Curado Pelo Amor | Romance Cristão

Capítulo 38

A diversão da minha semana foi ajudar a brasileira com as fotos da loja, a criar postagens e cortar tecido. Ver o brilho nos olhos dela me deixava tão animado que eu esquecia de comer e até dormir.

Com o dinheiro dos primeiros jalecos que ela vendeu, conseguiu comprar uma máquina de costura pequena e com ela a produção aumentou muito. Vic se juntou a nós e além de criar a parte visual era modelo e ajudante.
Era bonito ver a amizade delas, o apoio que a morena dava a Samy era genuíno, sem querer nada em troca.

Depois de algumas semanas e algumas ligações, o dia da cerimônia oficial chegou. Muitos sites e páginas diziam informações diferentes e isso só fazia a minha ansiedade aumentar.

Blake, Gabe e Tyler estavam sentados comigo na mesa do enorme salão de festas. Alguns rostos conhecidos circulam e o principal deles passa por nós sorrindo, o presidente dos Warriors. Leandrinho também surge e acena alguns metros à frente, todos nós respondemos com a postura dura, tentando esconder o nervosismo.

"Oi bebê, estamos te assistindo aqui do ginásio." - Samy avisa com uma selfie.

Lá estava o resto do time, Victoria, Aisha e os filhos. Mostro a foto para os rapazes e eles riem menos tensos, pra retribuir, Blake toma o meu telefone e também envia uma foto de nós.

Os quatro estamos de terno, mas cada um com um modelo. Confesso que a minha confiança cresceu ao vestir, parecia que eu realmente estava me transformando em alguém importante.

"Vai começar. Beijo, te amo." - Alerto digitando rápido.

"Seja o que Deus quiser, beijo. Também te amo." - Ela diz me fazendo suspirar e relaxar os ombros.

- Boa noite a todos que nos acompanham, sejam bem-vindos a cerimônia do Draft da NBA 2019. - O famoso apresentador inicia e as câmeras focam nele. - Aqui nós estamos na presença das maiores equipes do basquete e vamos assistir a escolha dos próximos astros do esporte.

Eu e Gabe nos entreolhamos e sorrimos compartilhando da mesma alegria.

O homem explica como funcionou o sorteio e como será feita a apresentação dos escolhidos, as minhas mãos soam e a chamada começa. Um jogador do Seneca foi o primeiro escolhido para a equipe do Kings e ele vai até o palco, as fotos são tiradas, ele assina o contrato e o rapaz coloca o boné do time.

- Bom pra ele. - Tyler murmura e recebe uma cara feia de Blake.

Outro nome é chamado e a mesma formalidade acontece, o apresentador sorri esperando o rapaz descer do palco e se encontrar com a repórter antes de chamar o próximo nome.

- A quinquagésima oitava escolha do Draft e a primeira para o Los Angeles Lakers, Tyler Cruz, da Universidade de Toronto. - Ele anuncia e nós olhamos para ele animados.

- Parabéns, cara. - Gabe diz com um aperto de mão.

- Boa, Cruz. - O treinador confessa com um abraço.

- Vai lá Ty, parabéns. - Digo com um aperto de mão.

Ele caminha de forma descolada até o palco nos fazendo rir, eu não consigo pensar em outra pessoa pra fazer isso, apenas ele. O mexicano coloca o boné da equipe e cumprimenta o apresentador, juntos eles encaram a câmera e no mesmo momento eu tiro uma foto orgulho.

"O Tyler !!!!! Manda os meus parabéns." - Samy pede e eu respondo com o registro.

Estava sendo divertido, nós começamos a tentar adivinhar os jogadores pelo time e algumas vezes nós acertamos.
Durante o primeiro intervalo foi possível ver uma movimentação na mesa dos Warriors e conversas agitadas. Depois do acontecido, uma voz comenta que Tyler havia sido trocado e eu me viro curioso.

- Ouviram isso? - Pergunto para os rapazes ao meu lado.

- Acontece, mano. - O ruivo explica.

- Leandrinho avisou que queriam vocês três, não importa quem entre no caminho. - Blake avisa comendo um salgado oferecido pelo garçom.

- Somos peças raras, meu irmão. - Gabe brinca.

E era o que parecia, entre todas as ligações do Lakers, Bulls, Cleveland e Pistons, o contato dos Warriors sempre foi o mais vantajoso e mostrava mais flexibilidade.
Sendo sincero, a melhor proposta sempre vinha deles e não tinha como negar a minha vontade de jogar lá.

- Bem-vindos de volta, vamos retomar o anúncio dos escolhidos do Draft NBA, 2019.- O apresentador diz e as luzes se acendem.

A espera começou a causar um certo tédio, depois que o nome de Gabe foi chamado pelos Warriors, o próximo conhecido demorou. Mesmo que fosse especial, a noite parecia não ter fim.

- A vigésima oitava escolha e a terceira para o Golden State Warriors, Juan Maria da Universidade de Toronto. - O homem anuncia me fazendo piscar assustado.

- Eu ? - Pergunto a Blake.

- É garoto, vai lá. - Incentiva me abraçando.

Ok, o tédio passou.
Quando eu menos esperava meu nome foi chamado e uma câmera começa a seguir os meus passos.

Eu troco um aperto de mão rápido com Leandrinho e sigo até o palco. Próximo a escada havia uma mesa com diversos bonés e sem esconder o sorriso, coloco o último que restou da equipe.

O apresentador murmura algo como "meus parabéns" durante o cumprimento e eu agradeço assinando o contrato oficial. Depois dali tudo foi muito rápido, eu lembrava apenas de poucas perguntas da entrevista, de autografar alguns bonés na saída e de posar para algumas fotos com o público.

Blake me encontra no "camarim" e parabeniza mais uma vez, ele parecia emocionado, não parava de sorrir e repetia sem parar que nós conseguimos.

- É cara, nós conseguimos. - Digo tirando meu boné e colocando nele. - Obrigado por acreditar tanto em mim.

- Era o que eu podia fazer. - Assume apertando os olhos. - Te ver aqui me deixa muito feliz, muito mesmo.

- Eu imagino que deve ter sido difícil pra você deixar isso pra trás. - Comento vendo seus olhos marejarem.

- Não foi difícil, eu deixei a liga pra viver em paz com a mulher da minha vida e os meus filhos, essa foi a minha melhor decisão. – Blake explica confiante. – Eu ainda trabalho com esporte, posso colocar garotos como você na NBA e não preciso esconder que sou cristão.

– Verdade, pensando assim você mais ganhou do que perdeu. – Brinco e ele ri mínimo.

- Trate de jogar bem e continuar me orgulhando, seu muleque. – Pede me puxando pra um abraço caloroso, daqueles que só um pai pode dar.

E por um segundo eu me sinto mesmo filho dele.