. - Peço levantando. - Vocês não sei se perceberam, mas eles estão tentando nos amedrontar porque na realidade estão com um time de merda, o armador deles é fraco, até agora só conseguiram uma de três pontos.

- Verdade, a marcação e a defesa são boas, mas nem sempre conseguem marcar. - Blake comenta sentado ao lado da porta.

- O que a gente faz então? - Gabe pergunta.

- Jogar a corda, atrair o peixe e pescar. - Explico com metáfora. - Nós vamos fingir uma pressão em cima deles, logo depois relaxar a marcação e deixar que se aproximem. Pra finalizar a jogada é só ter alguém atento às brechas que vão aparecer e converter.

- Podemos tentar. - O ruivo diz levantando. - Vamo nessa?

- Vamo ! - Tyler chama todos a ficar em pé. - Pesca no três... Um, dois, três.

- Pesca ! - O time inteiro responde e corre de volta para a quadra.

No terceiro quarto nós começamos a organizar a jogada e ver como o adversário reagiria, como o esperado, pequenas aberturas apareceram e elas foram suficientes para começarmos a marcar.

- Maria, 03 - Gabe chama a jogada e eu me aproximo segurando o marcador pra ele fazer a cesta.

- Boa, cara. - Comento fazendo o nosso toca aqui. - Acho que já tá liberado começar a brincadeira, né!? - Provoco ao passar por um jogador da York.

- Vai se ferrar. - O rapaz responde rápido.

Eu rio aproveitando o clima e realmente começo a brincar em quadra. Eu fazia dribles doidos e lançava sem me preocupar, o time inteiro estava confortável e já não sentia mais a pressão do jogo.
Quando Tyler lança a bola o cronômetro zera e finaliza o período, nós brincamos fazendo uma dancinha, mas aparentemente ela irrita os visitantes.

- Se o estadual inteiro for assim, parece que vai ser tranquilo. - Um dos rapazes diz.

- Vai achando que vai ser fácil, vai. - Debocho.

- A parada nem começou ainda, mano. - Tyler alerta bebendo água.

Um pouco mais tranquilo, procuro Samy na arquibancada e encontro ela nos filmando com o telefone. Eu mostro aos outros e logo metade do time está posando pra ela, eu gargalho da reação da moça e vendo seu desespero, peço pra pararem.

Apenas cumprindo o regulamento, volto pra quadra e jogo como se fosse um racha na praça, ali não tinha ninguém melhor do que nós e nosso entrosamento estava invejável.
As jogadas limpas, os passes perfeitos, e quase 100% de aproveitamento. Eles quase não pareciam o mesmo time do primeiro quarto, baixaram a defesa e a marcação estava fraca.

- Ei Ty, quer fazer essa? - Grito pra ele de longe.

- É toda sua, vai lá. - Responde e o rapaz na minha frente trava o maxilar.

Eu finjo me mover para a direita e para esquerda, mas ele acompanha, na terceira vez eu vou mais rápido e pulo fazendo um lançamento perfeito.
O jogador me olha do chão e eu sinto sua raiva através do olhar, pra tentar amenizar as coisas, eu estendo a mão e ele nega.

O juiz apita o final do jogo me fazendo suspirar pesado, eu ergo o olhar para cima e agradeço mentalmente a Deus por ter conseguido chegar até o fim sem me desentender com ninguém e com uma vitória para o time.

- Boa pessoal, parabéns pelo jogo. - O técnico da York cumprimenta a todos sem sorrir, exatamente igual a seus jogadores.

- Parece que a pose de mais cedo acabou. - Gabe comenta baixinho e eu rio.

- Claro, a gente amassou. - Digo orgulhoso.