Oração ao tempo

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Oie~

Esse capítulo será dividido entre Amaury e Diego, também terá passagens de tempo, durante esse um ano...
Acontecerá de julho de um ano, até julho do outro, então fiquem atentos aos negritos no meio da leitura!
Beijos.

"Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Entro num acordo contigo
Tempo, tempo, tempo, tempo"
(Maria Gadu)

Julho/Diego~

"Seu cabelo parece maior." Eu revirei os olhos, Amaury fazendo drama como sempre... Ele havia ido embora fazia uma semana, nós nos falávamos todos os dias, mesmo os horários sendo uma merda, o fuso-horário lá eram duas horas a menos que aqui no Brasil, então de manhã quando Amaury acordava eu já estava na faculdade e de noite quando ele saia da faculdade eu já estava dormindo, mas a gente estava tentando, tipo hoje que eu tive uma folguinha da livraria e estava em casa.
"Você foi embora a uma semana, impossível o cumprimento do meu cabelo dar tanta diferença." Comentei, dobrando as roupas que estavam sobre a cama.
"Conheço essa camiseta..." Eu corei, percebendo tarde de mais a minha mancada...
"Claro que conhece... É sua." Murmurei, sabia que minhas bochechas estavam extremamente coradas, como uma criança que é pega comendo doce antes do jantar.
"Tá tudo bem amora... Eu também sinto sua falta." Ah, eu acreditava nisso, mas ele não havia ficado com todas as lembranças minhas para trás.
"Então... Posso jogar algumas roupas suas fora?" Tentei mudar de assunto, durante essas ligações eu sabia que era o único momento em que fingia que Amaury estava aqui, que podia ouvir sua voz e observar seu rosto bonito, como se a qualquer momento ele fosse entrar em casa, do contrário eu ficava apenas quieto, observando a porta e dedilhando o único solo que sei tocar no seu violão, era idiota e clichê de mais, ser a música amo noite e dia, do Jorge e Mateus.
"Você sabe que não." Ele disse, um sorriso em seus lábios. "Mas, pode pegar um cantinho do meu guarda roupa e trazer as coisas que mais usa... Achei que a Thati ficaria com meu quarto." Ele comentou, Thati finalmente viria para o apartamento comigo e eu estava tão feliz com isso, já que assim não me sentiria mais tão sozinho e a garota não me deixaria cair na melancolia, mas ela não quis o quarto do Amaury, disse que se sente mais confortável dormindo no meu e que sabia que eu preferiria ficar com o quarto dele, ela não estava errada, então não insisti.
"Ela não quis... Disse que se sente mais confortável no meu quarto." Falei, dando de ombros. "E como vai os ares nova-iorquinos?" Perguntei, ir pra Nova York deve ser incrível, mas descobrir ela através do olhar artístico do meu melhor amigo era esplêndido...

Agosto/ Amaury~

"Então ele disse que eu era um ótimo ator pra minha idade..." Comentei empolgado, as aulas estavam sendo cada vez melhores, nossos colegas de turma super receptivos, assim como os professores, tinha Cauã também, o aluno do quarto ano que veio comigo, tivemos uma conexão instantânea.
"Bom, ele não falou menos que a verdade..." O ruivo comentou, sorrindo enquanto levava a caneta aos lábios, mordendo a mesma distraidamente. Desviei os olhos da tela do celular, me lembrando do momento que tivemos a alguns meses e ainda sentindo mágoa, mágoa por Diego não se lembrar, mágoa por não ter tocado ele em lugares que eu achei ser possível alcançar, mágoa de mim mesmo, por vir para o outro lado do mundo praticamente fugido desse sentimento que eu jurei querer esquecer.
"No que está pensando?" Ele perguntou, os olhos atentos às minhas reações, suspirei, limpando da minha memória as imagens de um Diego vermelho e suado após o orgasmo.
"Nada... Acho que só estou com saudades de você, dos meus pais, de casa..." Ele concordou.
"Deve ser difícil não é? Estar a sete horas deles de carro já não é fácil, imagino você, tão longe..." Eu concordei, era difícil ficar longe de todos, mas principalmente dele, eu havia escolhido dividir tudo em minha vida com o menor, não tê-lo era uma das experiências mais doloridas que podia viver.
"Não pensei que fosse ser assim..." Comentei, no exato momento em que a porta do quarto se abriu, Gualandi passou por ela com uns livros em suas mãos, eu bufei, claro que os dois continuaram ficando, mesmo após o que houve entre nós, que Diego esqueceu no outro dia... Desliguei, antes que Diego pudesse me olhar de volta, ou dizer algo a respeito do rapaz em nossa casa.
Ele não se lembrava de nada, aquela noite virou uma fantasia que só eu carregaria em meu coração e se Diego estava vivendo sua vida, feliz com seus romances, eu precisava fazer o mesmo, disquei um número recém adicionado a minha lista de telefone.
"Amaury!" O sotaque espanhol, se fez presente.
"Oie..." Cumprimentei Martina, uma espanhola que havia feito amizade comigo e Cauã, ela havia nos chamado para uma festa estilo de fraternidade, que daria com sua amiga, Paola. "A festa tá em pé?" Perguntei a loira, tentando colocar um sorriso em meu rosto e fazer minha voz parecer, através da ligação, mais animada do que realmente estava...
Naquela noite tomei meu primeiro porre em Nova York e mesmo tendo beijado uma ou duas meninas, quando a bebida havia feito efeito o suficiente para eu esquecer tudo, acabei indo, pela primeira vez, pra cama com um ruivo.
No outro dia, ao acordar, só havia sobrado uma cama vazia, uma dor de cabeça e um café amargo... O arrependimento e culpa, mesmo não tendo feito em teoria, nada errado, vindo quando vi o comentário em um Story, onde eu beijava Scott.
<Que bom que NY é divertida.>
Encarei a foto de perfil do ruivo que me mandou mensagem, o ruivo que eu queria ontem a noite e joguei meu celular longe, fazia tão pouco tempo e eu sabia que enlouqueceria.

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